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ACT fez 861 participações ao Ministério Público sobre estafetas das plataformas digitais

Uma das principais ações inspetivas da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) prendeu-se, no ano passado, com a fiscalização do trabalho nas plataformas digitais. As mais de mil notificações deram origem a 861 participações ao Ministério Público que identificam estafetas ou motoristas como falsos prestadores de serviços.

Reconhecimento de um contrato de trabalho para os trabalhadores das plataformas digitais está em discussão em toda a Europa.
Miguel Baltazar
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O conjunto de inspeções da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) em quase seis centenas de locais, no ano passado, identificou 2.609 prestadores de serviços nas plataformas digitais e resultou em 861 participações ao Ministério Público sobre estafetas ou motoristas que a inspeção do trabalho considera que são "falsos recibos verdes" e que devem por isso ser integrados nos quadros.

Os dados foram avançados pela Inspetora-Geral do Trabalho, Maria Fernanda Campos, num balanço sobre a atividade da ACT apresentado esta quinta-feira, em Lisboa.

As inspeções estão previstas nas alterações ao Código do Trabalho que entraram em vigor em maio, e que também criam novas regras para que os tribunais possam determinar quando é que a um prestador de serviços de plataformas digitais (como a Bolt, a Glovo ou a Uber) deve ser reconhecido um contrato de trabalho dependente, com direitos como salário mínimo, férias, ou os que decorrem desse vínculo no âmbito da Segurança Social.

Tal como o Negócios já tinha avançado, as mil notificações (1.113) que resultaram deste conjunto de inspeções abrangem 16 plataformas digitais, que na altura a ACT disse que não se tratavam de intermediários.

"Não só as mais conhecidas mas muitas outras que vão explorando o negócio", precisou esta tarde a inspetora-geral do Trabalho, Maria Fernanda Campos.

Do total de 2,6 mil "alegados prestadores de serviço" identificados resultaram então as mil notificações e as 861 participações ao Ministério Público, que desencadeia a ação especial de reconhecimento do contrato de trabalho.

Tribunais ainda não decidiram

Alguns destes processos já seguiram para tribunal, mas as plataformas digitais têm contestado e a ACT não tem conhecimento de alguma sentença.

"As ações estão a ser postas, o prazo está a correr, que eu tenha conhecimento ainda não há nenhuma sentença", disse Maria Fernanda Campos, em resposta ao Negócios.

"Não houve nenhuma regularização voluntária", afirmou a inspetora-geral.

Notícia atualizada pelas 17:33 com mais informação
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