Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Rio mais importante da Europa está de novo em risco

O tráfego intenso de barcos no rio Reno foi interrompido pela primeira vez na história no ano passado, com a diminuição dos glaciares dos Alpes e a seca severa a deixarem a via de transporte intransponível. A situação inédita poderá repetir-se dentro de algumas semanas.

27 de Julho de 2019 às 14:00
  • ...

Com as chuvas escassas, o nível da água na cidade de Kaub - um ponto crítico próximo de Frankfurt - caiu para cerca de 150 centímetros, metade da profundidade de há um mês. A passagem de embarcações mais pesadas já foi restringida, e toda a carga transportada através do rio poderá ser interrompida novamente se o nível das águas cair para menos de 50 centímetros.

Com a ameaça de interrupções no tráfego do Reno, os efeitos das alterações climáticas tornaram-se cada vez mais tangíveis na região. Os incêndios florestais na Suécia, as fortes tempestades no Mediterrâneo e as preocupações do governo alemão com a segurança das estradas na onda de calor de junho chamaram ainda mais a atenção sobre o meio ambiente.

"Eventos climáticos extremos estão a tornar-se mais comuns", disse a chanceler alemã Angela Merkel num podcast semanal este mês. "Temos de fazer mais" para proteger o planeta.

O Reno é fundamental para o comércio na região. A via fluvial mais importante da Europa estende-se por cerca de 1.290 quilómetros através de zonas industriais na Suíça, Alemanha e Holanda antes de desaguar no Mar do Norte, no movimentado porto de Roterdão. É um canal fundamental para o transporte de matérias-primas e mercadorias como carvão, minério de ferro, produtos químicos, fertilizantes e peças para automóveis. A interdição do rio, no ano passado, contribuiu para uma contração da economia alemã.

"Estes períodos em que os níveis da água estão muito baixos são muito penalizadores", disse o ministro dos Transportes da Alemanha, Andreas Scheuer, numa reunião com especialistas em junho para discutir opções que permitam manter o tráfego no Reno. "É prejudicial para a economia alemã e tem implicações para o nosso padrão de vida".

Empresas acima e abaixo do Reno - como a Royal Dutch Shell e a BASF – estão a acelerar os seus planos de emergência: estão a comprar barcos mais pequenos, a garantir meios de transporte alternativos, como camiões, e a reforçar o abastecimento dos seus armazéns para precaver qualquer rutura.

Refletindo a tendência a que se assiste nos Himalaias, nas Montanhas Rochosas e noutras regiões montanhosas do mundo, os glaciares dos Alpes encolheram de forma constante, com o aquecimento global a fazer com a acumulação de neve no inverno não compense o degelo no verão. Significa isto que há cada vez menos água a alimentar os ricos todos os anos. Um estudo da ETH Zurich, realizado em abril, prevê que metade dos glaciares dos Alpes poderá desaparecer dentro de três décadas.

 

Uma questão de sobrevivência

Quando as autoridades alemãs convocaram especialistas no mês passado, revelaram algumas medidas para ajudar a aliviar as preocupações, incluindo melhores sistemas de alerta antecipado para ajudar as empresas a planearem opções de transporte alternativas. Mas as autoridades reconheceram que não podem manter os barcos no rio se o nível da água baixar.

"O Reno é um rio natural", disse Hans-Heinrich Witte, presidente da autoridade alemã dos rios WSV. "Há limites para o que podemos fazer para o manter aberto como uma hidrovia industrial".

Isso é um problema para empresas como a siderúrgica alemã Thyssenkrupp AG, que no ano passado foi forçada a escalonar as entregas para fabricantes como a Volkswagen.

"Recebemos 30 milhões de toneladas de matérias-primas que vêm de Roterdão" pelo Reno, disse Premal Desai, chefe da unidade siderúrgica da empresa sediada em Duisburg. "Para a Thyssenkrupp Steel, o Reno é uma questão de sobrevivência".

Ver comentários
Saber mais Alemanha Rio Reno Suíça
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio