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Paul Krugman vem a Lisboa para doutoramento honoris causa

Universidades de Lisboa, Técnica e Nova vão dar ao Nobel da Economia o grau de doutor no dia 27 de Fevereiro

15 de Fevereiro de 2012 às 08:00
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Três universidades de Lisboa vão juntar-se pela primeira vez na sua história para concederem o doutoramento 'honoris causa' a Paul Krugman.

O doutoramento será concedido pelas universidades de Lisboa, Técnica e Nova numa cerimónia que vai decorrer a 27 de Fevereiro, a que se segue uma conferência. O Nobel da Economia de 2008, que conhece Portugal desde que foi estudante no MIT, visita Lisboa na sequência da sua entrada para a Academia de Ciências de Lisboa como correspondente estrangeiro.

A história começa em 2010. A secção de Economia e Finanças da Academia de Ciências, presidida por Manuel Jacinto Nunes, propõe Paul Krugman e Olivier Blanchard para sócios , em substituição de James Tobin.

Logo nessa altura foi decidido convidar Krugman para marcar a sua entrada na Academia, o que vai acontecer agora. Jorge Braga de Macedo tem sido um dos principais dinamizadores da visita do nobel a Portugal, país que conhece desde que estudava no MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Foi no Verão de 1977 que Paul Krugman esteve em Portugal como estudante, integrando uma equipa onde estavam Kenneth Rogoff, Jefrey Frankel e Miguel Beleza com Rudiger Dornbush e liderados por Richard Eckaus. Portugal tem estado presente nas suas análises sobre a crise no euro, quer na coluna no "New York Times" como no blogue.

Uma das últimas referências aos problemas dos países identificados como da periferia do euro foi feita numa entrevista ao "Le Monde", a 30 de Janeiro. Diz Krugman que "para restaurar a competitividade na Europa ter-se-ia de fazer com que, daqui a cinco anos, os salários baixassem 20% em relação à Alemanha nos países menos competitivos ". Volta também a lamentar que o BCE não viabilize um aumento da inflação, uma via que tornaria o ajustamento dos países endividados menos doloroso.

Krugman tem alertado por diversas vezes que, face à impossibilidade de desvalorizar a moeda e sem que os custos salariais alemães aumentem, os países periféricos que enfrentam problemas como os de Portugal, terão de reduzir salários para se tornarem mais competitivos.

Ainda antes de Portugal pedir ajuda externa, em Janeiro de 2011, Krugman colocou um post no seu blogue com o título "Portugal? O Nao!", sem o til. "Parece que Portugal vai ser a próxima peça do dominó do euro", assim começava o texto, avisando que os "preços e custos do trabalho estão desalinhados do resto da zona euro; realinhá-los vai exigir uma dolorosa desvalorização interna". Começou na altura a antecipar o que se está a passar.

PERFIL

O Nobel que conheceu bem Portugal em crise

Verão de 1977, Avenida da República em Lisboa. Uma equipa de estudantes do MIT liderada por Richard Eckaus estudava soluções para a economia portuguesa que na altura estava a ficar sem reservas para pagar as suas exportações. Da equipa faziam parte Paul Krugman, Kenneth Rogoff, Jefrey Frankel, Miguel Beleza e Rudiger Dornbush.

José da Silva Lopes era na altura governador do Banco de Portugal e vivia, ainda antes de se ter pedido ajuda ao FMI, com o pesadelo de não ter reservas em divisas que garantissem o pagamento das importações de bens essenciais.

Em 2010, Paul Krugman recordou esses tempos dizendo que Portugal "era um lugar um pouco louco na altura," vivendo no caos pós-queda da ditadura. A economia tinha estabilizado mas a moeda estava sob forte pressão, com as reservas em divisas a desaparecerem muito rapidamente. Veio a descobrir-se mais tarde que parte das reservas em divisas eram apoderadas pelos bancos comerciais, o que, diz Krugman, tinha a sua graça uma vez que a banca estava nacionalizada.

Paul Krugman é hoje professor na Woodrow Wilson School of Public and International Affairs na Universidade de Princeton e marca regularmente presença no "New York Times".
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