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"Wall Street embebedou-se e nós ficámos com a ressaca"

George W. Bush voltou à "ribalta" para defender decisões e também reconhecer erros.

"Wall Street embebedou-se e nós ficámos com a ressaca"
09 de Novembro de 2010 às 09:37
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O ex-presidente norte-americano George W. Bush voltou na segunda feira à "ribalta", com uma entrevista em horário nobre em que defendeu as suas mais difíceis decisões, como a invasão do Iraque e a autorização de tortura a suspeitos de terrorismo.

No resumo de uma hora de uma longa conversa com o jornalista Matt Lauer, a entrevista na NBC marcou o fim de um "auto exílio" desde o fim do segundo mandato de "W", em 2008, e teve como pretexto o lançamento do seu livro de memórias, "Decision Points" ("Momentos Decisivos"), agendado para hoje.

Bush disse ter hesitado em "usar a força" contra o Iraque, posicionando-se mesmo como "uma voz dissidente" dentro da administração, mas que no final não teve "qualquer dúvida" sobre as informações dos serviços secretos de que Saddam Hussein dispunha de armas de destruição em massa.

Mesmo não havendo armas, rejeitou que a invasão tenha sido uma "decisão errada" e disse que "o mundo está melhor" sem Saddam.

"Pedir desculpas [aos norte-americanos pela não existência de armas] iria dizer que foi a decisão errada e não acho que tenha sido isso", disse Bush.

Um erro, reconheceu o ex-presidente republicano, foi declarar num porta-aviões em 2003 que a missão no Iraque estava "cumprida".

"Acontece quando se é presidente. Se pudesse fazer outra vez, diria apenas `vão em frente homens e mulheres, grande missão´, ou qualquer coisa assim", esclareceu.

Confrontado com a autorização de que o alegado mentor do ataque de 11 de Setembro de 2001, Khalid Sheikh Mohammed, entre outros, fosse submetido a uma forma de afogamento simulado, Bush defendeu a legalidade da decisão, que hoje "voltaria a tomar".

"O meu trabalho era proteger a América. Usámos esta técnica em 3 pessoas, deu-nos informação valiosa para proteger o país e foi a coisa certa a fazer", disse.

Bush manifestou-se "enojado" com o tratamento degradante a que prisioneiros iraquianos foram sujeitos na prisão de Abu Ghraib, defendendo a decisão de não aceitar os dois pedidos de demissão do secretário da Defesa Donald Rumsfeld, para evitar um "vácuo no Pentágono" durante um conflito.

Com a entrevista, o 43º presidente dos Estados Unidos (2001-2009) iniciou uma ronda que inclui o popular "talk show" de Oprah Winfrey, hoje, canais de informação como a CNN, Fox News, o apresentador de rádio conservador Rush Limbaugh e até o "Tonight Show" de Jay Leno, a 18 de novembro.

O único assunto tabu na conversa com Lauer foi a administração Obama. “Ele já tem muitos críticos e eu não vou ser um deles", afirmou.

Bush abordou temas pessoais como a sua fase de alcoolismo e a relação om os pais, chegando a chorar quando Lauer lhe releu uma carta do pai, e quando recordou um encontro com familiares de militares mortos em combate.

Sentado num escritório à luz do candeeiro, numa igreja ou no banco de trás de um jipe, Bush respondeu às perguntas por entre imagens do 11 de Setembro, da invasão do Iraque ou das consequências do furacão Katrina.

Durante este desastre, em 2005, faltou "capacidade de resposta em todos os níveis de governo", reconheceu, o que "deu aos críticos oportunidade de minar a Presidência". Sobre a crise financeira de 2008, justificou que o seu pacote de ajuda de emergência a Wall Street (TARP), apesar de impopular, "salvou a economia"

"Wall street embebedou-se, e nós ficámos com a ressaca", disse.

Depois da ronda pela imprensa e televisão, o presidente participa a 16 de novembro na cerimónia de lançamento do seu Centro Presidencial, na Universidade Metodista de Dallas, Texas.

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