Notícia
Linhas do Governo são uma boa base de partida
Temos que perceber que há um dia em que os apoios às centrais térmicas vão ter de parar. E esse dia não está tão longe.
02 de Novembro de 2010 às 15:23
Presidente da APREN
O presidente da APREN e anfitrião da conferência "Electricidade Renovável" acredita que "não está tão longe como às vezes se pensa" o dia em que as centrais térmicas custarão mais a Portugal que as renováveis.
Os apoios dados às centrais térmicas vão custar mais ao país do que os subsídios dados às renováveis?
Não há uma resposta definitiva porque varia muito de ano para ano. Mas se não vão custar mais andam muito perto. Até poderá haver casos em que podem exceder. Depende de o ano ter tido muita água, muito vento... Uma coisa é certa. Hoje em dia, para mantermos as centrais térmicas viáveis, cada vez esses apoios serão maiores. E temos que perceber que há um dia em que vão ter de parar. E esse dia não está tão longe como às vezes se pensa.
Além das eólicas, Portugal tem capacidade para criar mais "clusters" industriais ligados às renováveis?
Tem e já estão criados. Os dois centros industriais criados nas eólicas (o da Enercon, centrado em Viana do Castelo, e o da Repower, entre Vagos, Oliveira de Frades e Maia). Existe um outro que está muito mais disperso e tem um grande peso, o que tem a ver com o solar, em duas vertentes: o solar fotovoltaico para produção de electricidade e os painéis solares térmicos para aquecimento de águas sanitárias. Não são "clusters" agregados num só sítio, mas já existe um grande número de indústrias espalhadas por todo o país que já empregam muita gente. Deverá haver mil empresas a trabalhar nestes dois sectores do solar, com cerca de 3 mil pessoas empregadas.
São adequadas as linhas da estratégia energética do Governo até 2020?
Eu acho que são uma boa base de partida. Acho-as pouco ambiciosas em dois sectores. Num sector considerou-se pouco a evolução que a eficiência energética pode trazer na redução do consumo de electricidade. Poderia ter-se ido mais longe. Com a política que está definida pelo Governo as centrais vão produzir mais electricidade, com excepção de um caso, que foi pouco ambicioso na potência instalada. Para mim, e para a APREN, talvez seja aí onde está a maior potencialidade de crescimento. É a energia solar. RF/MP