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Putin vence quinto mandato. Será Presidente da Rússia por mais seis anos
A informação oficial aponta para números recorde, tanto na taxa de participação nas eleições, como em Putin. O Presidente falou pela primeira vez da morte de Alexei Navalny: "Infelizmente, aconteceu o que aconteceu".
Num discurso de vitória em Moscovo, o antigo agente da KGB falou da "operação militar especial" - termo usado pelo Kremlin para se referir à guerra na Ucrânia -, indicando que será uma questão prioritária deste mandato e que o exército russo será fortalecido, bem como as regiões fronteiriças que têm sido alvo de ataques ucranianos.
Quanto às "esperadas" críticas do Ocidente ao processo eleitoral, Putin desvalorizou: "O que é que esperavam, que nos aplaudissem? Estão a combater contra nós num conflito armado... o objetivo deles é conter o nosso desenvolvimento. Claro que estão prontos para dizer seja o que for".
Putin falou também, pela primeira vez, da morte do opositor Alexei Navalny, dizendo que tinha aprovado previamente uma troca de prisioneiros com o Ocidente. "Infelizmente, aconteceu o que aconteceu. Concordei sob uma condição: trocamo-lo e ele não regressa. Mas é a vida", afirmou.
Putin consegue sempre resultados eleitorais muitíssimo elevados, mas estes foram ainda maiores que os da última eleição, em 2018, quando ficou com 77% dos votos.
Também a taxa de participação é dada como a mais elevada desde 1991: 74,22% - pelo menos seis regiões reportaram uma participação dos eleitores acima de 90%, indica a Bloomberg.
Concorriam oficialmente nestas eleições outros três candidatos, mas nenhum conseguiu mais de 5% dos votos.
Putin, de 71 anos, anunciou em dezembro que seria candidato pela quinta vez, ao fim de 24 anos no poder - destes, quatro foram como primeiro-ministro, de modo a contornar o limite de dois mandatos. Entretanto, alterações constitucionais fizeram com que possa voltar a concorrer em 2030. Putin é já o líder há mais tempo no poder na Rússia desde Estaline.
Os Estados Unidos reagiram aos resultados, dizendo que estas eleições "obviamente que não são livres nem justas", tendo em consideração que Vladimir Putin mandou prender opositores e impede que outros concorram contra si.
Apesar de todas as dúvidas em torno da legitimidade do processo eleitoral, observadores têm apontado a guerra na Ucrânia como um fator unificador do país e que, de facto, reforçou a popularidade do líder. A guerra, agora no seu terceiro ano, tornou-se o maior conflito europeu desde a II Guerra Mundial.
Para Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, Putin está "doente com poder" e "tudo fará para governar para sempre". "Não há legitimidade na sua imitação de eleições", frisou, numa mensagem de vídeo.
Já Pavel Danilin, do Center for Political Analysis, que faz consultoria ao Kremlin, diz que este resultado "dá a Putin todas as hipóteses de implementar qualquer cenário, mesmo o mais difícil, na Ucrânia". "O resultado historicamente elevado é uma garantia de que a maioria da população apoia Putin", acrescenta, em entrevista à Bloomberg.
As eleições russas acontecem na sombra da morte de Alexei Navalny. O opositor - proibido de participar nestas eleições, bem como nas de 2018 - morreu a 16 de fevereiro, quando cumpria pena de prisão numa colónia penal na Sibéria. A sua viúva, Yulia Navalnaya, votou na embaixada em Berlim, após várias horas na fila. Em declarações aos jornalistas, confessou ter escrito "Navalny" no boletim de voto. "Não é possível que um mês antes das eleições, durante a campanha, o principal opositor de Putin, que já estava preso, tenha sido morto", disse, de acordo com a BBC.
Notícia atualizada a 18 de março com o discurso de vitória de Putin