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“Temos de refletir a inflação nas nossas decisões de consumo”, avisa Centeno
Inflação está a influenciar todo o tipo de bens. Governador do Banco de Portugal alerta para a necessidade de empresas e famílias terem o aumento de preços em conta nas decisões de despesa.
O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, considera que a inflação, "um fenómeno muito complexo e difícil de avaliar", tem de fazer parte da equação de famílias e empresas no momento de entrar em despesa.
"Temos de refletir a inflação nas nossas decisões de consumo", afirmou Mário Centeno na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de Maio, que analisa a evolução da economia portuguesa em 2021.
Realçando que o documento não olha para a situação atual, muito influenciada pelos efeitos da guerra na Ucrânia, o governador afirmou que só no ano passado, a inflação já tinha dado sinais de aumento: foi de 0,9%, 1,1 pontos percentuais acima do ano anterior.
O responsável máximo do regulador sublinhou ainda que que no último trimestre o aumento dos preços já tinha excedido 2%, o valor de referência do Banco Central Europeu.
Petróleo e gás natural pressionaram preços
O supervisor observou pressões externas sobre os preços dos bens ao longo de 2021 e considera que "essas pressões refletiram a subida forte e generalizada dos preços da energia e das matérias-primas internacionais – com destaque para o petróleo e o gás natural – e o impacto das disrupções nas cadeias de distribuição global sobre os preços de diversos bens e os custos de transporte".
Os especialistas do banco central consideram que este fenómenos "teve reflexo nos preços na produção industrial, que aumentaram de forma generalizada, salientando-se a subida nos bens energéticos e intermédios".
A transmissão do aumento aos preços praticados junto aos consumidores "foi visível na componente energética, mas também nos preços dos bens industriais não energéticos".
Inflação está a alastrar a bens e serviços de preços normalmente estáveis
O Banco de Portugal acredita que a inflação em 2021 está a atingir todos os bens e serviços, incluindo aquele que têm preços historicamente mais estáveis, como "alguns serviços de educação e saúde, as rendas e os restaurantes e cafés".
No documento que analisa e evolução económica do país no ano passado, o supervisor escreve que "as pressões ascendentes estão a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis". Observando que "a subida da inflação no período recente é explicada em larga medida pelo quartil [de preços] de maior volatilidade", o BdP realça no entanto que "a variação homóloga média dos preços nos quartis de menor volatilidade também aumentou no final de 2021 e início de 2022".
Os técnicos do BdP ilustram a ideia com números: "a variação homóloga dos preços no período 2016-2020 manteve-se próxima da média de 1,5% para o primeiro quartil de volatilidade e em 1,1% para o segundo quartil, mas aumentou para 2,9% e 5,2%, respetivamente, em março de 2022", escrevem.
Os bens e serviços "com taxas de variação homóloga acima de 2% ganharam peso, representando 52,6% no final de 2021, contra 20,2% no final de 2020", lê-se no documento. O supervisor realça mesmo que 27,4% dos bens incluídos no cabaz considerado para o cálculo do índice de preços praticados junto do consumidor tiveram "variações de preço superiores a 4%" e conclui que "o aumento da inflação não se cingiu aos itens habitualmente mais voláteis e que a subida se poderá prolongar".
"Evolução dos salários não pode ser avaliada no curto prazo"
Questionado sobre o efeito da pressão inflacionista no rendimento das famílias, Centeno considerou que "os salários e o rendimento disponível das famílias não podem ser avaliados numa perspetiva de curtos prazo".
O governador recordou que "nos últimos seis anos os salário médios cresceram muito mais do que a inflação", dado que "desde 2015 a inflação cresceu menos de 5%, enquanto os salários médios cresceram próximo de 20%". Por isso, sustenta, "esta avaliação não pode ser feita apenas no momento que estamos a viver".
O governador do Banco de Portugal manifestou esperança "que este momento que vivemos – se não acontecer mais nenhum choque – possa ser o ponto mais alto do fenómeno inflacionista", ressalvando no entanto que "isto pode ter de ser reavaliado se surgirem novos dados".
"Temos de refletir a inflação nas nossas decisões de consumo", afirmou Mário Centeno na conferência de imprensa de apresentação do Boletim Económico de Maio, que analisa a evolução da economia portuguesa em 2021.
O responsável máximo do regulador sublinhou ainda que que no último trimestre o aumento dos preços já tinha excedido 2%, o valor de referência do Banco Central Europeu.
Petróleo e gás natural pressionaram preços
O supervisor observou pressões externas sobre os preços dos bens ao longo de 2021 e considera que "essas pressões refletiram a subida forte e generalizada dos preços da energia e das matérias-primas internacionais – com destaque para o petróleo e o gás natural – e o impacto das disrupções nas cadeias de distribuição global sobre os preços de diversos bens e os custos de transporte".
Os especialistas do banco central consideram que este fenómenos "teve reflexo nos preços na produção industrial, que aumentaram de forma generalizada, salientando-se a subida nos bens energéticos e intermédios".
A transmissão do aumento aos preços praticados junto aos consumidores "foi visível na componente energética, mas também nos preços dos bens industriais não energéticos".
Inflação está a alastrar a bens e serviços de preços normalmente estáveis
O Banco de Portugal acredita que a inflação em 2021 está a atingir todos os bens e serviços, incluindo aquele que têm preços historicamente mais estáveis, como "alguns serviços de educação e saúde, as rendas e os restaurantes e cafés".
No documento que analisa e evolução económica do país no ano passado, o supervisor escreve que "as pressões ascendentes estão a transmitir-se aos preços das componentes tipicamente mais estáveis". Observando que "a subida da inflação no período recente é explicada em larga medida pelo quartil [de preços] de maior volatilidade", o BdP realça no entanto que "a variação homóloga média dos preços nos quartis de menor volatilidade também aumentou no final de 2021 e início de 2022".
Os técnicos do BdP ilustram a ideia com números: "a variação homóloga dos preços no período 2016-2020 manteve-se próxima da média de 1,5% para o primeiro quartil de volatilidade e em 1,1% para o segundo quartil, mas aumentou para 2,9% e 5,2%, respetivamente, em março de 2022", escrevem.
Os bens e serviços "com taxas de variação homóloga acima de 2% ganharam peso, representando 52,6% no final de 2021, contra 20,2% no final de 2020", lê-se no documento. O supervisor realça mesmo que 27,4% dos bens incluídos no cabaz considerado para o cálculo do índice de preços praticados junto do consumidor tiveram "variações de preço superiores a 4%" e conclui que "o aumento da inflação não se cingiu aos itens habitualmente mais voláteis e que a subida se poderá prolongar".
"Evolução dos salários não pode ser avaliada no curto prazo"
Questionado sobre o efeito da pressão inflacionista no rendimento das famílias, Centeno considerou que "os salários e o rendimento disponível das famílias não podem ser avaliados numa perspetiva de curtos prazo".
O governador recordou que "nos últimos seis anos os salário médios cresceram muito mais do que a inflação", dado que "desde 2015 a inflação cresceu menos de 5%, enquanto os salários médios cresceram próximo de 20%". Por isso, sustenta, "esta avaliação não pode ser feita apenas no momento que estamos a viver".
O governador do Banco de Portugal manifestou esperança "que este momento que vivemos – se não acontecer mais nenhum choque – possa ser o ponto mais alto do fenómeno inflacionista", ressalvando no entanto que "isto pode ter de ser reavaliado se surgirem novos dados".