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Novo livro retrata o lado mau de se ficar rico

A acumulação de riqueza parece mais um vício destrutivo do que um caminho ao progresso pessoal. A riqueza "não leva à realização pessoal ou financeira, e acaba-se por cair", disse Greenfield, numa entrevista por telefone.

Reuters
23 de Abril de 2017 às 13:00
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Numa foto, Florian Homm, o gerente de hedge funds alemão formado em Harvard que ganhou e perdeu uma fortuna pessoal de mais de 800 milhões de dólares, posa num bordel alemão do qual ele já foi um dos donos.

 

Noutra, Imelda Marcos, a ex-primeira-dama das Filipinas acusada de roubar milhares de milhões dos cofres públicos, está sentada no seu apartamento em Manila, com um Picasso com moldura de ouro, na parede.

 

Mais adiante, Huang Qiaoling, um milionário chinês de 43 anos, é fotografado a andar da sua mansão, construída como uma réplica de tamanho natural da Casa Branca, até seu Mercedes Classe S com motorista.

 

Dúzias de outras imagens igualmente pródigas e desconcertantes ocupam as páginas de Generation Wealth (Phaidon, 2017), uma monografia de 504 páginas feita por Lauren Greenfield que será publicada a 15 de Maio.

 

Greenfield, fotógrafa que passou os últimos 25 anos a documentar os símbolos de riqueza, classe e status, oferece um resumo dos hábitos de gastos de tribos ultra-ricas: gestores de ‘hedge funds’ em Nova Iorque como "Suzanne", seguida por Greenfield durante vários anos na sua tentativa de ter um filho; executivos do entretenimento como Brett Ratner, que aparece em St. Barts com um cartão American Express Platinum colado na testa; industriais como Renzo Rosso, o milionário italiano de roupa, que mostra a academia doméstica da sua vila do século XVIII; e David Siegel, "o rei da co-propriedade", que juntamente com a sua esposa, Jackie, se transformaria no sujeito do documentário de Greenfield "Queen of Versailles".

 

As fotos de Greenfield, acompanhadas de ensaios e entrevistas, começam na década de 1990 em Los Angeles, no momento em que debutantes de Beverly Hills e rappers de Compton trocavam aspirações culturais e quando a cirurgia plástica estava a ir além de "socialites" idosos e a passar para adolescentes obcecadas com a imagem. Uma adolescente de Malibu, fotografada numa festa na piscina três dias depois de operar o nariz, diz: "Entre as minhas 10 amigas, seis de operámos alguma coisa".

 

Fábula

 

Através da lente de Greenfield, a acumulação de riqueza parece mais um vício destrutivo do que um caminho ao progresso pessoal. A riqueza "não leva à realização pessoal ou financeira, e acaba-se por cair", disse Greenfield, numa entrevista por telefone. "A trajectória dos últimos 25 anos não é sustentável em muitos níveis – ambientalmente, moralmente, espiritualmente ou em comunidades e famílias."

 

Não que Greenfield seja particularmente anti-materialista ou anti-capitalista. Greenfield filma como documentarista, com empatia e sem julgar, quando encontra mulheres que usam cirurgias plásticas para lidar com conflitos familiares ou ladrões de colarinho branco como Jay Jones, o fundador da Commercial Financial Services, que perdeu a sua fortuna de 500 milhões de dólares, demitiu quase 4.000 funcionários e passou mais de três anos na cadeia após ser indiciado por uma conspiração por cometer fraudes. "Eu acho que o livro funciona como fábula", disse Greenfield.

 

Contudo, além desses exemplos extremos, aparece o que Greenfield descreve como a "homogeneização" da elite global. Há 50 anos, os ricos do mundo variavam segundo o país (se não a cidade ou a rua). Hoje, diz Greenfield, "em St. Moritz, os russos misturam-se com os franceses e com os britânicos. Todas as nacionalidades são bem-vindas para compartilhar champanhe e o que houver". Em outras palavras, talvez os ricos não sejam como o restante de nós, mas eles são – pelo menos neste livro – muito parecidos entre si.

 

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