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Russos recusam empréstimo a Chipre

Moscovo não atendeu ao pedido de um novo empréstimo, mas estará disposta a fazer “investimentos”. No sector financeiro, os dois maiores bancos estatais russos negam interesse em fazer compras em Chipre. Ainda assim, Nicósia acredita que segunda-feira terá um plano de resgate, a tempo de impedir um corte de liquidez do BCE aos seus dois maiores bancos, há longos meses virtualmente falidos.

Bloomberg
21 de Março de 2013 às 15:02
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As autoridades russas não atenderam ao pedido de um novo empréstimo, eventualmente de cinco mil milhões de euros, endereçado pelo ministro cipriota das Finanças, mas estão dispostas a equacionar investimentos, designadamente no domínio da exploração de gás. O anúncio foi feito pelo ministro cipriota das Finanças, Michalis Sarris, em declarações ao canal televisivo Antenna TV, citadas pela agência Bloomberg.

 

“Estamos a pedir ajuda mas em moldes em que faça também sentido, em termos económicos, para a Rússia”, afirmou o ministro cipriota, que tem um novo encontro marcado nesta quinta-feira com o seu homólogo russo, Anton Siluanov.

 

Para já, a falta de interesse russo estende-se ao sector financeiro – precisamente aquele em que Chipre está numa corrida contra o relógio, depois de o BCE ter lançado esta quinta-feira um derradeiro aviso a Nicósia para que encontre até segunda-feira uma solução que permita recapitalizar e tornar solventes os seus bancos – sem a qual a autoridade monetária do euro deixará de lhes fornecer liquidez.

 

Uma solução seria encontrar um novo dono, capitalizado, para socorrer o Bank of Cyprus e o Laiki, que estão há longos meses à beira do colapso, dependentes das linhas de emergência do BCE. Mas os dois maiores bancos estatais russos, o Sberbanke e o VTB, negaram interesse em fazer compras no sector financeiro da ilha que se converteu possivelmente na maior plataforma de evasão fiscal e de branqueamento de capitais russos.

 

“Não temos qualquer plano desse tipo”, afirmou Andrei Kostin, presidente do VTB, ao correspondente em Moscovo do “The Guardian”. “O que queremos é que nos seja dada a oportunidade de fazer pagamentos e aceder às contas dos nossos clientes”. O VTB tem uma subsidiária em Chipre, a Russian Commercial Bank, que estará na iminência de perder “milhões de euros” caso o imposto extraordinário sobre depósitos venha a ser efectivado.

 

German Gref, presidente do Sberbank, o maior banco russo, já ontem à noite afirmara que tinha sido abordado sobre a possibilidade de comprar bancos cipriotas, mas recusado a oferta.

 

O Banco Central Europeu (BCE) lançou nesta quinta-feira o que parece ser um derradeiro aviso às autoridades cipriotas para que encontrem até segunda-feira uma solução que permita recapitalizar e tornar solventes os seus bancos, sem a qual a autoridade monetária do euro deixará de fornecer liquidez de emergência à banca do país.

 

"O Conselho de Governadores do Banco Central Europeu decidiu manter o actual nível de assistência de liquidez de emergência até segunda- feira, 25 de Março. Depois disso, a Assistência de Liquidez de Emergência (ELA, na sigla inglesa) só poderá ser considerada no âmbito de um programa da União Europeia e Fundo Monetário Internacional que garanta a solvência dos bancos em causa".

 

Em Nicósia, o governador do banco central, Panicos Demetriades, afirmou: "Espero que até segunda-feira haja um programa de apoio para a economia cipriota".

 

O pedido de resgate do Chipre, membro do euro desde 2008, decorre fundamentalmente da situação dos seus dois maiores bancos: o Bank of Cyprus e o Laiki, ambos grandes financiadores do Estado grego que ficaram em muito maus lençóis com a reestruturação de dívida helénica. Para escaparem da insolvência estima-se que precisarão de 10 mil milhões de euros, o equivalente a 60% do PIB do país.

 

A banca cipriota está há meses a ser alimentada por linhas de emergência de liquidez do BCE, no âmbito das quais mais de nove mil milhões de euros foram canalisados para o sistema financeiro da ilha. O anúncio desta manhã do BCE traduz um forte elemento de pressão no sentido de se encontrar uma solução célere para um país em que o Estado está também na vertigem da "bancarrota".

 

As necessidades financeiras do país estão conjuntamente avaliadas em 17 mil milhões de euros. A Zona Euro promete emprestar 10 mil milhões se Chipre conseguir angariar receitas próprias da ordem dos seis mil milhões de euros, de modo a evitar uma explosão da dívida pública que poria em causa a sua sustentabilidade. A sugestão de impor uma taxa extraordinária sobre os depósitos bancários foi chumbada pelo Parlamento cipriota.

 

Como encontrar agora essas verbas? Averof Neophytou, líder da bancada parlamentar do partido no poder, anunciou nesta quinta-feira a existência de um acordo entre as principais formações políticas cipriotas para criar um “fundo de investimento solidário” para ajudar a colmatar as necessidades financeiras do país.

 

Não há informação oficial sobre como o fundo será financiado. Alguma imprensa refere que poderá ser alimentado por novos impostos sobre pensões e imobiliário, e receita da venda de património da Igreja. Outra opção poderá passar pela emissão de obrigações (títulos de dívida) com base na exploração comercial das reservas de gás natural identificadas na bacia do Levante.

 

Apesar de a exploração gasista estar ainda numa fase embrionária, as prospecções até agora efectuadas, em particular pelos gigantes do gás norte-americano, francês e italiano, sugerem a existência de cerca de 60 triliões de metros cúbicos de gás nos 13 blocos concessionados e incluídos na zona económica exclusiva da República de Chipre. Alguns analistas acreditam que a exploração deste filão poderá garantir ao Chipre, no médio prazo, receitas perto dos 600 mil milhões de euros, reporta a Lusa.

 

 

 

 

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