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Chipre vai criar “fundo de solidariedade nacional”
Alguma imprensa refere que o fundo poderá ser alimentado por novos impostos sobre pensões e imobiliário, e receita da venda de património da Igreja. Outra opção poderá passar pela emissão de obrigações tendo por colateral as reservas de gás natural. Novo empréstimo da Rússia continua em cima da mesa. E Europa mantém promessa de emprestar 10 mil milhões.
Averof Neophytou, líder da bancada parlamentar do partido no poder, anunciou nesta quinta-feira a existência de um acordo entre as principais formações políticas cipriotas para criar um “fundo de solidariedade nacional” para ajudar a colmatar as necessidades financeiras do país, noticia o "The Guardian".
Não há ainda informação oficial sobre como o fundo será financiado. Alguma imprensa refere que poderá ser alimentado por novos impostos sobre pensões e imobiliário, e receita da venda de património da Igreja. Outra opção poderá passar pela emissão de obrigações (títulos de dívida) com base na exploração comercial das reservas de gás natural identificadas na bacia do Levante, também disputadas por Israel e Egipto. Quanto à controversa taxa sobre os depositantes, o presidente do Parlamento cipriota, Yiannakis Omirou, disse à Reuters que esta não foi discutida entre as alternativas de angariação de fundos.
O Banco Central Europeu (BCE) lançou nesta quinta-feira o que parece ser um derradeiro aviso às autoridades cipriotas para que encontrem até segunda-feira uma solução que permita recapitalizar e tornar solventes os seus bancos, sem a qual a autoridade monetária do euro deixará de fornecer liquidez de emergência à banca do país.
O pedido de resgate do Chipre, membro do euro desde 2008, decorre fundamentalmente da situação dos seus dois maiores bancos: o Bank of Cyprus e o Laiki, ambos grandes financiadores do Estado grego que ficaram em muito maus lençóis com a reestruturação de dívida helénica. Para escaparem da insolvência estima-se que precisarão de 10 mil milhões de euros, o equivalente a 60% do PIB do país.
A banca cipriota está há meses a ser alimentada por linhas de emergência de liquidez do BCE, no âmbito das quais mais de nove mil milhões de euros foram canalisados para o sistema financeiro da ilha. O anúncio desta manhã do BCE traduz um forte elemento de pressão no sentido de se encontrar uma solução célere para um país em que o Estado está também na vertigem da "bancarrota".
As necessidades financeiras do país estão conjuntamente avaliadas em 17 mil milhões de euros. A Zona Euro promete emprestar 10 mil milhões se Chipre conseguir angariar receitas próprias da ordem dos seis mil milhões de euros, de modo a evitar uma explosão da dívida pública que poria em causa a sua sustentabilidade. Em Moscovo, segundo a agência Bloomberg, as autoridades russas ponderam reforçar para cinco mil milhões de euros o empréstimo a Chipre, mas estarão com dúvidas sobre as garantias de reembolso, que poderão assentar nas receitas que Nicósia antecipa da exploração do gás na sua costa.
Apesar de a exploração gasista estar ainda numa fase embrionária, as prospecções até agora efectuadas, em particular pelos gigantes do gás norte-americano, francês e italiano, sugerem a existência de cerca de 60 triliões de metros cúbicos de gás nos 13 blocos concessionados e incluídos na zona económica exclusiva da República de Chipre. Alguns analistas acreditam que a exploração deste filão poderá garantir ao Chipre, no médio prazo, receitas perto dos 600 mil milhões de euros, reporta a Lusa.
(Notícia actualizada às 12h30)