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Reino Unido pode negar benefícios sociais a imigrantes da União Europeia
As propostas do Conselho Europeu para convencer o Reino Unido a manter-se na União conferem poderes em matéria de emprego e segurança social, além de garantir excepções na participação no aprofundamento da UE.
As propostas do Conselho Europeu para responder às exigências de Londres em relação ao funcionamento da União Europeia dão ao Reino Unido, assim como aos demais Estados-membros a possibilidade de travar a entrada de imigrantes vindos do espaço da própria União, bem como de condicionar o seu acesso aos benefícios sociais, desde que igual tratamento seja dado aos seus nacionais.
O rascunho da proposta hoje divulgado pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk - e que servirá de base à renegociação do tratado de adesão do Reino Unido à União Europeia - prevê no capítulo "Benefícios sociais e liberdade de circulação" que tanto a União como os Estados-membros de forma isolada podem tomar medidas que, "sem discriminação injustificada (…) evitem ou limitem o fluxo de trabalhadores em tal escala que tenham efeito negativo nos Estados-membros de origem ou de chegada".
Além disso, a proposta ao Reino Unido promete o respeito pela autonomia dos Estados na definição das suas políticas sociais e de emprego, deixando em aberto que o país possa impor condições em relação à concessão de alguns benefícios sociais para "garantir que há um grau real e efectivo de ligação entre a pessoa em causa e o mercado de trabalho do Estado-membro anfitrião".
Por outro lado, o estabelecimento no país de pessoas "economicamente não activas" terá de se subordinar à condição de tanto esses indivíduos, como as suas famílias disporem de "recursos suficientes" para não se tornarem "num fardo" para a assistência social e saúde.
"Os Estados Membros têm a possibilidade de recusar conceder benefícios sociais a pessoas que exercem o seu direito de livre circulação apenas para obter dos Estados-membros assistência social embora não tenham recursos que lhe permitam reclamar o direito de residência", lê-se no documento.
As alterações legislativas a propor pela Comissão permitirão ainda criar um mecanismo de alerta sobre situações de fluxo excessivo de trabalhadores de outros Estados-membros. No caso de a entrada de cidadãos afectar "aspectos essenciais do sistema de segurança social", conduzir a dificuldades sérias no mercado de trabalho ou pôr os serviços públicos do país anfitrião sob "pressão excessiva", aquele Estado pode ser autorizado a restringir o acesso de novos trabalhadores a benefícios socais pelo tempo necessário e até ao máximo de quatro anos. Essa indisponibilidade será total à partida, sendo depois gradualmente dado o acesso à medida que se provar a maior relação do indivíduo com o mercado de trabalho.
Outra das medidas com que Bruxelas se compromete é a indexação dos benefícios auferidos pelas crianças filhas de pais que trabalhem noutro país - e que tenham ficado a residir no país de origem - aos padrões desse mesmo país, uma proposta já defendida pelo Governo de Angela Merkel na Alemanha.
Os Estados-membros passam ainda a poder recusar assistência social (mesmo rendimentos mínimos) a cidadãos da UE que não tenham autorização de residência no país ou só pretendam aí residir para procurar trabalho. E podem vir a ser implementadas medidas restritivas que impeçam indivíduos de permanecer no país quando estes representem "uma ameaça genuína e séria à política ou segurança públicas", baseadas na sua conduta passada mas mesmo que não tenha havido condenação criminal prévia ou haja uma ameaça iminente".
A proposta refere ainda que o "abuso de direitos ou fraude" dão ao Estado-membro a faculdade de implementar medidas de combate à regularização de estadias ilegais, nomeadamente através de casamentos de conveniência.
A primeira discussão destas propostas está marcada para sexta-feira e Donald Tusk espera que possa haver acordo de todos os 28 Estados-membros da União. "Para tal precisamos todos de nos comprometermos. Falhar será comprometer o nosso futuro comum", refere o presidente do Conselho na carta que acompanha a proposta.
(notícia actualizada às 13:18 com mais informação)