Notícia
Teletrabalho já não é obrigatório mas grandes empresas mantêm parte dos funcionários em casa
Quase 90% das grandes empresas mantiveram trabalhadores em casa apesar de o teletrabalho ter deixado de ser obrigatório.
Cerca de metade das empresas portuguesas continua a recorrer ao teletrabalho e a horários desfasados dos trabalhadores, um sinal de que os efeitos da pandemia nos métodos de trabalho vieram mesmo para ficar, apesar deste regime ter deixado de ser obrigatório a partir do início deste mês.
De acordo com "Inquérito Rápido e Excecional às Empresas", realizado pelo INE e Banco de Portugal, na primeira quinzena de junho 47% das empresas que responderam aos inquéritos das entidades tinha pessoas em teletrabalho.
Apesar de a percentagem ter descido face à última quinzena de maio (53%), esta evolução mostra que cerca de metade das empresas continua a optar pelo teletrabalho apesar do desconfinamento progressivo da economia portuguesa que deixou de considerar o teletrabalho obrigatório precisamente a partir de 1 de junho (excepto para pais com filhos com menos de 12 anos). 10% das empresas tinha mesmo mais de 75% dos trabalhadores em casa.
O recurso a este regime de trabalho à distância continua a ser adotado sobretudo pelas grandes empresas, com 87% das companhias de grandes dimensões a manter parte do pessoal em casa a trabalhar. Nas micro empresas a percentagem baixa para 21%.
O inquérito do INE e Banco de Portugal mostra ainda que 44% das empresas reportaram a existência de pessoal a trabalhar com presença alternada nas instalações da empresa devido à pandemia, o que traduz uma descida de apenas 2 pontos percentuais face à quinzena anterior. Nas grandes empresas este método é utilizado por 76% das companhias.
A percentagem de empresas que referiram pessoas em teletrabalho foi mais elevada na Informação e comunicação (75%) e mais reduzida no Alojamento e restauração (29%).
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O inquérito do INE e Banco de Portugal mostra ainda uma melhoria gradual nas respostas das empresas sobre o impacto da pandemia.
Em baixo está o resumo do INE aos resultados dos inquéritos:
Os resultados do inquérito apontam para uma melhoria da situação das empresas na primeira quinzena de junho. A percentagem de empresas em funcionamento aumentou de 92% na 2ª quinzena de maio para 95% na 1ª quinzena de junho, salientando-se o setor do Alojamento e restauração, onde a percentagem aumentou de 59% para 77%.
Face à situação que seria expectável sem pandemia, 68% das empresas reportaram um impacto negativo no volume de negócios (compara com 73% na quinzena anterior). O Alojamento e restauração e os Transportes e armazenagem foram os setores onde mais empresas reportaram reduções no volume de negócios (88% e 77%, respetivamente).
24% das empresas referiram que o seu volume de negócios deverá demorar mais do que 6 meses a regressar ao nível normal e 4% consideram que o seu volume de negócios não deverá voltar a esse nível. O setor do Alojamento e restauração destaca-se pela maior percentagem de empresas em ambas as situações (38% e 11%, respetivamente).
Comparativamente com a quinzena anterior, 38% das empresas referiram uma estabilização do volume de negócios, sendo que, entre as restantes, a percentagem que assinala aumentos foi superior à proporção que assinala reduções (35% e 28%, respetivamente). Ao nível setorial, a percentagem de empresas a referir um aumento excedeu a percentagem de empresas a referir uma redução do volume de negócios no Alojamento e restauração, Comércio e Transportes e armazenagem.
Na 1ª quinzena de junho, 39% das empresas assinalaram uma redução do pessoal ao serviço efetivamente a trabalhar face à situação que seria expectável sem pandemia (45% na quinzena anterior). As empresas do Alojamento e restauração também se destacam neste caso, com 67% a referirem um impacto negativo no pessoal ao serviço (ainda assim -6 p.p. do que na quinzena anterior).
Em comparação com a 2ª quinzena de maio, a maioria das empresas não reportou alteração no número de pessoas ao serviço (68%). O Alojamento e restauração foi o setor que registou a maior percentagem de empresas com aumento no pessoal ao serviço face à quinzena anterior (40%), na maioria dos casos devido à redução do número de pessoas em layoff.
47% das empresas respondentes tinham pessoas em teletrabalho na primeira quinzena de junho (-6 p.p. face à quinzena anterior) e mais de 55% das empresas não preveem o recurso às medidas de apoio do Governo excluindo o layoff simplificado.
Mais de 75% das empresas considera pouco ou nada provável a alteração de forma permanente da sua atividade devido à pandemia COVID-19. As alterações referidas como muito prováveis pelas empresas são o reforço do investimento em tecnologias de informação (25% das empresas), o aumento do recurso ao teletrabalho (17% das empresas) e o redireccionamento dos mercados alvo (16% das empresas).