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Ventura alega que o querem prender e afirma que o Chega fará “a revolução”

“É a revolução, a verdadeira revolução que nós queremos fazer em Portugal. Não há prisão que pare essa revolução, porque para prender a um eles terão de nos prender a todos e terão de nos pôr a todos na cadeia, a todos, a todos na cadeia”, exclamou o presidente do Chega.

Estela Silva/Lusa
26 de Outubro de 2024 às 18:43
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O presidente do Chega, André Ventura, alegou hoje que o querem prender e afirmou que, aconteça o que acontecer, o seu partido fará "a revolução" para pôr fim ao "sistema dos últimos 50 anos".

 

André Ventura discursava num palco montado em frente à Assembleia da República, no fim de uma manifestação de apoio às forças de segurança convocada pelo Chega, que juntou entre duas e três centenas de pessoas e levou cerca de 45 minutos a percorrer um trajeto desde a Praça do Município, em Lisboa.

 

"É a revolução, a verdadeira revolução que nós queremos fazer em Portugal. Não há prisão que pare essa revolução, porque para prender a um eles terão de nos prender a todos e terão de nos pôr a todos na cadeia, a todos, a todos na cadeia", exclamou o presidente do Chega.

 

Já no início desta manifestação, o presidente do Chega tinha alegado que o querem prender: "Nós temos um conjunto de vândalos a destruir o país todas as noites. Se quem acabar por ir para a prisão for eu, está tudo errado neste país, está tudo errado na democracia, está tudo errado no Estado de direito que defendemos". 

 

"Em todo o caso, vocês conhecem-me, eu penso que o país me conhece também, eu nunca na minha vida, nunca, fugi à minha responsabilidade", acrescentou.

 

André Ventura referiu que está a ser ameaçado "com processos", sem nunca se referir diretamente ao inquérito que a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu por declarações suas e do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, que corre no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) Regional de Lisboa, nem à queixa-crime que um grupo de cidadãos está a preparar por causa das mesmas declarações sobre a atuação da polícia.

 

"Não há ninguém, nenhum poder neste Estado nem nesta República, que nos parará. Ninguém parará este movimento. Nós somos a única salvação, a última salvação para Portugal", declarou, no palco em frente à Assembleia da República, ladeado por duas bandeiras nacionais em grande formato.

 

O presidente do Chega colocou o seu partido como estando fora da "classe política" e opondo-se ao "sistema dos últimos 50 anos" de democracia em Portugal: "Eles têm 50 anos do lado deles, nós temos a revolução do nosso lado, nós somos os novos, nós somos os inovadores, nós somos o espírito novo deste século, nós somos a novidade, nós somos a revolução, nós somos a transformação".

 

A manifestação do Chega foi convocada como contraponto a outra realizada à mesma hora em Lisboa para reclamar justiça pela morte de Odair Moniz, o homem que morreu baleado pela PSP na segunda-feira na Cova da Moura, na Amadora.

 

No desfile do Chega, que decorreu de forma pacífica, as palavras de ordem mais repetidas foram "polícia sim, bandidos não" e "o lugar do ladrão é na prisão", mas também se gritou "Ventura, Ventura" e "Portugal é nosso".

 

No seu discurso, de vinte minutos, André Ventura reiterou a mensagem, já transmitida aos jornalistas no início, de que o Chega quer mostrar que há "outro país" além do que se manifestava "a um quilómetro ou dois" dali.

 

O presidente do Chega dividiu o país em "dois lados", um que está com "a bandidagem", com "as minorias e os coitadinhos" e "sempre contra a polícia e contra a autoridade", e outro que apoia as forças de segurança.

 

"A toda a bandidagem deste país, nós temos uma mensagem: o vosso país acabou, o vosso país morreu", disse.

 

Ventura sustentou que "estava tudo contra" o Chega e que os seus apoiantes compareceram "sem medo" e, "se for preciso", são "muito mais" do que os "do outro lado".

 

A encerrar a manifestação, ouviu-se o hino nacional e a canção dos Da Vinci "Conquistador".

 

Pelas 17:00, os manifestantes estavam a desmobilizar e ao microfone pedia-se que quem se dirigisse à baixa de Lisboa procurasse "não arranjar confusão", depois de uma semana em que o Chega esteve no centro de várias polémicas.

 

A frase do líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, que suscitou um inquérito da PGR e uma queixa-crime de cidadãos foi dita na quarta-feira na RTP3, sobre as forças de segurança: "Se calhar, se disparassem mais a matar, o país estava mais na ordem".

 

Estão também em causa afirmações do presidente do Chega feitas na terça-feira, aos jornalistas, sobre o polícia que baleou Odair Moniz: "Nós não devíamos constituir este homem arguido, nós devíamos agradecer a este polícia o trabalho que fez".

 

"Nós devemos agradecer-lhe, devíamos condecorá-lo", reforçou Ventura.

 

 

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