Notícia
"Prevemos ter até final do ano 500 megawatts"
O financiamento é uma situação muito complexa. Falta liquidez no mercado.
02 de Novembro de 2010 às 15:35
Aníbal Fernandes
PRESIDENTE DA ENEOP - EÓLICAS DE PORTUGAL
Quantos megawatts (MW) a ENEOP prevê instalar em 2011?
Neste momento temos ligados à rede 400 MW. Prevemos ter até ao final do ano 500 MW e em 2011 mais 250 MW. No total, ficaremos com cerca de três quartos da potência atribuída.
Quais são as necessidades de financiamento ou refinanciamento do consórcio?
Dada a situação económica mundial, não havia capacidade, mesmo com bancos internacionais, para financiar [de uma só vez] a totalidade do portfólio. Dividimos em três lotes. O primeiro foi financiado no ano passado. O valor total foram 510 milhões de euros. Neste momento estamos em fase de conclusão do segundo lote, de 450 milhões de euros. Quanto ao terceiro lote, estamos a prepararmo-nos para iniciar conversações com os bancos a partir de Janeiro de 2011. É uma situação muito complexa. Falta liquidez no mercado. Quando começámos a negociar o primeiro lote tínhamos lançado 20 consultas internacionais e nenhuma aportou uma proposta firme, o que nos obrigou a ter de ir pedir ao BEI. E conseguimos que financiasse este projecto e um "bridge loan" de 25% para trazer a liquidez que os bancos não tinham.
Qual é o potencial português para as eólicas "offshore"?
Sou das pessoas mais prudentes nessa matéria. A plataforma continental portuguesa é complexa: a 50 metros da costa temos 30 metros de profundidade. O ambiente marinho é muito agressivo para os materiais. Quando um promotor eólico tem um parque em funcionamento espera que ele funcione o mais possível, que não haja nenhuma interrupção. Na costa portuguesa, a maior parte dos portos estão fechados durante três ou quatro semanas nas invernias. Quer dizer que se houver uma avaria, é impossível acorrer à manutenção desse equipamento. Esse promotor não produz electricidade, não é remunerado. Isso, somado aos custos exagerados de instalação e manutenção, leva a que se olhe para esta actividade com muita prudência. O maior produtor de aerogeradores do mundo esteve em vias de falência por uma aventura em "offshore" muito além do que era conhecido. Deu um passo maior que as pernas. Nós devemos apostar em inovação, devemos testar sistemas piloto, mas nunca alinhando em aventureirismos. RF/MP