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Novo revés no Brexit: UE rejeita última proposta de Londres para as pescas
A nove dias do final do período de transição, a UE rejeitou a mais recente oferta do Reino Unido para superar o obstáculo das pescas. As negociações continuam mas não há ainda sinal de entendimento.
A União Europeia rejeitou a mais recente proposta do Reino Unido para superar o impasse em torno da questão das pescas, segundo dois responsáveis europeus, citados pela Bloomberg.
Na segunda-feira, Londres havia apresentado uma oferta que se traduziria num corte de 30% no volume das pescas da UE em águas britânicas, depois de ter insistido anteriormente numa redução de 60%. A concessão do Reino Unido não foi suficiente para os responsáveis europeus pelas negociações, que insistiram que o corte não deverá ser superior a 25%, sublinhando que mesmo esse valor era difícil de aceitar para países como França e Dinamarca.
Esta falta de entendimento representa mais um revés para o Brexit, quando faltam apenas nove dias para o final do período de transição e ainda não há sinais de entendimento entre Londres e Bruxelas sobre a futura relação comercial entre as partes.
No que respeita às pescas, há outro ponto a separar Londres e Bruxelas além do volume que será autorizado aos Estados-membros em águas britânicas. É que os dois lados ainda não chegaram a um entendimento sobre o período de tempo que será dado aos pescadores para se ajustarem às novas regras. O Reino Unido sugere um período de transição de cinco anos – depois de ter exigido apenas três - enquanto a UE, que exigia uma transição de 10 anos, está disposta agora a aceitar apenas sete.
Além deste tema, que tem sido um dos principais obstáculos a um entendimento, o Reino Unido também se opõe à exigência da UE de que o bloco possa impor tarifas retaliatórias, especialmente sobre a energia, no caso de o Reino Unido voltar atrás em qualquer acordo que seja fechado sobre as pescas, um conceito conhecido como retaliação cruzada. O Reino Unido disse que está preparado para aceitar multas nessa área – das pescas - mas não em outras.
Embora a questão das pescas seja financeiramente insignificante - os dois lados estão a regatear cerca de 33 milhões de euros em peixe por ano - os britânicos veem o controla das suas águas como um elemento-chave da soberania que pretendem agora restaurar com o Brexit.
A UE, por seu lado, não quer dar acesso ao seu mercado único sem manter os direitos de pesca em troca.
A Comissão Europeia está nesta altura a consultar os Estados-membros sobre a oferta britânica, e Michel Barnier, o principal negociador do bloco, deve informar os seus 27 embaixadores por volta das 16h00 em Bruxelas.