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Salários: Mulheres trabalham gratuitamente quase duas horas por dia
A diferença salarial entre homens e mulheres atingiu os valores mais baixos desde que há registo em Inglaterra. No entanto, a diferença continua tão elevada que as mulheres trabalham gratuitamente quase 60 dias por ano.
As mulheres que trabalham em cargos administrativos e de gestão recebem menos cerca de 22% do que os homens no desempenho de iguais funções. Os números são o resultado de um inquérito executado pela Chartered Management Institute e pela agência XPertHR a mais de 72 mil administradores em empresas públicas e privadas no Reino Unido, cita o jornal Guardian.
Enquanto as administradoras ganham em média 30.612 libras por ano, os administradores conseguem 39.136 libras. Contas feitas, a diferença entre o salário masculino e o salário feminino representa em média cerca de 1 hora e 40 minutos de trabalho gratuito por dia, o que totaliza 57 dias de trabalho gratuito por ano.
Embora o fosso salarial entre géneros tenha diminuído 23% no último ano, os investigadores sublinharam que este é um combate que tem vindo a ser travado desde a introdução da lei de igualdade salarial entre géneros em 1970, e que ainda resiste.
Nas palavras de Mark Crail, um dos directores da agência XPertHR, "uma geração inteira já trabalhou até à idade da reforma, desde que a lei foi introduzida, e ainda assim a diferença salarial persiste".
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, prometeu terminar com a diferença salarial na próxima geração e por isso o Governo irá introduzir no próximo ano novas regras que forcem as empresas com mais de 250 trabalhadores a divulgar as diferenças salariais.
Ann Francke, directora-executiva da Chartered Management Institute acredita que esta transparência será um forte impulso. "Dados mais transparentes sobre os empregados irá melhorar o recrutamento e revigorar a concentração na cultura empresarial, ajudando a desbloquear a conduta de talento e a incentivar mais mulheres a tornarem-se gestoras e líderes", diz a directora-executiva.
Em 2013, o fosso salarial era de 10%. No último ano caiu para 9,4%, de acordo com o instituto nacional de estatística. No entanto, os investigadores argumentam que esta redução se deve ao corte salarial nos trabalhadores do sexo masculino e não ao aumento dos salários das trabalhadoras.
Paralelamente, as duas organizações responsáveis pelo estudo mostram como o fosso acontece no topo das empresas e organizações, onde os homens têm mais oportunidades de receber uma promoção para cargos superiores, mesmo quando existem mais mulheres a entrar nas empresas. Os números falam por si: apesar de 67% dos trabalhadores em administração e gestão serem mulheres, apenas 43% conseguem chegar a posições de gestoras de topo e apenas 29% conseguem chegar a cargos de direcção.
Ainda assim, mesmo as que conseguem chegar aos cargos mais elevados continuam a não conseguir um salário a par dos seus colegas de sexo masculino.
Actualmente, as mulheres ocupam 23,5% da lista da FTSE 100, uma lista de 100 empresas cotadas na bolsa de Londres, quase o dobro do número em 2011. Ainda assim, os lugares executivos ocupados pelas mesmas não ultrapassam sequer 10%, ficando-se pelos 8,6%.