A relação entre Barack Obama e o Congresso deverá ser tensa nos próximos tempos. A Casa Branca apresentou hoje a sua proposta de orçamento para 2016, mas o documento já está a criar fricção entre o presidente norte-americano e a maioria republicana no Capitólio.

O orçamento para o ano fiscal de 2016 vale quatro biliões de dólares no total (3,5 biliões de euros) e contém uma série de programas de estímulos para a classe média norte-americana. Para os pagar, Washington pretende aumentar a carga fiscal sobre as empresas e os mais ricos, algo que é rejeitado pelos republicanos.

"Eu sei que existem republicanos que discordam da minha abordagem. E eu já disse isto antes: Se eles têm outras propostas sobre como podemos manter os Estados Unidos seguros, fazer crescer a nossa economia, enquanto ajudamos as famílias de classe média a sentirem alguma segurança económica, eu dou as boas vindas às suas ideias", disse Barack Obama esta segunda-feira, 2 de Fevereiro, em Washington.

"Mas os seus números têm que fazer sentido. E não podemos andar a brincar à política com a segurança económica das pessoas, ou com a nossa segurança nacional", declarou.

O presidente defende que o seu orçamento "paga-se a si próprio, através de uma combinação inteligente de cortes na despesa e reformas fiscais". E deu um exemplo do que pode ser feito. "Agora, o nosso código fiscal está cheio de omissões para interesses especiais - como o fundo fiduciário que permite aos norte-americanos mais ricos evitar o pagamento de impostos sobre os rendimentos de capital. Eu penso que deveríamos mudar isso e usar as poupanças para cortar os impostos para as famílias de classe média. Isso seria bom para a nossa economia".

O orçamento para o ano fiscal de 2016 prevê um défice de 474 mil milhões de dólares, o correspondente a 2,5% do PIB norte-americano. Ao mesmo tempo, o PIB deverá crescer 3% em 2015 e 2016. Já a taxa de desemprego deverá cair para 5,3% este ano e para 4,8% até final de 2017.

Republicanos criticam aumento de impostos

O Partido Republicano veio a público criticar as opções orçamentais da Casa Branca. "Hoje, o presidente Obama apresentou um plano para mais impostos, mais despesa e mais do mesmo impasse de Washington que falhou às famílias de classe média", reagiu John Boehner, o líder republicano da Câmara dos Representantes, a câmara baixa do Congresso.

"O povo americano não se pode dar ao luxo de ter uma repetição das mesmas velhas políticas", defendeu. Os republicanos deverão apresentar nos próximos tempos a sua proposta de orçamento.

O discurso de Barack Obama teve lugar na sede do Departmento de Segurança Interna, responsável pela segurança interna do país. O gesto foi simbólico por a agência correr actualmente o risco de ficar sem financiamento. 

Este é mais um foco de tensão na relação entre Barack Obama e o Congresso, cujas duas câmaras são actualmente controladas pelo Partido Republicano após as eleições intercalares de Novembro.

O financiamento ao Departamento de Segurança Interna vai agora ser votado em Março, depois de em Novembro a sua votação ter sido adiada. Agora, detendo a maioria sobre o Congresso, os republicanos vão usar este dinheiro para tentar travar a proposta de Obama para reformar o sistema de imigração, que abrange cinco milhões de imigrantes ilegais.