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Ministro da Economia: “A pobreza é uma falha de diferentes governos”
António Costa Silva lamenta a pobreza que atinge dois milhões de pessoas em Portugal, sendo que “só podemos ser um país desenvolvido se as pessoas puderem viver de forma decente. Não há liberdade sem dignidade”, defendeu.
"A pobreza é uma falha de diferentes governos ao longo do tempo. Continuamos a viver num país que tem dois milhões de pessoas pobres. Nos últimos anos, o salário mínimo nacional cresceu cerca de 70% e o salário médio cresceu cerca de 40%. Ainda é pouco. Só podemos ser um país desenvolvido se as pessoas puderem viver de forma decente. Não há liberdade sem dignidade", defendeu o ministro da Economia na conferência "Portugal: um país condenado à pobreza?", que se realizou esta quarta-feira, 13 de dezembro, em Vila Nova de Gaia.
"As pessoas têm privações várias, é uma responsabilidade dos governos e da sociedade de encontrar formas de superar esse desidrato", preconizou António Costa Silva, para quem "somos um país que passa a vida a discutir distribuição da riqueza. A questão fulcral é como é que vamos criar mais riqueza", sinalizou.
"Hoje em dia, quando olho para a economia portuguesa, as fronteiras entre os setores primário, secundário e terciário são cada vez mais móveis. Será um dos fatores transformadores da economia, porque todo o setor terciário está em transformação por causa das novas tecnologias. O ciberespaço vai transformar economia", avisou.
O economista acredita que a transferência das novas tecnologias para as empresas pode fazer transformações três vezes mais rápidas do que a revolução industrial e a uma escala 300 vezes maior.
Por outro lado, Costa Silva quer ver Portugal "protagonizar "a nova geração de indústrias verdes, em áreas como o aço, a energia solar, os carros elétricos e a substituição do plástico para o bioplástico.
"Não queremos ter energias renováveis para ter energias renováveis. É fulcral mudar a matriz energética para fazer face às alterações climáticas", frisou.
De resto, considera que, nos últimos anos, os governos cometeram o erro de "travar a industrialização do país", a qual, afiançou, é a base da produção de valor de Portugal.
Para aumentar e desenvolver a economia portuguesa, defendeu ainda que é "crucial" apostar na qualificação das pessoas e dos recursos humanos.
"No fim de 2022, dos cinco milhões de pessoas a trabalhar no país, cerca de 1,5 milhões têm formação superior", números que, sublinhou o ministro, trazem mais inovação e produção de valor acrescentado, com capacidade de reconfigurar as cadeias.
António Costa Silva relembrou que o Governo está em gestão mas que "o país e a Administração Pública não estão em gestão".