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O adeus às armas de Nino Vieira

Nino Vieira morreu às mãos de militares descontentes, mostrando que afinal a história se repete. O Chefe de Estado guineense havia chegado pela mesma via ao poder em Novembro de 1980, depois de ter derrubado o Presidente da República, Luís Cabral. Só que na ocasião, o golpe militar aconteceu sem derramamento de sangue.

O adeus às armas de Nino Vieira
02 de Março de 2009 às 10:49
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Nino Vieira morreu às mãos de militares descontentes, mostrando que afinal a história se repete. O Chefe de Estado guineense havia chegado pela mesma via ao poder em Novembro de 1980, depois de ter derrubado o Presidente da República, Luís Cabral. Só que na ocasião, o golpe militar aconteceu sem derramamento de sangue.

João Bernardo Vieira nasceu a 27 de Abril de 1939 e foi um dos guerrilheiros mais temidos do PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), durante a guerra colonial. Entre os seus companheiros de armas tinha a aura de ser impiedoso, imbatível, e de conseguir afastar as balas através de poderes mágicos. Electricista de formação, Nino tornou-se rapidamente uma das figuras mais prestigiadas do PAICG, organização criada em 1960 por Luís Cabral, tendo rapidamente subido na hierarquia do movimento.

Após ter atingido a presidência, Nino Vieira suspendeu a Constituição e instaurou um Conselho Militar da Revolução que manteve até 1984, ano em que voltou a instituir um regime civil na Guiné Bissau.

Na primeira vez que promoveu eleições presidenciais na Guiné-Bissau, em 1994, Mino Veira foi o mais votado, mas venceu por escassa margem Kumba Ialá, do PRS (Partido da Renovação Social).

A partir dessa data as acusações de corrupção e favorecimento em torno da sua liderança aumentaram de tom e em 1999, depois de um golpe de Estado liderado pelo brigadeiro Ansumane Mané, Nino Vieira foi obrigado a partir para o exílio. A escolha óbvia foi Portugal e o Chefe de Estado guineense chegou a ficar alojado na casa de Valentim Loureiro. O ex-presidente do Boavista e actual líder da Câmara de Gondomar era amigo de longa data de Nino e chegou a ser cônsul da Guiné-Bissau no Porto.

O cargo de Presidente da Guiné foi então ocupada por Kumba Ialá, mas este acabou por ser também derrubado por militares. Em 2005 Nino Vieira voltou à Guiné e candidata-se à presidência da República, tenho ganho o sufrágio à segunda volta com 52,35% dos votos.

Apesar dos actos eleitorais, a partir de 1999 a situação na Guiné-Bissau foi-se deteriorando progressivamente, as purgas políticas tornaram-se frequentes e os investidores estrangeiros foram abandonando o país, descrentes no seu futuro. Nos últimos tempos, a Guiné-Bissau foi sendo referenciada como um narco-Estado, dominado pelos barões da droga, com a conivência do poder.

O assassinato de Nino Vieira é mais um triste voltar de página na história de um país onde a estabilidade política e social se transformou praticamente num mito.

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