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Desemprego só baixará com crescimento de 2,5% a 3%

Aumento da actividade terá de ser "contínuo e sustentado", diz a análise da Universidade Católica.

Reuters
16 de Outubro de 2013 às 23:50
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A elevada taxa de desemprego é considerada o maior flagelo da actual crise, mas as perspectivas de que venha a registar uma descida rápida e ampla durante os próximos anos são reduzidas. A análise é feita pelos economistas do núcleo de estudos de conjuntura sobre a economia portuguesa da Universidade Católica (NECEP).

Num texto em que é avaliada a relação entre os comportamentos do crescimento e do desemprego em Portugal entre 1999 e 2013, publicado na folha trimestral daquele organismo a que o Negócios teve acesso, o NECEP afirma ser necessário que a economia cresça "acima de 2,8% de modo a que se alcance uma variação nula" na evolução do desemprego. E acrescenta que uma redução "efectiva" das elevadas taxas de desemprego "que têm fustigado" o país só será possível "com um crescimento contínuo e sustentado do PIB [produto interno bruto] à taxa de, pelo menos, 2,5% a 3% ao ano".

A partir das observações efectuadas, o NECEP conclui que há um "andamento desfavorável" do desemprego, com uma variação "de cerca de um ponto percentual", mesmo "quando a economia está estagnada". De acordo com os especialistas da Católica, "a economia portuguesa "tem uma relação estimada de redução da taxa de desemprego de 0,34 pontos percentuais por cada ponto percentual de crescimento do PIB". Conclusão: serão necessários "cerca de três anos de crescimento superior em um ponto percentual ao potencial para baixar a taxa de desemprego em Portugal em um ponto percentual".

Recessão menos grave com desemprego elevado

Os cálculos efectuados pelo NECEP sustentam a antecipação de tom pessimista que o gabinete faz do comportamento do desemprego. Apesar de admitirem que a recessão será, em 2013, menos grave em comparação com a sua convicção em previsões anteriores [ver texto associado], os economistas da Católica acreditam que a taxa de desemprego se fixará no valor médio de 17,1%.

No próximo ano, o quadro ficará pior, embora a projecção para o crescimento do PIB também tenha sido revista em alta. O núcleo prevê, como cenário central, a estagnação da economia, mas a taxa de desemprego registará um agravamento. Em média, subirá para 18% da população activa em 2014.

Apesar de alertar para as dificuldades que o país irá enfrentar na redução da taxa de desemprego, as novas previsões são menos sombrias. Na anterior folha trimestral, o NECEP antecipava taxas de desemprego de 18% em 2013 e de 18,7% durante o próximo ano.

 
O que prevê o NECEP

Crescimento de 2014 revisto em alta

O núcleo de estudos de conjuntura da Universidade Católica prevê que a economia portuguesa estagne durante o próximo ano, cenário central de um intervalo em que é admitida uma recessão de 1%, na pior das hipóteses, e uma taxa de crescimento de 1%, na melhor. O organismo sublinha que as previsões estão "envoltas num grau muito elevado de incerteza" sobre a "inversão do ciclo da economia, a trajectória de consolidação orçamental" e a crise da dívida soberana. A projecção é mais pessimista do que aquela que foi adoptada pelo Governo, que acredita num crescimento de 0,8% durante o próximo ano.

 

Recessão mais suave em 2013

O Governo estima que o PIB registará, este ano, uma contracção de 1,8%, mas o NECEP tem uma opinião mais positiva. De acordo com o gabinete, a variação em comparação com 2012 será negativa em 1,5%, resultado, "no curto prazo", de "algum relaxamento orçamental" e dos sinais de "alguma recuperação cíclica" da actividade económica.

 

Exportações crescem no terceiro trimestre

"O comportamento recente da procura externa encerra algumas hesitações e incertezas, especialmente na componente de bens, que o bom desempenho da exportação de serviços tem vindo a compensar", escreve o NECEP. O núcleo de estudos estima que "um crescimento em cadeia superior a 1% das exportações de bens e serviços no terceiro trimestre de 2013, em termos reais".

 
"Fadiga de ajustamento" trava reformas

"As mais recentes crises políticas em Itália e em Portugal" configuram o resultado mais "desestabilizador" daquilo a que o NECEP chama "fadiga de ajustamento". Com esta expressão, os economistas da Católica qualificam a "crescente dificuldade política dos países sob maior pressão em prosseguir reformas, susceptíveis de reconduzir as finanças públicas à sustentabilidade e dinamizar o potencial de crescimento económico". Este é um dos riscos identificados pelo NECEP, que alerta, também, para a "persistência da fragmentação financeira" na Zona Euro como explicação para as "sérias dificuldades" que este bloco enfrenta para regressar a um "crescimento saudável". Em 2013, a "eurolândia" registará o segundo ano consecutivo de recessão.

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