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Morreu principal opositor russo Alexei Navalny

Navalny terá morrido na prisão, de acordo com fontes da administração russa. A União Europeia responsabiliza Moscovo pela morte do opositor ao regime de Vladimir Putin.

EPA/Lusa
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O mais importante líder da oposição russa na última década, Alexei Navalny, morreu aos 47 anos na colónia penal onde estava detido desde dezembro, na remota região do Círculo Polar Ártico, avança esta sexta-feira a agência Bloomberg, citando a agência russa Interfax com base em fontes da administração local. Desde 2021 que Navalny estava preso na Rússia, mas só agora foi transferido para este estabelecimento prisional de alta segurança. Antes disso estava localizado a apenas 200 quilómetros da capital russa, até desaparecer do radar, por três semanas. 

Visto como o maior opositor do Kremlin, Navalny foi condenado a uma pena de 19 anos de prisão por crimes políticos, que estava a cumprir na colónia IK-3 em Kharp, a cerca de 1.900 quilómetros de Moscovo.

A sua morte acontece pouco antes das eleições presidenciais na Rússia, marcadas para 17 de março, nas quais Putin se candidatará ao seu quinto mandato, o que poderá mantê-lo no poder até 2030.

Por seu lado, a Reuters também avançou a notícia da sua morte , citando um comunicado publicado no site do Serviço Penal Federal do Distrito Autónomo de Yamalo-Nenets, onde Navalny cumpria pena. Segundo o documento, o opositor do regime de Vladimir Putin "sentiu-se mal" depois de uma caminhada esta sexta-feira e "perdeu a consciência quase imediatamente".

De acordo com o comunicado, a equipa médica foi chamada e realizou manobras de reanimação durante 30 minutos, mas não conseguiu salvar Navalny. "Os médicos declararam o prisioneiro morto. A causa da morte está a ser estabelecida", refere o documento. De acordo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, o Presidente russo Vladimir Putin já informado sobre a morte de Navalny. "Foi relatado ao Presidente", disse Peskov aos jornalistas, acrescentando que "caberá aos médicos esclarecer" a causa da morte.

O advogado de Navalny, Leonid Solovyov, disse para já aos meios de comunicação russos que não fará comentários. De acordo com a Al Jazeera, Solovyov está já a caminho da colónia penal IK-3. Por seu lado, Kira Yarmysh, porta-voz de navalny, escreveu na rede social X que a sua morte ainda não pode ser confirmada. 

"A prisão está a anunciar a morte de Navalny, mas ainda não temos qualquer confirmação", escreveu. 

Em 2020, o opositor de Putin sobreviveu a uma tentativa de envenamento. O Kremlin negou ter tentado matá-lo e disse não haver provas de que tenha sido, de facto, envenenado.

EUA e UE aponta o dedo à Rússia e fazem escalar tensão com Kremlin


Em reação às notícias da morte do opositor russo, a União Europeia rapidamente veio responsabilizar Moscovo pela morte de Navalny, disse o presidente do Conselho da UE, Charles Michel. "Alexei Navalny lutou pelos valores da liberdade e da democracia", disse Michel numa publicação na rede social X, reportou a Al Jazeera. 

"Pelos seus ideiais, ele fez o sacrifício final. A UE considera o regime russo o único responsável por esta morte trágica".

Mais tarde, também os EUA vieram dizer que a Rússia é "responsável pela situação que levou à morte do opositor Alexei Navalny", que "sublinha a fraqueza e a corrupção" do regime de Vladimir Putin. "Esta morte numa prisão russa e a fixação e o medo de um homem apenas sublinham a fraqueza e a corrupção em torno do regime que Putin construiu. A Rússia é responsável por esta situação", declarou, disse hoje o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken à margem da Conferência de Munique sobre Segurança, na Alemanha.

No mesmo evento, a vive presidente americana, Kamala Harris, disse que a morte do opositor russo é "mais um sinal da brutalidade de Putin". "Vamos ser claros: A Rússia é responsável". Em 2021, o Presidente norte-americano Joe Biden avisou que se a Rússia tentasse assassinar Alexei Navalny "as consequências seriam devastadoras" para Putin


Do lado da Rússia, a porta-voz do ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que as acusações do Ocidente sobre a morte do líder da oposição eram "auto-reveladoras". Num comunicado publicado na aplicação de mensagens Telegram, Zakharova disse que os resultados forenses sobre a morte de Navalny ainda não estavam sequer disponíveis, mas ainda assim o Ocidente já tinha chegado às suas próprias conclusões.

Em Portugal, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, também responsabilizou Putin pela morte de Alexei Navalny, homenageando o opositor do Kremlin pela sua resistência e luta pela democracia na Rússia. "Putin, que exerceu o seu poder arbitrário prendendo-o em circunstâncias cada vez mais draconianas, é responsável pela sua morte" escreveu na rede social X. "Presto homenagem a Alexei Navalny, que resistiu ao regime de Putin e lutou pela democracia na Rússia", acrescentou o ministro. 

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse ser "óbvio" que Navalny foi morto pelo Presidente russo e que este deve ser responsabilizado. "Obviamente ele foi morto por Putin. Tal como milhares de outros que foram torturados", disse Zelensky, defendendo que Putin deve ser obrigado a "perder tudo e a ser responsabilizado pelas suas ações".

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, escreveu na mesma rede social que "o mundo perdeu um lutador cuja coragem ecoará por gerações". "Estou horrorizada com a morte do laureado com o Prémio Sakharov, Alexei Navalny. A Rússia tirou-lhe a liberdade e a vida, mas não a dignidade. A sua luta pela democracia continua viva". 

Já a Alemanha, pela voz do chanceler Olaf Scholz, disse que o opositor "pagou pela sua coragem com a vida", condenando a sua morte. O governante recordou as ocasiões em que conversou com Navalny sobre os motivos que o levaram a regressar à Rússia depois de recuperar, em Berlim, de uma tentativa de envenenamento. "Ele agora pagou por essa coragem com a vida", disse Scholz.

Por seu lado, o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Stephane Sejourne, disse também na rede social X que "Alexei Navalny pagou com a vida pela sua resistência a um sistema de opressão". "A sua morte numa colónia penal lembra-nos a realidade do regime de Vladimir Putin", disse Sejourne, expressando condolências à família de Navalny e ao povo russo.

O Presidente da Letónia não hesitou em dizer que Navalny foi "brutalmente assassinado pelo Kremlin". "É um facto e é algo que devemos saber sobre a verdadeira natureza do atual regime da Rússia", disse Edgars Rinkevics na rede social X.
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