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"Este é um tempo de intensa e acesa luta de classes"

No primeiro discurso que fez enquanto secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos atirou ao Governo, atirou ao acordo de concertação social que diz ser uma monstruosidade económica e social. E deixou ainda a ambição de aumentar nos próximos quatro anos a sindicalização em 100 mil trabalhadores.

29 de Janeiro de 2012 às 18:50
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O novo secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, apelou ontem para a unidade na acção a partir dos locais de trabalho, contra a retirada de direitos laborais e sociais.

"A CGTP, hoje mais que nunca, apela à unidade na acção, nos locais de trabalho, contra a retirada dos direitos aos trabalhadores", disse Arménio Carlos, no encerramento do XII Congresso da Intersindical, que decorreu em Lisboa durante dois dias e onde foi eleito o novo secretário-geral da Intersindical.

Para Arménio Carlos, a unidade na acção "não é feita por cima, é feita por baixo", entre os trabalhadores das várias filiações sindicais nos locais de trabalho.

O sindicalista referiu, a título de exemplo, as greves que estão marcadas para 2 e 3 de Fevereiro, nomeadamente no sector dos transportes e aproveitou para apelar para a participação de todos, incluindo dos reformados, na manifestação nacional marcada para 11 de Fevereiro.


O recém-eleito secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, considerou, no discurso de encerramento do Congresso da CGTP, que o acordo assinado em sede de concertação social é "uma monstruosidade económica e social" que agrava a recessão em Portugal.


"O recente acordo de concertação social constitui uma monstruosidade económica e social: a concretizar-se, iria diminuir ainda mais a procura interna ao comprimir os salários e cortar no subsídio de desemprego agravando a pressão recessiva", afirmou Arménio Carlos numa intervenção proferida na sessão de encerramento do XII Congresso da CGTP, que decorreu na sexta-feira e sábado, em Lisboa.

Naquele que é o seu primeiro discurso enquanto secretário-geral, o sindicalista assinalou que "este é um acordo inadmissível", tanto mais quando o país precisa de uma economia assente em trabalho com direitos

"Não o afirmamos somente como central sindical que defende antes de tudo o trabalho, o que o Governo e o grande patronato pretendem é cavalgar na crise, para alterar aspectos essenciais das políticas e da organização económica e social", referiu.

Arménio Carlos reafirmou que "este acordo não é lei" e o que resulta da assinatura do acordo entre o Governo, os patrões e a UGT é "um retrocesso social e civilizacional sem precedentes", uma consequência do acordo entre o Executivo e a 'troika'.

Comprometeu-se, assim, a promover uma mobilização geral de "esclarecimentos, acção e luta, contra estas malfeitorias" para conquistar e defender direitos.

"A luta será decisiva para obstaculizar aquela que é a maior ofensiva desencadeada contra os direitos dos trabalhadores", sublinhou.

Referiu ainda que "o país precisa de romper com esta política de mão de obra barata e sem direitos " e defendeu a contratação colectiva e o diálogo social "sério" nas empresas para que o país ultrapasse os problemas económicos que enfrenta.


Críticas ao Governo

O secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, acusou o Governo de estar a destruir a economia e a promover "perigosas rupturas na sociedade", que se traduzem no sacrifício pelo direito dos trabalhadores e na destruição do Estado Social.

"A política do Governo PSD-CDS está a destruir a economia, a promover perigosas rupturas na sociedade, a subverter os princípios constitucionais, a sacrificar direitos dos trabalhadores e a esvaziar o Estado Social", disse Arménio Carlos na sua primeira intervenção no XII Congresso da CGTP, na qualidade de secretário-geral.

O recém-eleito líder da Intersindical afirmou, na sessão de encerramento do congresso de dois dias, que Portugal e os trabalhadores estão "perante um processo de agiotagem puro e duro".

"Quanto mais pagamos, mais devemos, logo menos soberania temos", sublinhou Arménio Carlos, acrescentando que "os pacotes de austeridade e exploração sucedem-se, sem fim à vista".

No entender do sindicalista, "este é um programa de agressão aos trabalhadores, ao povo e ao país, que se não for travado, terá como consequência, entre outras, a quebra de riqueza para um nível inferior a 2001, a destruição de mais de 400 mil postos de trabalho e uma taxa de desemprego que ultrapassará os 14%".

E advertiu: "Mas não fica por aqui, a dívida pública será de 112%, superior em 20 pontos aquela que existia há um ano atrás".

Por tudo isto, o substituto de Manuel Carvalho da Silva reforçou que "este é um tempo de intensa e acesa luta de classes".

Sindicalizar mais 100 mil trabalhadores

Arménio Carlos lembrou um dos desafios que saem deste congresso - a sindicalização de 100 mil trabalhadores nos próximos quatro anos - e explicou a importância desta aposta para assegurar a autonomia financeira da central.

"Este movimento sindical é independente. O dinheiro desta central só vem dos trabalhadores, é por isso que temos de sindicalizar mais", frisou.

Na longa intervenção que proferiu, a primeira na qualidade de secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos desvalorizou a "polémica" em torno dos resultados eleitorais e enfatizou o rejuvenescimento do movimento sindical.


Explicou que a regra que a CGTP tem relativamente à idade dos sindicalistas assegura esse rejuvenescimento e mostra "o desapego ao poder" dos que saem, pois ajudaram a encontrar soluções para a sua substituição.

Arménio Carlos salientou também a importância do programa de ação e da Carta Reivindicativa ontem aprovados, para o futuro da central.


"Há um compromisso de prosseguir e aprofundar o projeto unitário e democrático da CGTP. É o projecto de todos e não só de alguns", concluiu.




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