Notícia
"No Orçamento, uma pessoa habitua-se a dormir depressa"
"Senti pressão desde o primeiro até ao último dia", reconhece o antigo secretário de Estado, que elege a fase final de elaboração do orçamento como a mais alucinante de todo o processo.
"Um dia estava eu numa reunião, e sentou-se ao meu lado o José Lello, que tinha acabado de chegar do Brasil. Deu-me um recorte de uma revista brasileira que tinha uma afirmação do secretário de Estado do Orçamento daquele país. Dizia assim: ‘Um secretário de Estado do Orçamento que tem amigos não é um bom secretário de Estado’. Isso diz muito acerca da função". A afirmação é de Fernando Pacheco, antigo secretário de Estado do Orçamento do ministro Joaquim Pina Moura, que não hesita em admitir que os OE lhe deram "muitos cabelos brancos".
Além da definição do cenário macroeconómico, cabe também ao secretário de Estado do Orçamento uma boa parte da tarefa política de negociação com os ministros sectoriais para a fixação dos chamados ‘plafonds’. Fernando Pacheco confessa que "as reuniões são sempre duras", e especialmente trabalhosas em áreas como a educação e a saúde, os ministérios mais ‘pesados’, onde "qualquer derrapagem pode comprometer a execução orçamental de todo o ano". "Todas as áreas que envolvem um bolo muito grande de despesa pública são sempre mais difíceis de trabalhar", explica. E depois, claro, há a pressão. Dos outros. E do tempo.
"Os homens sem sono"
"Senti pressão desde o primeiro até ao último dia", reconhece o antigo secretário de Estado, que elege a fase final de elaboração do orçamento como a mais alucinante de todo o processo. Para descrever o ritmo de trabalho, cita um artigo de Cavaco Silva, onde o Presidente falou dos homens do orçamento como ‘os homens sem sono’. "As noites são curtas. No Orçamento, uma pessoa habitua-se a dormir depressa", acrescenta.
Na recta final, conta, a pressão aumenta e as alterações de última hora podem estender-se até à véspera da entrega na Assembleia da República. "Lembro-me que, num determinado ano, na véspera da entrega, o ministro das Finanças recebeu um colega do governo que queria introduzir alterações no orçamento", recorda Fernando Pacheco.
Depois de muitas directas, e outras tantas noites mal dormidas, o "momento alto" acontece depois da apresentação e aprovação do documento, porque significa que "acabou a primeira fase do processo".
"O secretário de Estado não pode tirar os olhos do Orçamento do Estado até ao dia 15 de Outubro", explica o antigo responsável. "O momento em que se respira de alívio é depois da votação final global, quando o orçamento é aprovado".
Além da definição do cenário macroeconómico, cabe também ao secretário de Estado do Orçamento uma boa parte da tarefa política de negociação com os ministros sectoriais para a fixação dos chamados ‘plafonds’. Fernando Pacheco confessa que "as reuniões são sempre duras", e especialmente trabalhosas em áreas como a educação e a saúde, os ministérios mais ‘pesados’, onde "qualquer derrapagem pode comprometer a execução orçamental de todo o ano". "Todas as áreas que envolvem um bolo muito grande de despesa pública são sempre mais difíceis de trabalhar", explica. E depois, claro, há a pressão. Dos outros. E do tempo.
"Os homens sem sono"
Na recta final, conta, a pressão aumenta e as alterações de última hora podem estender-se até à véspera da entrega na Assembleia da República. "Lembro-me que, num determinado ano, na véspera da entrega, o ministro das Finanças recebeu um colega do governo que queria introduzir alterações no orçamento", recorda Fernando Pacheco.
Depois de muitas directas, e outras tantas noites mal dormidas, o "momento alto" acontece depois da apresentação e aprovação do documento, porque significa que "acabou a primeira fase do processo".
"O secretário de Estado não pode tirar os olhos do Orçamento do Estado até ao dia 15 de Outubro", explica o antigo responsável. "O momento em que se respira de alívio é depois da votação final global, quando o orçamento é aprovado".