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Zelensky diz que é "alvo número 1" da Rússia e frisa que não vai deixar Kiev
Presidente ucraniano diz que sanções são insuficientes, que já há agentes russos em Kiev e que o plano é assassiná-lo. Capital ucraniana foi alvo de mísseis balísticos durante a noite e há mortes de civis.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, alertou que há agentes russos em Kiev para cumprir com o plano da Rússia que passa por assassiná-lo.
Num vídeo publicado nas redes sociais oficiais, Zelensky, vestido com a farda militar, fez saber que está em Kiev e que não vai deixar a cidade, mesmo depois de ter sido informado que, para os russos, ele é "alvo número um" e que a sua "família alvo número 2" acrescentando que a Rússia quer "destruir a Ucrânia politicamente, destruindo o chefe de Estado".
Também um alto funcionário da defesa dos EUA disse que a intenção de Putin é "decapitar o governo" de Kiev.
O presidente ucraniano acrescentou ainda que estava hospedado no bairro governamental "com todos os que são necessários para o trabalho do governo central".
As declarações de Zelensky foram feitas enquanto as forças militares de Vladimir Putin intensificavam o ataque a Kiev e a outras cidades da Ucrânia.
Hoje de madrugada, perto das 4 horas locais, os habitantes de Kiev acordaram com fortes explosões, com uma das maiores ofensivas militares da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. As forças russas "começaram a bombardear áreas civis. Isto faz-nos lembrar [a ofensiva nazi em] 1941", disse Zelensky, em russo, no mesmo vídeo publicado nas redes sociais.
As sirenes de ataques aéreos soaram na capital e, depois de terem sido detetados mísseis balísticos russos, o governo ucraniano apelou aos civis para procurarem abrigo estações de metro.
De acordo com o exército ucraniano, as tropas russas continuam a avançar em "alta velocidade" em direção ao centro de Kiev, seguidas por uma coluna militar de camiões.
Mais tarde, depois da cimeira extraordinária dos chefes de Estado e de Governo da EU, em Bruxelas, o presidente ucraniano disse que a Ucrânia está a defender-se sozinha lamentando que as "forças mais poderosas do mundo" estejam a "observar de longe"e frisando que as sanções internacionais são insuficientes.
"Estamos a defender o nosso Estado sozinhos. As forças mais poderosas do mundo estão a observar de longe", afirmou Volodymyr Zelensky.
Num discurso dirigido à nação, o chefe de Estado ucraniano acrescentou que perguntou aos 27 líderes se a Ucrânia ia fazer da NATO e que "ninguém respondeu". Zelensky diz ainda que agradeceu aos líderes ocidentais pelo apoio, mas questionou a sua disposição para apoiar a Ucrânia no terreno. "Quem está pronto para lutar connosco? Sinceramente, não vejo ninguém".
No mesmo discurso, Zelensky sustentou também que "mais cedo ou mais tarde" a Rússia terá de "falar" com a Ucrânia para pôr fim aos combates e denunciou que Moscovo está também a atingir áreas civis. Segundo Kiev já morreram 10 civis.
Combates de madrugada
O aeroporto Hostomel, que está numa posição estratégica a cerca de 10 km a noroeste de Kiev, foi palco, durante a noite, de um violento confronto entre forças ucranianas e paraquedistas russos com helicópteros de ataque.
O Ministério da Defesa da Ucrânia já divulgou imagens de vídeo onde se veem rajadas de tiros e vários incêndios e disse ainda que, desde o início da invasão e até as 3h da manhã de sexta-feira, as forças ucranianas terão derrubado sete aeronaves russas, seis helicópteros a que se somam 30 tanques, tendo morto cerca de 800 russos.
Zelensky disse que, até à data, morreram 137 ucranianos e, depois de convocar todos os militares na reserva, proibiu todos os homens dos 18 aos 60 anos de saírem do país.
O presidente francês adiantou hoje que a Bielorrússia foi "cúmplice" destas ações e que por isso também será incluída no pacote de novas sanções.
Emmanuel Macron anunciou ainda um novo pacote de ajuda à Ucrânia, dos quais 300 milhões de euros serão disponibilizados só pela França.