Notícia
Professores arriscam não ter progressão nas carreiras em 2019
Sem a aprovação da "solução legal que assegure a consideração integral do tempo de serviço", as pretensões dos professores podem ficar sem resposta no caso de haver nova intervenção parlamentar ou até presidencial.
As alterações introduzidas no debate da especialidade no Orçamento do Estado obrigam o Governo a voltar às negociações com os professores. No entanto, um eventual veto presidencial ou chumbo parlamentar do decreto-lei pode inviabilizar o reconhecimento da contagem do tempo de serviço para efeitos na progressão na carreira durante o ano de 2019.
O diploma que reconhece dois anos, nove meses e dezoito dias de tempo de serviço aos professores deve ser aprovado na próxima reunião do Conselho de Ministros. No entanto, uma fonte do Governo citada pelo Público esta segunda-feira, 3 de Dezembro, reclama que os partidos limitaram-se a "uma verdadeira rábula sobre a carreira dos professores", lembrando que "o que foi aprovado não acrescenta nada, é igual ao que estava no Orçamento [para] 2018".
Na prática, as propostas do PSD e do CDS forçam o regresso às negociações em 2019, nos mesmos moldes em que ocorreram este ano – sem sucesso para os professores. Ambas repetem, ‘ipsis verbis’, a norma que consta no OE 2018 e que definia que era em processo negocial que seria definido "o prazo e o modo para a sua concretização, tendo em conta a sustentabilidade e compatibilização com os recursos disponíveis".
Em causa está o chumbo do ponto 2 da proposta do PCP para alterar o artigo 30.º do Orçamento, que explicitava a existência de uma "solução legal que assegure a consideração integral do tempo de serviço". E sem essa aprovação, argumenta a mesma fonte do Executivo, não identificada pelo jornal, "a Assembleia da República confirmou que o Governo não está obrigado a aceitar" o tempo que os professores reclamam ver reconhecidos.
A par disso, há a questão de não ter sido reforçado o Orçamento do Estado com as verbas necessárias para fazer face a um aumento da despesa pública, o que leva o Executivo socialista a questionar se esta não foi "uma norma vazia para eleitor ver" e a deixar sem resposta outra pergunta: "Se não há mais dinheiro, como pode haver mais tempo recuperado?".
A contabilização do tempo prestado pelos docentes durante os anos de congelamento das progressões (o que ocorreu pela última vez entre 2011 e 2017) marcou o debate orçamental nas últimas semanas. Os professores exigem o reconhecimento de nove anos, quatro meses e dois dias, o que na prática tornaria mais rápidas as suas progressões. Os funcionários judiciais e os polícias têm problemas idênticos.