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Siza Vieira aponta para crescimento económico de 5% até ao fim do ano
O ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital disse que Portugal pode registar um crescimento económico de 5% até final do ano, depois dos bons resultados do terceiro trimestre.
08 de Setembro de 2021 às 06:29
"Acho que [o crescimento económico] vai estar mais próximo dos 5% do que dos 4%", afirmou Pedro Siza Vieira, em entrevista no programa Tudo é Economia, da RTP3, na noite de terça-feira.
Os resultados do terceiro trimestre correram como esperado, "apesar de julho ter tido um crescimento não tão rigoroso, em função da situação pandémica que se verificou", considerou.
Para Pedro Siza Vieira, o ritmo de crescimento da economia está a corresponder às expectativas do Governo e, talvez, até a excedê-las.
"Estamos convencidos que, do ponto de vista do crescimento económico durante o ano, vamos ultrapassar aquilo que eram as previsões. [...] A economia não está só a comportar-se melhor do que eram as projeções, mas também melhor que a maior parte dos observadores estimava há uns meses", adiantou.
Pedro Siza Vieira lembrou que tem havido "uma retoma [da economia] muito rigorosa", uma vez que a procura está a recompor-se muito rápido, enquanto são levantadas as restrições sanitárias, devido à pandemia.
Na semana passada, o ministro das Finanças, João Leão, disse que a crise pandémica teve até agora um impacto de 30 mil milhões de euros na dívida pública portuguesa, acrescentado que poderá atingir os 40 mil milhões de euros até ao próximo ano.
Em entrevista à RTP3, o governante explicou que "a crise teve um impacto na dívida bastante substancial", sobretudo na dívida do Estado, estimando que o valor atinja os "cerca de 35 mil milhões a 40 mil milhões de euros" até 2022.
"[...] São mais de 30 mil milhões de euros [de impacto] até ao momento", realçou João Leão.
De acordo com o ministro das Finanças, o setor privado também viu a dívida aumentar em cerca de cinco mil milhões de euros, no último ano.
"No setor privado também teve um legado [da dívida]. São cerca de cinco mil milhões [de euros], quatro mil milhões de euros para as famílias de dívida adicional e mil milhões de euros nas empresas, embora nas famílias seja assimétrico. Houve famílias que acumularam muitos depósitos e [...] outras tiveram de se endividar", vincou.
À RTP3, João Leão ressalvou que em 2020 a dívida pública atingiu os 133%, o que, avaliou, "foi uma dívida muito elevada" para Portugal.
"Contamos para este ano em resultado do forte crescimento económico -- quer em 2021, quer em 2022 -- que a dívida pública se reduza cinco pontos [percentuais], para 128%, e mais cinco pontos [percentuais] no próximo ano, para 123% do PIB", referiu.
Segundo o governante, a trajetória da redução da dívida "vai ser baseada na forte recuperação económica" e, ao mesmo tempo "essencial no contexto de endividamento muito elevado para dar a confiança a estabilidade e credibilidade financeira que o país precisa".
"O que é crucial é apresentar a dívida numa trajetória de produção em virtude do forte crescimento da economia. E essa trajetória [...] vai dar capacidade a nós todos, os portugueses, de olharmos para o futuro com otimismo, não olhar para o futuro com incerteza e nuvens negras", sustentou.
No início da entrevista, João Leão reiterou que Portugal se encontra neste momento numa "fase de grande recuperação, depois de um primeiro trimestre muito difícil", devido ao confinamento.
"Portugal foi no segundo trimestre o país que mais cresceu em toda a Europa, os tais 15,5%. Foi o trimestre em que mais cresceu desde a série histórica. É um crescimento notável do PIB em termos homólogos e que mostra que é confirmada para o terceiro trimestre com indicadores muito positivos que existem. Com indicadores económicos, nomeadamente com a evolução nas vendas no retalho, nos pagamentos com o multibanco. Mostra que já uma grande recuperação no país", indicou.
Questionado se Portugal já está num momento de viragem económica, o ministro das Finanças reforçou que os sinais são positivos, mas que ainda depende a evolução da pandemia.
"Somos o país que mais está a avançar na pandemia. Portugal é o país do mundo que mais tem primeira dose de vacinação, percentagem mais elevada, já a aproximar-se dos 85%. E isto está a permitir que o número casos esteja controlado", disse.
Apesar de estar a "recuperar a economia de forma significativa", João Leão alertou que ainda há "um caminho a fazer" para atingir os valores pré-pandemia.