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Medeiros Ferreira faleceu aos 72 anos

Antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Mário Soares faleceu após longa doença oncológica.

O espírito do lucro imediato, sem uma estratégia, apossou-se da sociedade portuguesa
Negócios 18 de Março de 2014 às 10:42
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José Manuel de Medeiros Ferreira faleceu hoje aos 72 anos de idade. De acordo com o avançado pela RTP Informação, Medeiros Ferreira, que foi ministro dos Negócios Estrangeiros do Governo de Mário Soares, faleceu vítima de doença oncológica.

 

Em entrevista ao Negócios em Abril de 2012, tinha completado 70 anos há um mês, o também historiador e analista considerava que Portugal, apesar do “transe”, tem emenda. "Portugal tem condições. Apesar destas medidas terríveis. Que podiam não ser estas. Podiam não ser tão concentradas”, defendia. "Estamos muito endividados, mas as infra-estruturas estão cá. Portugal tem hospitais, escolas, auto-estradas modernas. Não estou a fazer a apologia do modelo anterior. Denunciei-o (…) Em 2003. Não precisei da crise para o perceber”.

 

Nesse entrevista dizia ser "cada vez mais" um homem de esquerda, considerando que a actual  organização social, económica e financeira "tem os dias contados". "Tem que haver reformas profundas. A base em que assenta a sociedade é frágil".

 

Militante do PS, Medeiros Ferreira confessava ainda que a sua relação com o partido era "distante", sobretudo desde a liderança de José Sócrates. "Nunca o apoiei. Desde que se candidatou a secretário-geral do PS. Mas agora não vou dizer nada sobre ele. Não fazia parte da minha cultura política. Uma diferença de natureza", explicava.

 

Sobre a Europa, manifestava-se desiludido. "Quando entrámos na CE, o pressuposto era o de que era um clube de iguais. Só agora é que se está a desfazer essa parte dos estatutos. Agora somos todos assim-assim". 

 

Medeiros Ferreira dizia ainda que "não há nenhuma potência a nível europeu" que, vistos de fora da Europa, "todos os países europeus são débeis" e a Alemanha e a França "ainda não perceberam isso". "A Alemanha é uma potência média. Repare no apelo que fizeram para que o mundo financiasse o mecanismo europeu de estabilização; o mundo não ouviu a Alemanha. Berlim fala para os países europeus e os países europeus ficam aflitos. Essa desproporção tem de ser ponderada em Berlim. A Alemanha não faz estas fanfarronadas sem afastar o coração dos europeus. Por muito que digam coisas como as que disse Teixeira dos Santos: "Quem paga, manda". Uma frase tão grossa que não deveria ser dita. Ao dizê-la, aceita-se o jugo, o estatuto de subjugado". 

 

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