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Rio e as queixas dos patrões de falta de mão-de-obra: “As pessoas deixam-se estar e não querem trabalhar”
"O que ouço há bastante tempo é as pessoas dizerem que precisam de empregados e não têm, e não tem porquê? Porque não há? Não, porque as pessoas estão com o rendimento mínimo ou subsídio de desemprego e deixam-se estar e não querem trabalhar", afirmou o líder do PSD.
O presidente do PSD admitiu este sábado, 18 de setembro, que o aumento do preço da energia pode "desacelerar" a retoma económica, mas alertou sobretudo para queixas que tem ouvido de empresários sobre "abusos" nos apoios sociais que dificultam a contratação de trabalhadores.
Em declarações aos jornalistas em Caminha (Viana do Castelo), Rui Rio foi questionado sobre o anúncio feito na quarta-feira pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) de que o preço da eletricidade vai voltar a aumentar, a partir de 01 de outubro, em 1,05 euros por mês para a maioria dos clientes doméstico do mercado regulado.
"A questão da energia é uma questão séria em que a retoma da economia, não vou dizer que fica travada, mas fica desacelerada seguramente pelo custo de produção", afirmou.
No entanto, o líder do PSD quis hoje alertar para outro problema que diz afetar muitos pequenos empresários e comerciantes com quem contactou nesta campanha autárquica.
"O que ouço há bastante tempo é as pessoas dizerem que precisam de empregados e não têm, e não tem porquê? Porque não há? Não, porque as pessoas estão com o rendimento mínimo ou subsídio de desemprego e deixam-se estar e não querem trabalhar", afirmou.
Rio disse ser "totalmente favorável" aos apoios sociais - que até poderiam ser aumentados se a riqueza do país permitisse -, mas com "fiscalização exigente e rigor".
"Os apoios sociais, seja o subsídio de desemprego ou o rendimento mínimo não são criados para levar as pessoas a não trabalhar, são criados para apoiar quem verdadeiramente precisa", defendeu.
Questionado se este discurso não pode ser confundido com o de outros partidos, o líder do PSD até agradeceu a pergunta.
"Eu pensei nisso antes de falar, lá vão dizer que este está como o Chega, contra o RSI (Rendimento Social de Inserção), e por isso é preciso dizer isto com rigor e cuidado", afirmou.
Rui Rio reiterou que, como "social-democrata desde os 16 anos", não é "obviamente" contra os apoios sociais, mas sim contra a sua distribuição "sem rigor e a fiscalização devida".
"Eu, se fosse primeiro-ministro, queria ajudar quem precisa, mas queria ser muito rigoroso e evitar que haja pessoas que se aproveitem dessa boa intenção do Estado. É preciso moralizar, não tem nada a ver com o Chega, está muito longe disso", considerou.
Questionado se o PSD propõe novas regras para a atribuição destes subsídios, Rio admitiu que "a qualquer momento se podem ajustar", mas frisou que não é isso que defende neste momento, mas "uma fiscalização exigente".
"Não posso ter uma pessoa a quem é oferecido, uma, duas ou três oportunidades de emprego e vai recusando, ou até porque tem uma atividade lateral não registada. Os apoios sociais não foram feitos para isso, é preciso que sejam genuínos e dados a quem precisa", defendeu.
Rio foi ainda questionado sobre as críticas feitas na sexta-feira à noite pelo líder do PS, António Costa, que acusou a oposição de impreparação, mas desvalorizou, classificando estas palavras como "um truque", que é "dizer quem um adversário disse uma coisa que não disse".
"Não condeno António Costa por fazer campanha pelos seus candidatos, como é evidente, só por, na qualidade de primeiro-ministro, prometer que vai fazer isto ou aquilo", disse.
Sobre a presença de ministros na campanha, o líder do PSD disse aplicar o mesmo critério, considerando que "têm todo o direito de fazer campanha" como militantes do PS.
"Usar carros oficiais será de evitar", afirmou, sobre o caso da ministra da Saúde Marta Temido, mas disse "não querer ampliar" casos na campanha.