Notícia
Acordo entre May e unionistas gera apreensão na Irlanda do Norte
A BBC avança que o acordo entre os conservadores e o partido unionista deverá ser fechado esta quarta-feira. Ex-primeiro-ministro e deputado do Sinn Féin alertam para o efeito disruptivo que este pode ter no processo de paz.
As negociações "estão a correr bem" e deverá haver um acordo "mais cedo do que tarde", disse Arlene Foster, a líder do DUP, o partido unionista irlandês com quem Theresa May conta para garantir a maioria de assentos no Parlamento que lhe fugiram nas eleições da semana passada.
A BBC avança mesmo que esse acordo poderá ser selado já esta quarta-feira.
Porém, o optimismo que rodeia as negociações ganha contornos mais negros quando o tema é o impacto que um eventual acordo pode vir a ter na tumultuosa Irlanda do Norte.
O Democratic Unionist Party é o principal partido da Irlanda do Norte e representa sobretudo os protestantes que há décadas mantêm um braço de ferro com os católicos liderados pelo Sinn Féin, que defendem a união com a Irlanda. A existência de um acordo do governo britânico com um destes dois partidos arrisca-se a comprometer o equilíbrio precário obtido nos últimos anos e que tornaram possível o regresso da paz àquele território.
John Major, que liderou o governo britânico entre 1990 e 197, disse à BBC Radio 4 que um eventual acordo levanta o risco de o Governo deixar de ser considerado um "intermediário honesto e imparcial" no cumprimento dos acordos de partilha do poder e manutenção das instituições na Irlanda do Norte. A paz na Irlanda do Norte "não deve ser considerada como adquirida", disse Major, "e nada deve ser feito para "acentuar as diferenças" entre as comunidades unionistas e as nacionalistas.
Do lado do Sinn Féin, as preocupações também são grandes. "As pessoas estão preocupadas com o que podes significar este acordo e sobre as promessas que podem ser feitas" por May, disse Michelle Gildernew, deputada deste partido, citada pela Reuters.