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Telemóvel de 23 dólares torna presidente da Reliance no segundo mais rico da Ásia
Mukesh Ambani destronou Li Ka-shing e tornou-se o segundo homem mais rico da Ásia depois dos investidores terem apoiado os seus esforços para munir os pobres da Índia de telefones baratos carregados de dados. Alguns analistas estão a começar olhar para os custos da sua ambição.
O presidente da Reliance Industries, Mukesh Ambani (na foto), viu o seu património aumentar 12,5 mil milhões de dólares (10,55 mil milhões de euros) este ano, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index, porque as acções da sua empresa, de telecomunicações, atingiram um recorde. O motor dessa subida é optimismo de que um novo telefone de 23 dólares, lançado em Junho, expandirá o mercado da rede móvel de quarta geração de Ambani ao interior da Índia. Toda a pompa com que o JioPhone foi recebido ofuscou o facto de que, segundo um indicador, a dívida da empresa subiu para um máximo de pelo menos 15 anos.
A empresa de telecomunicações, uma obra a que Ambani se dedica há sete anos por amor, sugou mais de 31 mil milhões de dólares em investimentos e ainda não rendeu nenhum lucro. A companhia ajudou a quase triplicar a dívida total do grupo desde Março de 2012 e provocou uma guerra de preços cruel no segundo maior mercado de comunicações móveis do mundo. Cerca de 90% das receitas da Reliance continuam a surgir das unidades antigas de refinação e petroquímicos, e o retalho, a media e a exploração de energia contribuem com o restante.
A corretora local Kotak Securities emitiu uma nota de alerta a 23 de Julho ao rever, para "reduzir", a classificação da acção da Reliance. "Continuamos cautelosos com a alta projecção do gasto de capital e o aumento dos níveis de dívida líquida", escreveram Tarun Lakhotia e Akshay Bhor, analistas em Mumbai.
A razão entre dívida líquida e EBITDA da empresa quadruplicou no período de cinco anos até Março de 2017 e está no patamar mais alto desde 2002, quando a Bloomberg começou a monitorizar os dados. Os analistas consideram o EBITDA como um indicador do lucro operacional de uma empresa, ou seja, o dinheiro que ganha antes de pagar os impostos e os juros de empréstimos e de contabilizar as depreciações e as amortizações.
Um porta-voz da Reliance não respondeu a um e-mail com um pedido de comentários sobre a crescente dívida da empresa.
Ambani descreveu a Jio como "uma jóia" entre os recursos da Reliance durante a reunião geral anual da empresa, realizada a 21 de Julho. "O seu valor comercial e societário crescerá muito na próxima década", disse. "Jio tornar-se-á na maior fornecedora de serviços de dados, produtos e plataformas de aplicações da Índia."
Na verdade, a Kotak Securities está entre uma minoria de quatro corretoras que recomendam "vender" as acções da Reliance, face a 13 recomendações de "manter" e 21 de "comprar" entre as firmas monitorizadas pela Bloomberg.
As acções da Reliance acumulam uma subida superior a 52% desde o início do ano, tendo negociado acima de 1.650 rúpias esta quinta-feira, 3 de Agosto, o que compara com um preço-alvo médio de 1.619,20 rúpias para os próximos 12 meses.
Para Ambani, estas subidas elevaram o seu património líquido para 35,2 mil milhões de dólares, levando-o ao número 19 no Bloomberg Billionaires Index, sendo que ocupava o 29.º lugar no final de 2016. Ambani ultrapassou Li Ka-shing — cujo império abrange telecomunicações, retalho e portos — durante alguns dias em Abril e novamente no dia 7 de Julho.
(Texto original: Mukesh Ambani Tops Li Ka-shing as Asia's Second-Richest Man)