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Mobilidade caiu 10% na primeira segunda-feira do confinamento. Novas medidas “não vão ter efeito relevante”

Análise da consultora PSE, que mede os níveis de mobilidade dos portugueses, conclui que as orientações para ficar em casa estão a ser cumpridas "de forma muito ligeira" e abaixo dos níveis do primeiro confinamento. Fecho de escolas é "imprescindível" para reduzir deslocações.

19 de Janeiro de 2021 às 10:46
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Os portugueses estão a cumprir de forma "muito ligeira" a orientação do Governo que determina a permanência em casa. Num relatório divulgado esta terça-feira, quatro dias depois da entrada em vigor do novo confinamento, a consultora PSE, que mede o índice de mobilidade dos portugueses, conclui que a redução das deslocações verificada nos últimos dias "nada se compara com o primeiro "lockdown" que sofremos", em março e abril do ano passado. 

Esta segunda-feira, a primeira do confinamento, a mobilidade caiu 10% face a um dia "normal", ressalva a PSE. Cerca de 41% dos portugueses ficaram, efetivamente, em casa. Um valor que compara com os 65% registados no primeiro confinamento do ano passado. O índice de mobilidade foi de 80, ou seja, "apenas 20 pontos menos do que a mobilidade normal (100) que existia antes desta pandemia". Na prática, "o dia 18 janeiro teve uma mobilidade apenas um pouco menor, comparativamente a um dia útil normal pré-covid". 

"Não é expectável que o crescimento pandemia seja travado sem conseguirmos um índice de mobilidade igual ou inferior a 60% da mobilidade 'normal', anterior ao covid. E, consequentemente, cerca de 50% da população em confinamento em casa", aponta o relatório da PSE.

Os dados do relatório são "claros ao indicar que os portugueses cumpriram de forma muito ligeira a orientação para 'ficar em casa' deste o início do novo estado de emergência".

A 11 de janeiro, por exemplo, havia 30,5% da população em casa, "um nível apenas 5 pontos percentuais acima dos valores pré-pandemia". Já na passada sexta-feira, o primeiro dia do confinamento, 39,5% dos portugueses ficaram fechados no domicílio. "Tanto na sexta-feira como na segunda-feira, a quantidade de pessoas em circulação foi de 60%. Isto significa que as medidas retiraram apenas 10 pontos percentuais. da população em circulação até ao momento. E aumentaram o Confinamento em Casa de 31% no dia 11 de janeiro para 41% no dia 18 de janeiro".

Antes do anúncio das novas medidas, a quantidade de população em circulação na via pública era, em média, de 70% nos dias úteis e 40% aos fins-de-semana. Mesmo depois de António Costa ter anunciado o encerramento do comércio, entre outras restrições, "a quantidade de população em circulação não se alterou em comparação com os fins-de-semana anteriores".
As medidas "tiveram impacto apenas na redução da mobilidade em dias úteis, mas de forma ténue". 

De acordo com os especialistas da PSE, "controlar a mobilidade tem impacto, quer na incidência, mas também na mortalidade", de acordo com vários estudos científicos. Para que o indice de mobilidade seja mais reduzido, "o fecho das escolas é a medida imprescindível", defende a consultora.

Para controlar a mobilidade e, desta forma, o agravamento da pandemia, "seria necessário controlar o stock de pessoas que se movimenta diariamente de forma persistente, pelo menos durante um a dois meses, com um confinamento mínimo de 50% da população, ou um índice de mobilidade de 60% (que agora está nos 80%)", ressalva o estudo. 

A PSE antecipa ainda que o agravamento das medidas anunciado esta segunda-feira pelo primeiro-ministro terá "pouco impacto na mobilidade". Entre as novas restrições está a proibição de vender bens ao postigo, a interdição de permanecer em espaços públicos, como jardins e o impedimento de circular entre concelhos ao fim de semana. "Durante o fim de semana a população já está naturalmente mais confinada", ressalva a análise da PSE. O que significa que as novas medidas "deverão reduzir as distâncias percorridas pelos portugueses (pela inibição de circulação entre concelhos), mas poderão manter a mesma quantidade de pessoas em circulação num menor período de tempo e ainda promover a concentração de pessoas até às 13h00, durante os fins de semana", conclui-se.
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