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Letónia recusa desvalorizar moeda

O primeiro-ministro da Letónia garante que o lat não será desvalorizado. A Letónia enfrenta uma grave pressão para acabar com o câmbio fixo que tem face ao euro desde que a 3 de Junho o Governo não conseguiu colocar nem um tostão de dívida pública, não conseguindo financiar o défice público no mercado. A queda do lat ameaça arrastar os outros países bálticos e a banca da Suécia.

Letónia recusa desvalorizar moeda
05 de Junho de 2009 às 14:23
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“Esses rumores e especulações” sobre a desvalorização do lat “têm de acabar”, afirmou o primeiro-ministro da Letónia, Valdis Dombrovkis em entrevista à televisão do país. A moeda não será desvalorizada, garantiu, e o Governo conseguirá cortar na despesa pública para obter a próxima tranche de financiamento [do FMI e da Comissão Europeia]. Declarações divulgadas pela agência noticiosa Bloomberg.

O parlamento letão aprovou ontem medidas para reduzir o défice público que atinge 9,2% do PIB e que deverão avançar a 17 de Junho. Essas medidas viabilizam os apoios da Comissão Europeia e do Fundo Monetário Internacional.

O apoio de 7,5 mil milhões de euros foi congelado devido ao agravamento do défice público letão. O Governo de centro direita está a tentar adoptar medidas que reduzam o défice público para aceder a esses recursos e evitar uma desvalorização que arrastaria os outros países bálticos e teria efeitos de primeira vaga no sistema financeiro da Suécia.

Ontem também o banco central da Letónia apelou aos líderes dos países bálticos para terem cuidado com as suas afirmações sobre as taxas de câmbio. Em defesa da moeda, as autoridades têm comprado latis e subido as taxas de juro. A taxa de juro de curto prazo ("overnight") atingiu os 140%

Com excepção da Finlândia – que integra o euro – todos os outros países da Escandinávia desvalorizaram as suas moedas em cerca de 30%, pressionando os países bálticos por razões comerciais – tornam as suas exportações mais caras e as importações mais baratas – mas também por razões financeiras.

Muitas famílias dos bálticos endividaram-se em coroas suecas e em francos suíços incentivadas pelas taxas de juro mais baixas nesses países e a fixação da taxa de câmbio. A necessidade agora de entregarem mais moeda para comprarem coroas suecas está a colocá-las numa situação difícil e a entrar em incumprimento.

A banca sueca é a que está mais exposta à crise nos bálticos, merecendo especial relevo o Swesbank e SEB. Cerca de metade do mercado de crédito da Letónia é controlado por bancos suecos.

O agravamento da crise na Letónia foi gerado pelo facto de o Governo não ter conseguido colocar 50 milhões de lats (70 milhões de euros) de bilhetes do Tesouro no dia 3 de Junho. Os CDS (‘credit default swaps) da dívida pública da Letónia ultrapassaram os 750 pontos. Os investidores recusaram-se a comprar títulos numa moeda que, parecem convencidos, vai desvalorizar face à grave situação em que a economia se encontra.

A produção (PIB) da Letónia caiu 18,6% no primeiro trimestre deste ano face a igual período do ano anterior, segundo dados do Eurostat. O défice público está em cerca de 10% do PIB e o desemprego atinge 16% da população activa.

Os outros países bálticos vivem igualmente situações complicadas mas têm um défice público mais baixo.

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