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Portugal está menos competitivo do que há um ano

A economia portuguesa é hoje considerada menos competitiva do que há um ano, mostram os dados do ranking do Fórum Económico Mundial (FEM). Ainda assim, não anula os ganhos conseguidos em 2014.

Mario Proenca/Bloomberg
30 de Setembro de 2015 às 11:12
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Portugal foi ultrapassado por países como a Lituânia e a República Checa no ranking de competitividade de 2015. Depois de um salto muito grande em 2014 – passou de 51º para 36º -, a sua posição degradou-se agora para 38º lugar nessa lista de 140 países. O que é que isto significa? Que, em comparação com outras economias, Portugal é visto como menos atractivo para fazer negócio do que era há um ano. A descida não é substancial (duas posições), mas reflecte uma degradação de 0,02 pontos da classificação nacional, para os 4,52 (em 7 possíveis).

 

"Após um período longo de deterioração (2006 a 2013), [Portugal] conseguiu finalmente em 2014 subir 15 posições (de 51º para 36º)", refere o comunicado da publicação. "Mas, em 2015, foi ultrapassado por dois países europeus (a República Checa e a Lituânia), passando para 38º lugar num ajuste técnico da sua pontuação de competitividade para 4,52 (em 7), equivalente a 79% da Suíça, líder nos últimos sete anos."

 

Esta descida no ranking deixa Portugal ainda longe do 22º lugar que ocupava em 2000 (24º em 2004) e torna também difícil o objectivo do programa eleitoral da coligação PSD/CDS-PP de colocar o País no top 25 do FEM.

 

O que piorou? Segundo a apresentação feita esta manhã por Luís Filipe Pereira, presidente do Fórum de Administradores e Gestores de Empresas (FAE), Portugal piorou em infraestruturas, na saúde e educação e na educação e formação, destacando-se ainda pela negativa a disponibilidade de cientistas e engenheiros, a entrada de alunos nas escolas primárias, a regulação dos mercados financeiros e a solidez dos bancos e a qualidade das escolas de gestão.

 

Como se pode observar pelos indicadores que pioraram, o colapso do BES terá tido influência na evolução da classificação portuguesa, como referiu Ilídio de Ayala Serôdio, da PROFORUM Associação para o Desenvolvimento da Engenharia).

 

O FEM aconselha Portugal "a não abrandar o seu esforço reformista com vista a ultrapassar constrangimentos macroeconómicos, como sejam um elevado défice (103ºlugar) e uma enorme dívida pública (135º lugar)", propondo que se fortaleça o "acesso ao crédito (107º lugar)", "a qualidade da educação" (40º lugar) e a "capacidade de inovação(35º lugar)".

 

Onde Portugal melhorou foi na eficiência do mercado laboral e do mercado de bens, na qualidade das instituições e na sofisticação de negócio.

 

O relatório tem alguns elogios a Portugal, colocando-o no grupo de países europeus reformistas, com Espanha, Itália e França. Economias que "têm feito progressos significativos no reforço da competitividade", ao contrário de Chipre ou Grécia. "A ligeira queda de Portugal neste ranking revela apesar de tudo […] uma consolidação dos sinais positivos resultantes do programa de reformas estruturais adoptado nos últimos anos, mais evidentes em áreas relacionadas com o mercado de bens.

 

Os empresários e gestores portugueses consideram que o principal obstáculo a fazer negócio em Portugal é a fiscalidade do país – apesar de os impostos sobre os lucros das empresas até terem descido -, seguido pela ineficiência da burocracia governamental e pelo acesso a financiamento juro da banca. Em quarto lugar ainda a regulação do mercado laboral, que é hoje uma maior preocupação.

 

As limitações do ranking do FEM

Este ranking do FEM é elaborado através da ponderação de 12 áreas de competitividade, às quais são atribuídas várias notas, olhando para estatísticas nacionais e internacionais. Este ano, os líderes do ranking continuaram a ser a Suíça, Singapura e os Estados Unidos. "Quando os investidores querem investir em determinado país, este é um dos indicadores a que recorrem.", explica Luís Filipe Pereira.

 

Contudo, o principal elemento do ranking são as respostas dos empresários e gestores de empresas, que representam mais de 2/3 dos critérios de avaliação. Só um 1/3 da avaliação tem origem em factores quantitativos. Essa é precisamente uma das limitações deste exercício: o seu elevado grau de subjectividade. Isto cria algumas situações bizarras no ranking. Por exemplo, no ano passado, Portugal estava em 111º lugar na eficiência do sistema legal para resolver disputas entre empresas. Uma classificação pior do que Moçambique, Nicarágua ou Burkina Faso. Qual seria a opinião dos empresários portugueses sobre a situação desses países?

 

Além disso, não está aqui reflectida a opinião que têm do país os trabalhadores, os responsáveis políticos ou os académicos. Para elaborar este raking foram consideradas 190 respostas de empresários e gestores portugueses, cuja escolha obedece apenas a critérios de dimensão das empresas, região onde está localizada e sector em que opera.

Luís Filipe Pereira reconhece que "as convicções de cada um [dos que respondem] contam". "Essa subjectividade pode fazer melhorar ou piorar a classificação do país. Quem responde na Suíça é mais objectivo?", questiona.

 

A apresentação do ranking foi realizada na Escola de Direcção e Negócios (AESE), organizada pela PROFORUM (Associação para o Desenvolvimento da Engenharia) o FAE e a Pricewaterhousecoopers.

(Notícia actualizada às 11h49 com mais informação)

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