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Lula promete austeridade fiscal, pagar dívida e controlar inflação

O presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, afirmou hoje que quer prosseguir uma política de austeridade fiscal traduzida no controlo da inflação, no pagamento da dívida externa e na redução da despesa da Administração Pública.

28 de Outubro de 2002 às 19:59
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O presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, afirmou hoje que quer prosseguir uma política de austeridade fiscal traduzida no controlo da inflação, no pagamento da dívida externa e na redução da despesa da Administração Pública.

As declarações foram feitas na primeira conferência de imprensa como presidente do Brasil, após as declarações de vitória ontem proferidas, e constituem a mensagem que o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) tentou passar durante os últimos dias da campanha eleitoral.

Lula da Silva garantiu ontem a vitória com a maior margem de sempre numas eleições presidenciais no Brasil, ao averbar 61% dos votos válidos, enquanto o seu rival da segunda volta e candidato de Fernando Henrique Cardoso, José Serra do Partido Social Democracia Brasileira (PSDB), garantiu 39% dos boletins.

«Tal como dissemos na nossa campanha, a nossa liderança honrará os contratos efectuados pelo Governo (anterior) e não negligenciará o controlo da inflação e manterá, tal como todos os Governos do PT, uma postura de austeridade fiscal», afirmou Lula da Silva, segundo as agências internacionais.

Os investidores estarão concentrados nos anúncios de Lula agendados para amanhã, altura em que deverá revelar uma equipa de transição até à tomada de posse em Janeiro de 2003, devendo a mesma incluir amigos de longa data e membros do PT como José Dirceu e António Palocci.

O secretário de Estado do Tesouro norte-americano, Paulo O"Neill, disse hoje que as nomeações serão importantes para devolver alguma confiança aos mercados ao afirmar que Lula «não é louco e (que) prosseguirá políticas sãs».

Lula da Silva terá como principais tarefas contrariar a queda continuada da divisa, cumprir a sua promessa eleitoral de criação de 10 milhões de empregos, bem como acabar com a fome num país de 175 milhões de habitantes.

A popularidade do antigo sindicalista tem vindo a alarmar investidores, levando a quedas quer do real quer dos títulos do Tesouro brasileiro, devido a receios de que o novo Governo venha a interromper os pagamentos de uma dívida que ascende aos 300 mil milhões de dólares (305,58 mil milhões de euros), quase o dobro do Produto Interno Bruto (PIB) português.

O título de Tesouro de referência para os mercados internacionais, a obrigação com um cupão de 8% emitida em 1994 e com vencimento em 2014, perdeu 0,84%, ou 0,48 pontos base para os 56,63% do valor facial, a que corresponde uma rentabilidade, ou «yield», de cerca de 21,5%. Em Abril passado, o«yield» situava-se nos 12%.

A divisa brasileira, que acumula uma perda anual de cerca de 40%, seguia a deslizar 0,2% para os 3,7360 reais por cada dólar.

A agência de notação Standard & Poor"s afirmou hoje que Lula precisa de mostrar «um compromisso forte e decisivo» quanto à recuperação das contas públicas da oitava maior economia do mundo.

«Estamos convencidos que, a partir do primeiro dia, podemos começar a cumprir a nossa agenda social mesmo tendo em conta as restrições orçamentais e a grave crise financeira que enfrentamos», disse Lula.

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