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Presidente da Finertec confirma reunião com Relvas e Silva Carvalho

O presidente da Finertec confirmou na quarta-feira que teve uma reunião de trabalho com Miguel Relvas e Jorge Silva Carvalho, para prospecção de negócio com o grupo Ongoing no Brasil, ressalvando que desconhecia que Silva Carvalho era ex-director dos serviços secretos.

31 de Maio de 2012 às 07:43
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Em declarações à agência Lusa, Braz da Silva referiu que nessa reunião, em Março do ano passado, a primeira de várias entre a Finertec e a Ongoing, Jorge Silva Carvalho foi apresentado como quadro superior da Ongoing e que desconhecia que este tinha sido director do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Na reunião, adiantou, participou o ministro Miguel Relvas, à época administrador da Finertec.

Braz da Silva relatou que, a 21 de Junho de 2011, já depois de Relvas ter saído, a 05 de maio, da Finertec, a empresa e a Ongoing assinaram um memorando de entendimento, que previa a criação de sociedades participadas pelos dois grupos, para desenvolver negócios no Brasil nas áreas da engenharia, da energia e das Obras Públicas.

O memorando acabou por não ter resultados práticos, ressalvou, acrescentando que a iniciativa de uma parceria entre as duas empresas partiu da Ongoing.

A realização de uma reunião entre os dois grupos, com a participação de Miguel Relvas e de Jorge Silva Carvalho, foi noticiada na quarta-feira pela revista Visão, na sua edição "online".

No mesmo dia, na Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, o ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, confirmou ter estado presente numa reunião entre a Finertec, da qual foi administrador, e a Ongoing, que esteve representada, entre outros, por Jorge Silva Carvalho.

Na mesma audição, Miguel Relvas alegou que nunca estabeleceu nenhum contrato e nunca tratou de negócios da Finertec com o ex-diretor do SIED, acusado no processo das Secretas de acesso indevido a dados pessoais, abuso de poder e violação de segredo de Estado.

Relvas disse que saiu da Finertec a 5 de Maio do ano passado.

No processo das Secretas está também acusado o presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos, pelo crime de corrupção activa, e o director do departamento operacional do SIED, João Luís, que, em co-autoria com Silva Carvalho, é indiciado pelo crime de acesso ilegítimo agravado, acesso indevido a dados pessoais e abuso de poder na forma consumada.

O Ministério Público (MP) concluiu que os três arguidos "agiram em conjugação de esforços e de intentos" e "sempre de forma livre e deliberada, sabendo que as suas condutas eram contrárias à lei".

O MP concluiu também que Silva Carvalho ordenou, entre 07 e 17 de agosto de 2010, ao arguido João Luís que obtivesse os dados de tráfego do número de telefone utilizado pelo jornalista Nuno Simas (então no Público, actualmente na agência Lusa).

O objectivo era saber quais os funcionários das Secretas que poderiam ter sido a fonte de informação de uma notícia do Público sobre o mal-estar causado por mudanças de espiões e dirigentes.

João Luís pediu a Nuno Dias, seu subordinado, que obtivesse os dados. Após aceder indevidamente a dados de um telefone alheio (algo que está vedado às Secretas), Dias entregou a lista a Luís que, no mesmo dia, o transmitiu a Silva Carvalho.

Segundo o MP, Silva Carvalho agiu em execução do acordado com Nuno Vasconcellos e queria provar ao presidente da Ongoing que podia obter, através das Secretas, informação relevante para o grupo.

Jorge Silva Carvalho pediu a exoneração do cargo de director do SIED a 08 de novembro de 2010, tendo, a 02 de Janeiro de 2011, iniciado funções na Ongoing, onde é quadro, mas manteve contactos regulares com dirigentes intermédios do SIED que promovera ou apoiara e continuou a ter acesso a documentação daqueles serviços.

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