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Resíduos industriais perigosos «são uma vergonha»
«Se há quem se queixe da API, seria bom que cada um dos que se queixa se virasse para si próprio para ver se as razões estão mais do lado da agência ou do lado da máquina que comandas», afirmou hoje Miguel Cadilhe.
«Se há quem se queixe da API, seria bom que cada um dos que se queixa se virasse para si próprio para ver se as razões estão mais do lado da agência ou do lado da máquina que comandam», afirmou hoje Miguel Cadilhe.
Em sessão de balanço dos dois anos de actividade da agência a que preside, Cadilhe respondeu assim a declarações recentes do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e à carta do ministro das Cidades, José Luís Arnaut, enviada ao seu homólogo Álvaro Barreto, contestando a actuação da API num caso concreto.
Miguel Cadilhe considera que «a actuação da API é fundamental para criar um bom clima de investimento e que o tem tentado fazer sem ferir susceptibilidades» mas nem sempre a sua acção é bem compreendida pelos poderes públicos a quem se pede que percebam que «existem para servir o cidadão e não para satisfação própria».
A incapacidade resolver os chamados custos de contexto faz com que em alguns casos «a API perca a face, porque é inexplicável que a situação esteja assim há dois anos e assim se mantenha».
Entre os exemplos que deu, Cadilhe sublinhou o tratamento de resíduos industriais perigosos: «Continuamos a não ter o problema resolvido em Portugal e isto é uma vergonha do ponto de vista da imagem e credibilidade».
«Desde a primeira hora que chamamos a atenção para isto e chegamos a encomendar um estudo sobre municípios com melhores possibilidades de receber uma estação mediante contrapartidas» desabafou, adiantando que «há empresas que transportam resíduos industriais de forma ilegal, clandestinamente, enquanto outras espalham-nos pelo território e um país que se quer desenvolvido não pode virar as costas ao problema».
«Existe uma série de grandes projectos de investimento que não avançam há anos porque não têm um não nem um sim. São milhares de milhões de euros de investimento, mesmo que nem todos se realizassem», foi outro dos exemplos dados.
O presidente da API clarificou que a generalidades deste problemas têm a ver com o Ordenamento do Território e com grandes projectos do Turismo, de que referiu o Plano de Turismo do Vale do Douro, apresentado e aprovado pelo Governo há um ano e meio, mas cujo plano técnico continua a aguardar aprovação.
Nos seus dois primeiros anos de actividade, a API assinou 113 contratos de investimento, que totalizaram 1926 milhões de euros e representaram 4262 novos postos de trabalho e 40.317 postos de trabalho mantidos. Do valor investido, 68% foi assegurado por investimento directo estrangeiro (IDE). A Alemanha foi o maior investidor em Portugal em 2003 e 2004, com 964 milhões de euros. O investimento de empresas portuguesas representou 612 milhões.