A Portucel, empresa nacional de pasta e papel, poderá ser obrigada a vender a sua participação de 7% na espanhola Ence, caso vença o concurso público para a aquisição de 24,99% do capital da empresa que são controlados pelo Governo espanhol, noticiou o «Cinco Dias».

De acordo com a legislação espanhola, os detentores de uma participação superior a 25% numa companhia do país vizinho, são obrigados a lançar uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre pelo menos 10% do capital da mesma empresa.

A empresa liderada por Jorge Armindo (na foto) detém uma participação de 7% na Ence, que poderia elevar-se acima dos 31% em caso de vitória no concurso público lançado pelo Governo espanhol, o que levaria à obrigatoriedade de avançar com uma OPA.

Os espanhóis da Caixa Galicia, que formaram um consórcio com o Banco Zaragozano e o Bankinter para concorrer à privatização, controlam uma participação de 3,01% na papeleira do país vizinho, pelo que se encontram na mesma situação.

Segundo o mesmo periódico, a SEPI, entidade detida pelo Governo espanhol e que controla a sua participação na Ence, não pretende que seja lançada uma OPA após a alienação dos 24,99% a um parceiro estratégico, pelo que poderá exigir ao consórcio vencedor que aliene a sua participação.

A Portucel, contactada pelo Canal de Negócios, não se encontrava disponível para comentar.

A Sonae, em associação com o Banco Pastor e as associações madeireiras espanholas Foresgal e Sylvanus, também entrou na corrida à privatização da Ence, mas não se encontra abrangida por esta norma, uma vez que não detém actualmente uma posição no capital da companhia espanhola.

A Tafisa, participada da Sonae Indústria, já deteve uma participação de 8% na Ence, uma posição que foi alienada em 1999.

A SEPI deverá anunciar o vencedor do concurso para a privatização da Ence passado cerca de um mês sobre o dia 7 de Maio, a data em que terminou o prazo para a entrega das propostas.

A SEPI detém actualmente cerca de 51% do capital da Ence, tendo anunciado a intenção de dispersar em Bolsa os 26,01% que não serão vendidos a um parceiro estratégico.

Às 10h52, a Portucel negociava inalterada nos 1,16 euros (232 escudos).