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Governo quer avançar com negociações sobre lei laboral. Patrões já têm propostas
Patrões querem recuperar banco de horas individual, mexer nos contratos intermitentes, rever regime das baixas automáticas e alterar condições de aceitação obrigatória de emprego por parte dos desempregados. Governo diz que todas as matérias podem estar em cima da mesa e não fecha a porta a um ajustamento em alta da meta do salário mínimo para o próximo ano.
A reunião de concertação social foi para avaliar o cumprimento dos acordos em vigor mas o Governo e os parceiros sociais já estão a pensar nos próximos passos. Em declarações aos jornalistas, a ministra do Trabalho, Rosário Palma Ramalho, assumiu que aceita avançar já com a negociação de medidas ligadas à legislação laboral, no âmbito da revisão do acordo de rendimentos, e as confederações patronais já têm uma lista.
Questionada, a ministra não hesitou em responder afirmativamente sobre a revisão da legislação laboral na negociação do próximo acordo de rendimentos, que fica geralmente fechada em outubro.
"Com certeza que pode integrar as negociações do acordo de rendimentos", nas matérias "que os parceiros sociais e o Governo acharem que são adequadas", disse.
Quanto aos assuntos concretos em negociação, a ministra afirmou que o compromisso que tem com os parceiros sociais prevalece sobre o "dever de informar". "Todas as matérias podem vir a estar em cima da mesa".
As confederações patronais têm no entanto algumas ideias claras. Para a Confederação do Comércio e Serviços, é preciso repor o banco de horas por negociação individual, rever as baixas automáticas de até três dias que podem ser ativadas pelos próprios trabalhadores, ou alterar o conceito de emprego conveniente, aproveitando a abertura manifestada pelo Executivo.
São necessários "critérios mais eficazes em termos do que se considera o emprego conveniente e que permite a recusa sistemática [de emprego] dos envolvidos", sustentou o presidente da CCP João Vieira Lopes.
A Confederação do Turismo (CTP) quer mexer nos contratos intermitentes e a Confederação Empresarial (CIP) diz que, embora tenha propostas, as reserva para a reunião do grupo de trabalho marcada para dia 10 de julho.
Antes de avançar para a negociação de novas medidas, os patrões querem garantir que os apoios que constavam do acordo já assinado com o anterior governo são cumpridas, com o novo Executivo a garantir que assim será.
A nova equipa do Ministério do Trabalho terá identificado cerca de três dezenas de medidas por cumprir. Os incentivos ao abate de automóveis, a concretização do plano de competividade do comércio e um apoio de 25 milhões à promoção do turismo foram algumas das medidas não executadas identificadas pela CCP e pela CTP.
Governo não fecha a porta a aumento maior no salário mínimo
A questão é vista com maior cautela pela UGT, que insiste na possibilidade de eventualmente se ir além nas metas do salário mínimo, que prevêem uma subida para 855 euros em janeiro. Em entrevista ao Negócios e à Antena 1, Mário Mourão tinha já defendido que pode subir para 890 euros.
"O Governo tem um programa de atualização do salário mínimo para a legislatura, naturalmente para chegarmos a essa meta poderá haver avanços intermédios", respondeu a ministra.
Mas acima do que está no acordo? "De acordo com o programa do Governo", disse, considerando ser "prematuro" ser concreto sobre esta matéria.
Notícia atualizada às 14:56 com mais informação.