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Rogoff: "Nunca tivemos 30 anos tão bons para reduzir a desigualdade no mundo"

O antigo economista-chefe do FMI apresentou uma visão optimista do passado recente e do futuro de médio prazo, defendendo que a economia mundial melhorará nos próximos cinco a dez anos.

Bloomberg
29 de Maio de 2017 às 18:43
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Durante a sua intervenção no Horasis Global Meeting, conferência internacional que está a ser organizada desde sábado em Cascais, Kenneth Rogoff argumentou que parte das tensões a que assistimos hoje em dia são consequências da crise financeira de 2008.

 

"Vivemos neste mundo que se tornou mais extremo em que as pessoas não aceitam que há outras formas de pensar sobre as coisas. É mais difícil haver diálogo", afirmou o economista. "Parte disto é um legado da crise financeira [de 2008]. Foi o pior que os países avançados enfrentaram desde a Grande Depressão."

 

No entanto, o professor de Economia de Harvard está confiante que "as coisas vão melhorar nos próximos 5 ou 10 anos", deixando críticas à tese a que normalmente se chama "estagnação secular". "A ideia de que a tecnologia não vai a lado nenhum será esquecida [...] Não faz sentido dizer que não vamos inventar nada e que estamos velhos..."

 

E utiliza a História recente como fonte de optimismo. "Se todas as pessoas contarem o mesmo, nunca tivemos 30 anos tão bons para reduzir a desigualdade mundial", defendeu, dando como exemplo os desenvolvimentos recentes na Índia com contraponto às dificuldades das classes médias ocidentais. "Devemos contar 1,3 mil milhões [de pessoas]como uma só observação?", acrescentou. "No seu todo, nunca tivemos num mundo um período tão bom em muitos séculos [...] A classe média pode estar a sofrer, mas está a sofrer durante mais duas décadas, porque estão a viver mais tempo."

 

Isso não significa que a população não enfrente dificuldades nos próximos anos. Rogoff admite estar preocupado não com a falta de inovação tecnológica, mas com inovação feita a um ritmo demasiado rápido, que aliene algumas pessoas do progresso. "As coisas podem piorar antes de melhorar."

 

Os desenvolvimentos no mercado de trabalho podem ser especialmente dolorosos. Os postos de trabalho na indústria, que tantos responsáveis políticos prometem recuperar, podem estar perdidos para sempre. "Por volta de 1800, cerca de 80% do emprego estava na agricultura. Os empregos industriais vão desaparecer como desapareceram na agricultura. O problema é inovação muito rápida."

 

Desde sábado, no âmbito do Horasis Global Meeting, Cascais recebeu líderes políticos e empresariais para debater crescimento, liderança, desigualdade e o futuro da humanidade em torno do mote "Building Togetherness".

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