Notícia
Morreu o antigo ministro das Finanças João Salgueiro
O Presidente da República publicou uma nota de pesar pelo falecimento do economista.
O economista e antigo ministro das Finanças João Salgueiro morreu aos 88 anos.
O anúncio foi feito pela Presidência da República.
O chefe de Estado recorda o percurso de Salgueiro, que se formou "no ISCEF, hoje ISEG, onde ensinou, teve um papel particularmente importante no planeamento económico, no nascimento das regiões plano, que viriam a dar origem às CCDR, na tentativa, falhada, de modernização no tempo de Marcello Caetano, no setor bancário público nos anos 70 e 80, no Ministério das Finanças, na liderança de uma das mais importantes sensibilidades dentro do PPD-PSD e, durante 50 anos, na SEDES, de que foi inspirador, presidente e figura tutelar, na transição para a a Democracia e até ao século XXI".
Em 2021 Marcelo Rebelo de Sousa atribuiu a Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique a Salgueiro, e na nota de pesar evocou "o seu constante e sempre prospetivo contributo cívico".
João Salgueiro passou pela banca, enquanto administrador da Caixa Geral de Depósitos, e pelo Governo em dois momentos: foi subsecretário de Estado do Planeamento ainda antes da chegada da democracia, entre 1969 e 1971, e depois ministro de Estado e das Finanças e do Plano, entre 1981 e 1983.
Foi ainda deputado eleito pelo PSD, vice-governador do Banco de Portugal, presidente da Associação Portuguesa de Bancos e presidente do Banco de Fomento Exterior e vice-presidente do Conselho Económico e Social.
O eurodeputado Paulo Rangel já lamentou a morte do social-democrata no Twitter.
Conheci bem João Salgueiro: um homem culto, inteligente e patriota. De espírito livre e independente, preocupado com o seu país e as suas gentes. Com os olhos e o coração nos mais vulneráveis. Um social democrata de gema, moderado e realista. À família, um sentido abraço. @ppdpsd
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) February 18, 2023
Uma voz sempre presente
João Salgueiro foi uma figura sempre respeitada no meio económico e financeiro, e mesmo depois de sair dos cargos mais relevantes que ocupou nunca deixou de estar presente na praça pública, onde expressava as suas opiniões - frequentemente críticas - sobre a atualidade do país.
Foi o caso em 2017, quando disse ao Negócios e à Antena 1 que a venda do Novo Banco à Lone Star era "inexplicável", e acusou a União Europeia de estar "a criar bancos muito grandes, intencionalmente, e poucos".
"A União Europeia gostava de acabar com todos os bancos portugueses, penso eu, quanto muito ficava a Caixa", argumentou.
A Associação Portuguesa de Bancos, da qual João Salgueiro foi presidente entre 1994 e 2009, numa nota de pesar, afirma que o economista "deixa uma marca indelével na sociadade portuguesa, cujo desenvolvimento sempre norteou a sua ação".
O PSD, partido onde João Salgueiro miltitou, também deixou a sua homenagem através da declaração que aqui se reproduz.
"O seu percurso de vida acompanha a história do PSD e de Portugal. Foi um notável cidadão, economista exímio e respeitado e, por diversas vezes, foi chamado ao exercício de funções públicas, cumprindo-as e distinguindo-se com inteligência, seriedade e amor à liberdade.
O doutor João Salgueiro pensou e fez pensar Portugal, tendo sido co-fundador da SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social. O seu legado ultrapassará o seu desaparecimento.
Neste momento de consternação, o PSD expressa a mais sentida gratidão pelo trabalho e dedicação à causa pública do doutor João Salgueiro, e apresenta condolências à sua família e amigos".
Recorde a entrevista na íntegra ao Negócios e Antena 1