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A economia está alicerçada em baixos salários? Já esteve mais

A Comissão Europeia alertou na semana passada que o mercado de trabalho português deverá continuar a crescer à base de salários baixos, mas os números do INE sugerem que a situação já foi pior. O peso dos salários mais baixos tem vindo a diminuir nos últimos anos.

09 de Maio de 2018 às 18:12
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O peso dos salários mais baixos tem vindo a diminuir nos últimos anos e o ritmo acentuou-se no último ano, revelam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgados esta quarta-feira

Apesar de continuarem a representar mais de metade do universo
, os empregos com salários inferiores a 900 euros têm vindo a diminuir. De 60,4% no primeiro trimestre de 2015 passaram para 58,3% no mesmo período deste ano. 

Esse efeito é ainda mais visível quando se olha apenas para a evolução do peso dos salários até 600 euros. Em 2015, o peso dessa massa salarial no total dos trabalhadores por conta de outrem era de 32,2%. Três anos passados, esse peso diminuiu para 25,6%.



Contudo, a realidade é mais complexa. Ao analisar a evolução do bloco de rendimentos entre os 600 e os 900 euros é possível concluir que o seu peso no mercado de trabalho aumentou. No primeiro trimestre deste ano representava 32,7% dos salários, mais 4,6 pontos percentuais do que em 2015.

Os números parecem reflectir um efeito do aumento do salário mínimo que passou de 505 euros para 580 euros entre 2015 e 2018. Ao subir, a remuneração mínima acaba por arrastar consigo rendimentos que estão ligeiramente acima, o que ajuda a explicar a transferência de empregos de salários muito baixos para salário baixos. 


Também o peso dos vencimentos mensais superiores a 900 euros aumentou para os 30,5%. De tal forma que o número de empregos com salários acima de 900 euros já supera os que pagam menos de 600 euros.

Têm sido vários os alertas sobre o mercado de trabalho português continuar alicerçado em baixos salários. Na semana passada, a Comissão Europeia alertou que a economia portuguesa vai continuar a criar mais empregos, mas com salários abaixo da média. "O aumento do salário médio na economia portuguesa deverá ser parcialmente compensado por uma forte criação de emprego em sectores com salários abaixo da média", avisou Bruxelas. 

Esta é uma realidade assumida pelo Governo. No primeiro debate quinzenal deste ano, António Costa afirmou que "o grande desígnio para 2018 é termos melhor emprego", isto é, "um emprego digno, um salário justo e a oportunidade de cada um se realizar".

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