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Um "ser errático" que seguiu a história da democracia portuguesa

Aos 72 anos, José Medeiros Ferreira morreu vítima de doença oncológica. Iniciou a sua actividade política ainda estudante, em 1962, marcando o debate de ideias até aos dias de hoje

Miguel Baltazar/Negócios
18 de Março de 2014 às 23:30
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José Medeiros Ferreira, que morreu esta terça-feira aos 72 anos, em Lisboa, foi o ministro dos Negócios Estrangeiros responsável pelo pedido de adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE).

Historiador e político, Medeiros Ferreira chegou a confessar que gostaria de ser um daqueles "seres erráticos" que percorrem o mundo e de que fala Teixeira de Pascoaes no livro sobre S. Paulo. Nascido no Funchal, a 20 de Fevereiro de 1942, José Medeiros Ferreira licenciou-se em História pela Universidade de Genebra, em 1972, e doutorou-se em História Institucional e Política pela Universidade Nova de Lisboa, em 1991. O seu percurso político teve início ainda quando estudava, sendo um dos principais dirigentes estudantis na crise académica de 1962.

Entre 1972 e 1974, foi assistente na Faculdade de Ciências Económicas e Sociais da Universidade de Genebra e, entre 1981 e 1991, assistente convidado na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, onde, entre 1991 e 1999, foi professor auxiliar. Desde 1999 que era professor associado da mesma faculdade.

Medeiros Ferreira foi membro do Instituto de História Contemporânea e presidiu ao Conselho Geral da Universidade Aberta.

Do PS ao PRD, passando pela AD

Medeiros Ferreira foi deputado à Assembleia Constituinte entre 1975 e 1976 e foi ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional (1976-1978), chefiado por Mário Soares.

Foi o ministro dos Negócios Estrangeiros que trabalhou na elaboração da adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia (CEE). Embora Portugal seja membro da CEE desde 1986, a candidatura à adesão foi apresentada em Março de 1977 e o acordo de pré-adesão data de 3 de Dezembro de 1980.

Em 1978, Medeiros Ferreira e outros elementos da ala direita e reformista do Partido Socialista (PS), como António Barreto e Francisco Sousa Tavares, saíram do PS para criar no Movimento Reformador ou Movimento dos Reformadores que em 1979 se juntaria à Aliança Democrática (AD) de Sá Carneiro. Em 1981, acabaria por retirar o apoio à AD.

Em 1985, apoiou a criação do Partido Renovador Democrático (PRD), vindo a ser um dos seus nomes mais conhecidos. Voltaria, contudo, ao PS. Foi deputado do Parlamento Europeu entre 1985 e 1989.

Em Fevereiro de 2006, demitiu-se, porém, dos lugares que ocupava na Comissão Política e na Comissão Nacional do PS, uma decisão formalizada em Janeiro desse ano, mas que só viria a tornar-se conhecida um mês depois. Numa carta enviada ao então presidente do PS, Almeida Santos, Medeiros Ferreira considerava que seria "desconfortável" permanecer naqueles órgãos para os quais fora eleito em representação da tendência minoritária liderada por Manuel Alegre, no Congresso de Guimarães, em Outubro de 2004.

Foi comentador na TVI24 e na SIC Notícias.

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