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Os desafios da Apple, agora sem Jobs

Vários são os desafios que enfrenta a maior tecnológica do mundo, agora que perdeu o seu maior criativo e principal responsável pelo sucesso da marca.

06 de Outubro de 2011 às 11:25
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Desta vez, Steve Jobs não regressa à liderança da Apple. Aos 56 anos, o fundador da empresa não conseguiu resistir a um cancro no pâncreas e faleceu ontem. Uma notícia que está a provocar reacções de pesar por todo o mundo.

Na bolsa alemã, as acções da empresa reagem negativamente, com uma queda de 2,66%, tendo já chegado a perder mais de 5%. Mas, apenas às 14h30, horas de Lisboa, será percepcionado o impacto na maior tecnológica do mundo. A companhia representa 15% do índice tecnológico Nasdaq.

Contudo, as empresas rivais asiáticas e europeias seguem a valorizar, impulsionadas pela expectativa de uma maior “fraqueza” da empresa da maçã. A Samsung somou 1,54%, a LG Electronics ganhou 6,33%, a Sony avançou 4,70% e a Nokia valoriza 2,85%.

“A queda desta manhã é uma reacção de choque”, explicou à Bloomberg Andreas Lipkow, “trader” do MWB Fairtrade Wertpapierhandelsbank. “Na sua posição como um visionário, penso que organizou as coisas e que o novo presidente executivo vai conduzir as coisas verdadeiramente bem”, sublinhou o mesmo especialista.

Pelas perdas acumuladas pelas acções anteriormente, por motivo dos afastamentos temporários de Jobs, os analistas temiam, no passado mês de Agosto, que o abandono do cargo de presidente-executivo pudesse traduzir-se em desvalorizações acentuadas. Expectativas baseadas nos desafios que se colocam à companhia agora sob a liderança de Tim Cook.

A 24 de Agosto, Steve Jobs anunciou o abandono do cargo de presidente-executivo da empresa, por motivos de saúde. Nos mês seguinte, as acções subiram mais de 7%, um desempenho que anularam posteriormente, acumulando um saldo nulo desde então.

Desde o regresso de Jobs à empresa, em 1997, as acções acumularam uma valorização superior a 9.000%. E, nos últimos dois anos, período marcado pelas dificuldades da conjuntura macroeconómica, a empresa mais do que duplicou a sua cotação. No mesmo período, a Microsoft avançou cerca de 5%, a Intel somou 14% e a Hewlett-Packard desvalorizou 48%.

Um desempenho justificado pelas fortes vendas dos seus produtos, nomeadamente o iPhone e iPad. E as expectativas dos analistas que acompanham a sua evolução mantêm-se positivas. Dos 49 especialistas que constam da base de dados da Bloomberg, nenhum recomenda “vender” as acções.

O seu preço-alvo médio é de 499,40 dólares, o que representa uma margem de progressão de cerca de 32% face á cotação de fecho de ontem.

A empresa perdeu ontem o estatuto de maior empresa do mundo, por capitalização bolsista, voltando a ser superada pela Exxon Mobil. Apesar de ter terminado a subir 1,54% para os 378,25 dólares, o seu valor de mercado ascendia a 350,67 mil milhões de dólares, ficando abaixo dos 359,55 mil milhões de dólares da petrolífera.

Como manter o ritmo de crescimento e não perder a supremacia?

A morte do fundador da tecnológica ocorreu um dia depois do lançamento iPhone 4S, o mais recente produto da Apple e o primeiro anunciado por Cook, num evento no qual Jobs já não esteve presente, ao contrário do que inicialmente se esperava.

Os analistas que acompanham a empresa acreditam que agora a Apple terá de entrar em novos mercados, manter o programa de expansão para a Ásia e desenvolver a área de “cloud computing”. Tudo para manter o seu ritmo de crescimento.

“O modelo de negócio da Apple vai continuar, mas Steve Jobs era o mais inteligente inventor de produtos e o mais minucioso criador de marca na história”, acredita Daniel Weston, consultor de portfólio no Schroeder Equities GmbH. “Alguém como ele não será substituído ao longo das nossas vidas”, afirmou à Bloomberg.

Já Helena Nordman-Knutson, analista de tecnologia, no Oehman, considera que “as pessoas percebem agora que o Steve Jobs não vai regressar e há um risco de quebra na inovação, porque ele criou os produtos inovadores que criaram a marca fantástica”.

Os receios de que haja um travão na criação de produtos inovadores levam às preocupações de uma diminuição da distância face aos seus rivais mais directos. A relação entre Jobs e a empresa era quase “umbilical”. “Era a Apple do Jobs, não o Jobs da Apple”, afirmou à Reuters Kim Young-chan, analista no Shinhan Investment.

Analistas citados pela Reuters sublinham que a Samsung é uma das empresas melhor posicionadas para revelar produtos com um grau de novidade e excitação próximo da Apple.

“Sem Jobs, os rivais da Apple têm agora algum tempo para se adiantarem e os principais, como o Google, Samsung, Microsoft e Facebook vão tentar preencher a distância”, referiu à Reuters Lee Seung-woo, analista no Shinyoung Securities.

Os analistas e investidores temem que a empresa perca o seu ritmo de lançamento de produtos inovadores e revolucionários, tornando-se uma tecnológica comum. Um receio ao qual só o tempo pode responder.

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