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OCDE: Professores jovens em Portugal representam menos de 2% da classe docente

De acordo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os docentes com idades abaixo dos 30 anos representam uma minoria em Portugal, que se posiciona entre os últimos de uma lista de 39 países.

Bruno Simão/Negócios
08 de Setembro de 2020 às 10:26
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Apenas 2% dos professores do 3.º ciclo e secundário são considerados jovens, um número que cai para 1% entre os docentes do 1.º e 2.º ciclos de escolaridade, segundo um estudo da OCDE hoje divulgado.

De acordo com o relatório anual "Education at a Glance", divulgado hoje pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), os docentes com idades abaixo dos 30 anos representam uma minoria em Portugal, que se posiciona entre os últimos de uma lista de 39 países.

No 3.º ciclo e ensino secundário, a proporção daqueles que no relatório são classificados como "professores jovens" era, em 2018, de apenas 2%, um número inferior à média da OCDE (10% no 3.º ciclo e 8% no secundário).

Mas é entre o 1.º e 2.º ciclos que os docentes nesta faixa são menos (em termos percentuais) representando apenas 1% do corpo docente.

O envelhecimento do corpo docente tem sido uma tendência transversal à maioria dos países da OCDE, que no relatório alerta para uma pressão acrescida sobre os governos nos próximos anos para recrutar e formar novos professores, uma vez que uma grande parte alcança a idade da reforma na próxima década.

Esta tendência, no entanto, é mais acentuada em Portugal e, segundo os dados revelados, entre 2005 e 2018, a proporção de professores jovens no ensino secundário caiu 15 pontos percentuais.

Por outro lado, os professores mais jovens são também, em média, os mais mal pagos e, no mesmo relatório, a organização intergovernamental destaca igualmente o salário dos docentes do ensino público.

Em 2019, os docentes portugueses continuavam entre os mais bem pagos, comparativamente com outros trabalhadores com cursos superiores, ultrapassados apenas pela Lituânia e Costa Rica, que ocupam o 2.º e 1.º lugares, respetivamente, da lista comparativa da OCDE.

Significa isto que, à semelhança daquilo que foi registado no relatório de 2018, os professores das escolas portuguesas ganharam em 2019, em média, mais do que outros trabalhadores com formação superior, quando se compara o salário médio de ambos, uma tendência que contraria a maioria dos países da OCDE, revela um relatório hoje divulgado.

Na maioria dos países, os salários dos professores tendem a aumentar conforme os anos de serviço e experiência, mas em Portugal a diferença salarial entre os docentes em topo de carreira e aqueles em início de carreira é ainda maior.

A média da OCDE aponta para salários entre 78% e 80% mais altos entre as duas classes. Já os docentes portugueses em topo de carreira ganham, em média, mais 116% do que os mais jovens.

Ainda assim, o relatório refere também que em Portugal, entre 2005 e 2019, os professores do ensino básico e secundário com 15 anos de experiência e mais qualificações sofreram, em média, uma redução salarial de 6%, enquanto a média da OCDE aponta para um aumento entre 5 e 7%.

Em Portugal, à semelhança da maioria dos países, os salários dos profissionais representam a maior fatia da despesa pública na Educação (72% no ensino superior e 85% no básico e secundário, em 2017).

Comparando com a média da OCDE, Portugal gastou menos por aluno em 2017, em todos os níveis de ensino, mas dedicou uma maior percentagem do PIB à Educação (5,2%).

Por outro lado, e ao contrário da maioria dos restantes países, as despesas do Estado português por aluno são superiores nas instituições de ensino público, onde a despesa foi de, em média, cerca 8.900 euros por estudante, em comparação com os 7.100 direcionados para cada aluno do privado.

Ainda assim, acrescenta o relatório, entre 2012 e 2017, a despesa pública com a Educação caiu a um ritmo médio de 1,1% ao ano, enquanto o número de alunos diminuiu em média em 2% ao ano.

"Isto resultou numa taxa média de crescimento anual de 0,9% nas despesas por aluno durante este período", explica a OCDE.
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