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Rajoy disponível para dialogar "dentro da lei" com futuro governo catalão

5,5 milhões de catalães foram a votos para tentar devolver a normalidade a uma região que viu a sua autonomia suspensa depois de o ex-presidente Puigdemont ter declarado a independência. A vitória foi do Cidadãos de Inés Arrimadas, mas a maioria no parlamento catalão manteve-se do lado dos independentistas.

21 de Dezembro de 2017 às 18:50
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A duas horas do fecho das urnas a taxa de participação está em níveis recorde
Os mais recentes dados sobre a afluências às urnas está a confirmar a previsão feita pela generalidade dos estudos de opinião que antecipava uma participação recorde nas eleições autonómicas catalãs deste dia 21 de Dezembro (21-D). As sondagens mais recentes apontavam para uma taxa de participação situada entre 80% e 82%, muito acima dos 75% registados nas eleições de Setembro de 2015. 

Os dados oficiais, publicados na página oficial da Generalitat (governo autonómico da Catalunha) às 18:00 locais (menos uma hora em Lisboa) mostram uma afluência recorde de 68,32% dos cerca de 5,5 milhões de eleitores catalães habilitados a votar. Bem acima dos 63,12% que se verificavam à mesma hora há dois anos.

Inverte-se assim a tendência que se registava às 13:00 em Barcelona, altura em que a taxa de participação se fixava abaixo se situava em 34,7%, um pouco abaixo dos 35,1% registados à mesma hora em 2015.
Chegou o dia das decisões
Depois do "choque de comboios" entre as autoridades da Catalunha e de Madrid, o eleitorado catalão regressa às urnas para eleger um novo parlamento que possa ser capaz de encontrar um novo governo. 

Após a declaração unilateral de independência (DUI) feita pelo presidente deposto da Generalitat, Carles Puigdemont, o chefe do governo espanhol, Mariano Rajoy, accionou pela primeira vez desde a transição democrática o mecanismo constitucional que permitiu a Madrid tomar as rédeas da Catalunha.

Porém, as sondagens mostram que os 5,5 milhões de eleitores catalães estão praticamente divididos ao meio, o que a confirmar-se redundará num parlamento igualado entre os blocos independentista e constitucionalista. Tendo em conta a previsível dificuldade para formar o próximo governo tendo em conta a polarização política e social na Catalunha, o cenário de repetição de eleições na primeira metade de 2018 permanece no horizonte.

Enquanto não são conhecidos os primeiros resultados, o Negócios deixa um conjunto de textos que podem ajudar a perceber o que está em causa nas eleições autonómicas catalãs.

Sondagens apontam para parlamento partido ao meio
O dia em que a Catalunha tenta sair do labirinto
O fenómeno independentista na Catalunha tem séculos de vida, porém intensificou nos últimos anos. Mais recentemente, a convocação de um referendo soberanista pelo governo regional levou Madrid a aplicar pela primeira vez na história o disposto constitucional que permitiu suspender a autonomia catalã. 

Pode ler o enquadramento no texto "O dia em que a Catalunha tenta sair do labirinto".

"O Podemos perde poder eleitoral, mas ganha poder de decisão"
As dúvidas em torno das eleições catalãs não deverão dissipar-se depois de apurados os votos. Para o politólogo Lapuente, apesar da previsível quebra eleitoral do Podemos, os resultados inconclusivos deverão reforçar a sua capacidade de influência.

Cidadãos vence mas independentistas mantêm maioria no parlamento

A projecção à boca das urnas divulgada pelo jornal catalão La Vanguardia dá a vitória ao Cidadãos nas eleições autonómicas que decorreram esta quinta-feira, 21 de Dezembro.

A mesma projecção aponta ainda para uma reedição da maioria absoluta das três forças independentistas em termos de assentos parlamentares. Ou seja, apesar da vitória do Cidadãos, ERC, Juntos pela Catalunha e CUP mantêm a maioria absoluta no parlamento catalão.

A confirmar-se tal resultado, uma vitória do Cidadãos de Inés Arrimadas será a primeira vitória de um partido não catalanista em 12 eleições regionais realizadas na Catalunha desde a transição democrática. Por outro lado, o bloco soberanista voltaria a ficar aquém da maioria absoluta dos votos mas manteria uma maioria parlamentar.

A sondagem à boca das urnas do La Vanguardia aponta ainda para uma taxa de participação recorde de 84% dos 5,5 milhões de eleitores com capacidade de voto. 


Intervalo de deputados atribuído a cada força pela sondagem à boca das urnas do La Vanguardia: 

Cidadãos: 34-37 

Esquerda Republicana da Catalunha: 34-36

Juntos pela Catalunha: 28-29

PSC: 18-20

Catalunha em Comum: 7-8

Candidatura de Unidade Popular: 5-6

PP: 3-5

Assim, o bloco independentista (ERC, Juntos pela Catalunha e CUP) garante entre 67 e 71 mandatos (a maioria absoluta é alcançada a partir de 68 assentos, inclusive). A projecção do La Vanguardia foi feita com base em 3.200 entrevistas telefónicas. 

Conheça os partidos e candidatos

Urnas encerradas
Estão encerradas as assembleias de voto na Catalunha. Encerraram às 20:00 locais (19:00 em Lisboa). Nesta altura, já estão a ser contabilizados os votos. 

Os dados oficiais conhecidos apontam para uma taxa de participação nunca vista na região. 
Projecção da TV3 também dá vitória ao Cidadãos e coloca soberanistas no limiar da maioria
A projecção divulgada pela estação televisiva catalã TV3 vai no mesmo sentido do estudo feito pelo La Vanguardia. O Cidadãos é a força mais votada mas o bloco independentista assegura a maioria dos mandatos no parlamento ou fica muito perto disso. 

As três forças soberanistas (ERC, Juntos pela Catalunha) conseguem entre 67 e 71 assentos parlamentares. 

Com 30% dos votos contados, Cidadãos ainda na frente
Numa altura em que estão contabilizados 30% dos votos, o Cidadãos segue na frente com uma ligeira vantagem percentual sobre o Juntos pela Catalunha do presidente deposto da Generalitat, Carles Puigdemont. 

Porém, ambas as forças surgem empatadas em termos de mandatos eleitos. Os partidos de Inés Arrimadas e de Puigdemont garantiram até ao momento 34 assentos. Segue-se a ERC com 32 mandatos. 

Forte participação eleitoral atrasa contagem dos votos
O escrutínio dos votos segue mais demorado do que à mesma hora das eleições de Setembro de 2015. Duas horas depois do encerramento das urnas, estão contabilizados apenas 30% dos votos. 

A perspectiva de uma participação eleitoral recorde, superior a 80%, deverá ser o motivo para a maior demora na contagem dos votos. 
Cidadãos na frente em votos e mandatos com 50% dos escrutínios contabilizados
Com 49,2% dos votos contabilizados, o Cidadãos de Inés Arrimadas segue na liderança tanto em número de mandatos como de votos. O partido "laranja" tem 25,29% dos votos e elege 35 deputados. 

Logo atrás surge o Juntos pela Catalunha de Carles Puigdemont com 22,21% e 34 mandatos. A ERC de Oriol Junqueras aproximou-se da frente tendo já 21,47% e 32 mandatos. Com 13,84% dos votos, os socialistas catalães (PSC) elegem 18 deputados. 

O Catalunha em Comum Podemos assegura 8 assentos parlamentares, seguido da CUP e do PP ambos com 4 mandatos.
Bloco soberanista mantém maioria parlamentar
Com 93,18% dos votos contabilizados, confirma-se que o bloco soberanista voltou a conseguir a maioria absoluta no parlamento, embora tenha voltado a ficar aquém da maioria absoluta dos votos. 

Nesta altura, a candidatura Juntos pela Catalunha de Puigdmeont elege 34 deputados e a ERC de Junqueras garante 32 mandatos. Já a CUP obtém 4 assentos. Tudo somado, o campo soberanista tem 70 deputados, menos dois do que nas eleições de Setembro de 2015 mas acima do mínimo de 68 mandatos que permite obter uma maioria parlamentar. 

O Cidadãos vence as eleições e elege 36 deputados. 


PP fala em "mau resultado" para a Catalunha

Pela voz do líder do partido na Catalunha, Xavier García Albiol, o PP fez questão de felicitar o Cidadãos pela "vitória nestas eleições". De seguida, Albiol sustentou que estas eleições redundaram num "mau resultado, muito mau resultado" para o "futuro da Catalunha".

A provável maioria absoluta parlamentar do bloco independentista é motivo para "muita preocupação" quanto ao "futuro económico e social" da região. Mesmo sinalizando que o campo soberanista deverá ter menos votos e menor apoio no parlamento do que depois das eleições de 2015, o líder do PP na Catalunha sustenta que mesmo assim os "resultados não nos deixam satisfeitos". 

Para Albiol os partidos do arco constitucional falharam ao não conseguirem "somar uma maioria alternativa" à independentista. Deixou ainda um recado ao Cidadãos e à respectiva líder catalã, Inés Arrimadas, dizendo que alguns poderão esta noite mostrar "alegria durante cinco minutos", porém logo depois se perceberá que no fundo manteve-se tudo na mesma. 

 

Socialistas catalães pedem diálogo entre independentistas e Rajoy
Miquel Iceta, líder dos socialistas catalães, frisou a "melhoria" dos resultados conseguidos pelo PSC e o "retrocesso" em votos e mandatos do bloco independentista relativamente às eleições de 2015. Iceta destacou depois que uma vez mais o bloco soberanista não conseguiu obter uma maioria absoluta dos votos. 

O socialista defendeu depois que para o PSC a solução para a Catalunha não passa nem pelo independentismo nem pelo "imobilismo" do primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy. 

Como tal, Iceta insistiu na necessidade de uma reforma do modelo territorial, uma alusão à proposta do PSOE que defende uma alteração constitucional federalizante. Iceta sublinhou que é preciso reforçar "o autogoverno da Catalunha".

Comum Podemos exclui governar e fica na opoisção
Xavier Domènech, cabeça de lista da coligação eleitoral Catalunha Em Comum Podemos (CatComú-Podem), começou a sua intervenção ressalvando desde já que os resultados mostram que os eleitores querem que esta candidatura fique "claramente na oposição". 

Ao lado de Alda Colau, presidente da câmara de Barcelona, Domènech admitiu que os resultados conseguidos "não foram os resultados que queríamos" e obrigam a uma "reflexão" por parte das forças de esquerda e progressitas que foram incapazes de num país de "esquerdas e progressitas" impedir uma vitória das direitas.

Arrimadas: "Pela primeira vez ganhou um partido constitucionalista"
Arrimadas: 'Pela primeira vez ganhou um partido constitucionalista'
Inés Arrimadas começou por destacar um dos factos principais destas eleições autonómicas: "Pela primeira vez na Catalunha ganhou um partido constitucionalista". Nunca em 12 eleições regionais catalãs tinha vencido uma força não-independentistas. 

A líder do Cidadãos catalão lembrou que "apostamos como sempre na união de todos os catalães", a favor da "convivência" e de "uma Catalunha para todos os catalães".

Arrimadas frisou que o Cidadãos é a "primeira força política na Catalunha" e destacou que existe uma "maioria social a favor da união com o resto dos espanhóis".

Ainda falava a vencedora destas eleições autonómicas quando foi confirmado que o Cidadãos tinha conquistado mais um mandato, tinha subido de 36 para 37 assentos. Foi um momento de reacendimento da festa com gritos de "37, 37, 37". 

Inés Arrimadas declarou depois que o processo de ruptura encetado pelas forças independentistas "não representa um futuro para todos os catalães". Para Arrimadas, a vitória do Cidadãos é a "vitória do constitucionalismo, da união, da solidariedade e de um projecto para todos os catalães".

No final foi a vez de o presidente do partido, Albert Rivera, garantir que o Cidadãos vai "defender um projecto para toda a Espanha". "Espanha tem de derrotar o nacionalismo nas urnas como nós agora fizemos".

Puigdemont: "A República catalã venceu a monarquia do 155"
Puigdemont: 'A República catalã venceu a monarquia do 155'
Em Bruxelas, Carles Puigdemont afirmou que os resultados desta noite eleitoral garantem a "legitimidade e a continuidade histórica" do independentismo catalão. 

"A República catalã venceu a monarquia do 155", atirou de seguida o presidente destituído da Generalitat, retirado do poder depois de ter sido pela primeira vez accionado o mecanismo constitucional que permitiu a Madrid assumir o autogoverno da Catalunha.

"Entendam bem, tomem nota",atirouCarlesPuigdemont que falava claramente para o governo espanhol sobre a necessidade de aceitarem a relegitimação nas urnasdosoberanismo catalão. "Rajoy e osseusalidos perderam. Perderam o plebiscito que organizaram para legitimar o 155", acrescentou.


Puigdemont destacou ainda o facto de as forças independentistas mais moderadas (Juntos pela Catalunha e ERC) terem passado a somar 66 mandatos, mais um do que as quatro forças do arco constitucional, o que no entender do ex-presidente da Generalitat legitima ainda mais as pretensões soberanistas destes partidos.

Minutos antes, em Barcelona, elementos da candidatura Juntos pela Catalunha (que integra independentes e o PDCat de Puigdemont) defendiam que a "vitória do independentismo é a vitória de todos". "Hoje é a vitória de todos, da ERC e da CUP", disse uma das candidatas do Juntos pela Catalunha numa clara tentativa de garantir a unidade do bloco soberanista. 

Pelo meio, ouvia-se "Puigdemont presidente". Resta saber se e quando poderá regressar o ex-presidente catalão à Catalunha. 

Resultados com 99,82% dos votos contados

Com 99,82% dos votos contabilizados os resultados são os seguintes:

Cidadãos: 25,36% (37 deputados)

Juntos pela Catalunha: 21,66% (34)

ERC: 21,39% (32)

PSC: 13,87% (17)

Catalunha Em Comum Podemos: 7,45% (8)

CUP: 4,45% (4)

PP: 4,24% (3)

Participação eleitoral: 82%

Vencedores e vencidos destas eleições
É comum em noites eleitorais ouvir, ganhadores e perdedores, verem os respectivos resultados sempre pelo lado positivo, parecendo que nunca ninguém perde eleições. Porém, além da aritmética simples, há muitos vencedores nas eleições autonómicas catalãs deste dia 21 de Dezembro (21-D). Estas são as principais conclusões a retirar da jornada eleitoral:

- O Cidadãos e Inés Arrimadas são os grandes vencedores. Pela primeira vez em 12 eleições autonómicas, a força vencedora não é catalanista. Facto tanto mais relevante tendo em conta que o Cidadãos é um partido de direita e a Catalunha é uma região maioritariamente de esquerda;

- O bloco independentista é também um dos vencedores da noite eleitoral. Apesar de perder dois mandatos face às eleições de 2015 (cai de 72 para 70 deputados), o conjunto de três partidos soberanistas (Juntos pela Catalunha, ERC e CUP) mantém a maioria absoluta no parlamento catalão. Além disso, Juntos pela Catalunha e ERC (que em 2015 compunham a aliança Juntos pelo Sim) passaram a valer 66 deputados, mais quatro do que os eleitos há dois anos e mais um do que o conjunto das forças unionistas (Cidadãos, PSC, Comum Podemos e PP). Seja como for, o apoio dos 4 deputados da CUP continua a ser determinante para assegurar uma maioria absoluta no parlamento, sendo que a força de extrema-esquerda só admite viabilizar um governo que se mantenha fiel à via unilateral de confronto com Madrid; 

- Puigdemont é um claro vencedor. Ao contrário de todas as sondagens Puigdemont ficou à frente da ERC do seu ex-vice-presidente da Generalitat, Oriol Junqueras. Carles Puigdemont reforçou nas urnas a legitimidade para aspirar a ser investido presidente do governo catalão, isto se regressar à Catalunha; 

-  Com 8 mandatos, a coligação eleitoral Catalunha Em Comum Podemos ficou atrás do resultado conseguido pela aliança forjada em 2015 pelo Podemos (11). Apesar de ter feito uma coligação mais abrangente, incluindo o movimento da edil de Barcelona, Alda Colau, o Comum Podemos não conseguiu ser o fiel da balança entre independentistas e soberanistas a que se propunha. Foi sintomática a mensagem de Xavier Domènech, que disse que o lugar do Comum Podemos seria na oposição; 

- Mariano Rajoy e o seu PP são os grandes derrotados. O PP catalão sofreu a maior derrota eleitoral de sempre. Os conservadores caem de 11 deputados para apenas 3. Mas pior ainda é que o primeiro-ministro espanhol arrisca-se ver novamente na Catalunha um governo separatista. Depois de suspender a autonomia catalã, destituir o governo de Puigdemont e convocar eleições antecipadas, Rajoy esperava conseguir devolver a normalidade à região com uma vitória das forças defensoras da ordem constitucional. Não foi isso que sucedeu e Rajoy terá de mostrar maior disponibilidade e capacidade negocial para evitar um novo "choque de comboios";

- Mobilização eleitoral. Confrontado com a mais severa crise política da história recente catalã e após Madrid ter, pela primeira vez, recorrido ao normativo constitucional que permite a suspensão da autonomia de uma região, o eleitorado catalão mobilizou-se e a taxa de afluência atingiu a cifra de 82% dos 5,5 milhões de eleitores, a mais alta de sempre em eleições autonómicas na região. A população não ficou indiferente ao momento, pese embora não se tenha pronunciado de forma muito distinta do que havia feito nas eleições de Setembro de 2015.
Bolsa espanhola desvaloriza
Os resultados das eleições ditaram uma abertura no vermelho na bolsa espanhola, com o IBEX a ceder 1,4%, liderando as quedas na Europa. O sector financeiro está a ser o mais penalizado, com as acções do CaixaBank e do Sabadell a desvalorizarem mais de 3%.

No mercado de dívida soberana também é notório o aumento da percepção de risco, com a "yield" das obrigações a 10 anos a avançar 6 pontos base para 1,53%, o valor mais elevado do último mês.

Mariano Rajoy fala às 13:00

O primeiro-ministro de Espanha, Mariano Rajoy, vai discursar esta sexta-feira, às 13:00 de Lisboa (14:00em Espanha). Serão as primeiras palavras públicas do chefe do Governo depois das eleições na Catalunha que deixaram o bloco independentista com maioria absoluta no parlamento regional. 

Alemanha apela à reconciliação e ao respeito pela constituição

A Alemanha apela à reconciliação e ao respeito pela constituição em Espanha, depois de as eleições na Catalunha terem dado maioria absoluta aos independentistas, um resultado que deverá prolongar as tensões políticas.

 

"Esperamos que a actual divisão da sociedade catalã possa ser superada e que se possa encontrar um futuro comum com todas as forças políticas em Espanha", disse a porta-voz do governo, Ulrike Demmer, numa conferência de imprensa, citada pela Reuters.

 

A responsável acrescentou que qualquer governo "terá de agir com base no Estado de direito e na constituição". 

Puigdemont quer reunir-se com Rajoy fora de Espanha
Puigdemont quer reunir-se com Rajoy fora de Espanha
O ex-presidente da Generalitat e cabeça-de-lista da candidatura Juntos pela Catalunha propôs esta manhã, a partir de Bruxelas, a realização de um encontro com o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy.

Puigdemont tem uma condição, a reunião tem de acontecer fora do território espanhol, uma garantia que o político independentista exige de forma a não ser detido, isto porque sobre ele pende uma ordem de detenção pelos crimes de rebelião, sedição e desvio de fundos públicos. O encontro pode acontecer na capital belga ou "onde quer que seja".

Depois da maioria parlamentar independentista saída das eleições de 21-D, Puigdemont diz ser chegado o tempo para uma negociação, sem condições prévias, sobre o futuro da Catalunha, isto porque o rumo escolhido por Madrid "fracassou". 

"É a hora da política", defende Puigdemont que pretende uma solução política e não judicial para o confronto entre a Generalitat e Madrid. "Ganhámos o direito a ser ouvidos", sustentou sublinhando a legitimação nas urnas das pretensões soberanistas.

"Temos o direito a restituir aquilo que o governo espanhol alterou abruptamente", prosseguiu pedindo garantias das autoridades (políticas e judiciárias) espanholas para que possa ser investido presidente da Generalitat e formar governo.



Líder do PP catalão recusa demitir-se
Apesar da debacle do PP catalão nas eleições autonómicas desta quina-feira, e mesmo considerando que seria o caminho mais "fácil", Xavier García Albiol rejeita demitir-se. Para Albiol, os conservadores devem fazer "autocrítica" e "corrigir os erros" cometidos que fizeram com que o partido tenha eleito apenas 3 deputados para o parlamento regional.

Albiol responsabiliza o Cidadãos pelo mau resultado do PP: "Hoje os resultados seriam diferentes se não tivesse havido tal empenho por parte do Cidadãos e companhia para afundar o PP e ganhar em vez de somar", escreveu na rede social Twitter.

O presidente dos populares catalães lamentou assim a falta de unidade do bloco constitucionalista, por um lado, e da direita unionista, por outro. Nestas eleições catalãs assistiu-se a uma inversão de papéis do PP e do Cidadãos relativamente às eleições gerais de 2015. Na Catalunha foi o Cidadãos a apelar ao voto útil e não o contrário.

PP já está reunido para analisar resultados
O Comité Executivo Nacional do PP já está reunido em Madrid para analisar os resultados da última noite eleitoral. Só depois o presidente do partido e primeiro-ministro, Mariano Rajoy, fará uma comunicação ao país. 

Puigdemont reitera que Juntos pela Catalunha e ERC podem governar

Repetindo uma ideia já sinalizada na última noite, na conferência desta manhã em Bruxelas Carles Puigdemont notou que Juntos pela Catalunha e ERC podem governar "com tranquilidade", mesmo sem a CUP.

Puigdemont ressalva que não deixará de procurar apoio no parlamento, desde logo da esquerda radical independentista, porém recorda que agora e "pela primeira vez", o Juntos pelo Sim (direita) e a ERC (esquerda) somam mais mandatos do que todo o bloco unionista.

Foi esta a resposta do ex-presidente da Generalitat a um jornalista que perguntara a Puigdemont sobre se o apelo feito a Rajoy para abrir caminho ao diálogo significa que está a renunciar à via unilateral de confronto com Madrid exigida pela CUP, uma condição imposta pelo partido de extrema-esquerda para apoiar uma aliança de governo entre o Juntos pela Catalunha e ERC.

No entanto, Puigdemont sublinha que a sua "vontade" passa por estabelecer acordos com todas as forças que favoráveis à desactivação do artigo 155 da Constituição.

Rajoy aceita dialogar com Generalitat desde que a lei seja respeitada
O primeiro-ministro espanhol anunciou na Moncloa que "o Governo da Espanha quer oferecer toda a vontade de diálogo construtivo e realista, sempre dentro da lei". Depois do encontro com o PP para analisar os resultados das eleições catalãs, Mariano Rajoy acrescentou que "sem respeito pela lei" não é possível "gerar segurança" para o futuro da Catalunha. 

O líder do PP disse depois esperar que seja formado um governo na Catalunha "que abandone as decisões unilaterais e não se coloque acima da lei". "Não aceitarei que se passe por cima da Constituição nem do Estatuto da Catalunha", avisou Rajoy. 

Numa altura em que é ainda incerto se destas eleições resultará um governo, com as dúvidas a começarem logo com não se saber sePuigdemont poderá ou não regressar à Catalunha para uma eventual sessão de investidura como presidente daGeneralitat,Rajoy admitiu que as "eleições pressupõem um novo começo na democracia, uma oportunidade de abrir uma nova etapa" desde que esta seja "baseada no diálogo e não na confrontação", na "pluralidade e não no unilateralismo". 

Rajoy mostrou-se assim disposto a negociar sempre e quando na Generalitat esteja um governo submetido "ao impérido da lei".
Rajoy diz que tem de sentar com Arrimadas e não com Puigdemont
Confrontado com o convite ao diálogo, fora da Espanha, feito por Puigdemont e questionado sobre se vê no ex-presidente da Generalitat um interlocutor válido e se está disponível para se sentar com ele à mesa de negociações, Rajoy respondeu que "com quem tenho de me sentar é com a senhor [Inés] Arrimadas, que foi quem venceu as eleições". 

Pouco depois, perante a repetição da pergunta, agora feita por outro jornalista, Rajoy assumiu que "terei de falar com aquela pessoa que exerça efectivamente a presidência da Generalitat da Catalunha". 

As dúvidas são muitas e as perguntas sucederam-se na conferência de imprensa. Rajoy foi depois questionado sobre se poderá Puigdemont regressar a Barcelona para uma possível sessão de investidura e respondeu dizendo que a situação dos ex-governantes detidos ou exilados que ontem foram eleitos deputados "não depende da votação de ontem, depende das decisões que adopte em cada caso a Justiça espanhola". 

Rajoy deixa assim nas mãos dos tribunais uma decisão sobre possíveis indultos aos independentistas acusados de crimes como sedição e rebelião. "Em Espanha há divisão de poderes", concluiu. 


Primeiro-ministro reconhece mau resultado mas sublinha queda independentista
O chefe do governo espanhol destacou a normalidade em que decorreu o acto eleitoral de ontem e a "ampla participação" que considerou ser um "reflexo da resposta dos cidadãos da Catalunha perante a situação política existente" na região. 

Já depois de ter felicitado o Cidadãos e Inés Arrimadas por terem vencido em "votos e mandatos" as eleições, Rajoy reconheceu como "negativo" o facto que as forças unionistas não superado a votação conseguida pelo bloco independentista. 

Todavia, o também presidente do PP frisou que nas últimas quatro eleições regionais o campo independentista tem vindo a perder apoio, designadamente através da progressiva redução de assentos parlamentares. 

Para Rajoy, estes resultados significam que "ninguém pode falar em nome da Catalunha se não contemplar toda a Catalunha". "A Catalunha não é monolítica, é plural e todos devemos cultivar essa pluralidade como uma virtude", declarou.  
 

O primeiro-ministro defendeu ainda que o artigo 155 da Constituição, através do qual Madrid suspendeu o autogoverno da Catalunha, não deverá permanecer por muito mais tempo em vigor porque "a excepcionalidade em democracia deve ser muito curta". 

MNE espera "diálogo responsável e democrático" na Catalunha
Em comunicado divulgado ao início da tarde desta sexta-feira, 22 de Dezembro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros português "saúda a expressiva participação popular e o elevado grau de civismo com que decorreram as eleições autonómicas na Catalunha".

Acrescenta que tendo em conta "a complexidade da situação e dos resultados, o empenho num diálogo responsável e democrático será essencial para encontrar soluções de governação para a Catalunha, preservando a soberania de Espanha e assegurando plenamente os direitos e liberdades da sua cidadania".


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