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Moody's prevê menor crescimento e mais défice do que o Governo este ano
A Moody's emitiu uma nota de análise sobre Portugal, onde explica quais são os riscos e os potenciais catalisadores para o "rating" do país. E está menos otimista em relação à evolução da economia e do défice para 2019.
A Moody’s emitiu uma nota onde atualiza a sua opinião sobre o crédito de Portugal. A agência realça que o país conta com "uma diversificação da economia, um nível relativamente elevado de riqueza e instituições muito fortes."
"A recuperação económica em curso deve resultar num crescimento de 1,7% este ano, enquanto a forte consolidação orçamental deverá apoiar" os próximos orçamentos. "O principal entrave para o crédito de Portugal continua a ser os muito elevados níveis de endividamento do Estado e do setor privado e um fraco setor bancário".
"O crescimento está a abrandar, mas a economia portuguesa tornou-se mais resiliente" e a desaceleração está ligada ao "enfraquecimento da procura externa e um abrandamento do turismo", realça.
Depois de um crescimento económico de 2,1% no ano passado, a Moody’s prevê que o produto interno bruto (PIB) nacional volte a travar o seu ritmo de crescimento para 1,7% este ano, o que compara com a previsão de 2,2% do Governo. E diz ainda que posteriormente, a expansão económica de Portugal deverá "convergir com o que [a Moody’s] considera ser a taxa potencial" de crescimento que é de 1,5%.
A agência de notação financeira realça as "perspetivas favoráveis" no que respeita às contas públicas, com 2019 a manter a consolidação orçamental. A Moody’s adianta que o défice orçamental de 2018 deverá ter ficado nos 0,7% do PIB e, em 2019, deverá rondar os 0,6%, um valor superior à previsão do Executivo, que aponta para um défice de 0,2%. A justificar esta diferença estará o abrandamento da economia, realça a agência.
A pesar continua o facto de Portugal ter "um dos maiores fardos de dívida" entre os países analisados pela Moody’s.
Então o que pode contribuir para uma melhoria do rating de Portugal? "Se as melhorias económicas e orçamentais forem suficientes para suportar uma aceleração na redução do endividamento", realça a Moody’s, que explica que para isso será necessário que se implementem reformas macroeconómicas robustas. Além disto, algumas medidas orçamentais podem ajudar o país a tornar-se "mais resiliente a futuros choques, o que se refletirá numa queda significativa e consistente do défice estrutural" e isso levaria a "uma revisão em alta do ‘rating’",admite.
Mas também há nuvens no horizonte. E há fatores que poderão ditar um corte na notação financeira do país. Se "o compromisso do Governo com a consolidação orçamental e com a redução da dívida esmorecer" ou se não houver apoio político para que se prossigam com políticas orçamentais prudentes, devido às eleições legislativas deste ano, poderá haver uma revisão negativa.
Mas não só. Se as perspetivas de crescimento "enfraquecerem", se houver "uma subida acentuada nas taxas de juro", ou se "houver a necessidade de apoio financeiro significativo para o setor bancário", o que terá peso nas contas públicas, poderá levar a uma revisão em baixa.
A Moody´s alerta ainda para que se houver "uma reversão das reformas - que incluem pensões ou o mercado de trabalho – poderá haver uma pressão" sobre o "rating" do país.
A Moody’s tem um "rating" de 'Baa3' para a dívida soberana, depois de, em outubro, ter retirado Portugal do patamar considerado "lixo". Este é apenas um nível acima desse patamar, mas significa qye a Moody’s já coloca a dívida de Portugal num grau de investimento de qualidade. A agenda desta agência previa a possibilidade de haver uma atualização do rating na última sexta-feira, 15 de fevereiro, o que acabou por não acontecer. Prevê-se agora que possa emitir uma nota em agosto.