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Lagarde diz que "a melhor defesa" contra Donald Trump "é o ataque"

Perante a possibilidade de Donald Trump vir a ser novamente eleito Presidente dos Estados Unidos, Lagarde defende que a União Europeia deve garantir a nível interno, "um mercado forte e profundo, com um verdadeiro mercado único".

19 de Janeiro de 2024 às 12:19
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Perante a possibilidade de Donald Trump voltar a liderar os destinos do Estados Unidos, Christine Lagarde defende que, para a Europa, "a melhor defesa é o ataque" e que, para "atacar bem é preciso ser forte internamente". Presente no painel "The Global Economic Outlook" do Fórum Económico Mundial, em Davos, a Presidente do Banco Central Europeu sublinhou também os resultados do consumo, do emprego, do comércio e da inflação em 2023.

O tema foi levantado por Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da Organização Mundial do Comércio, que sublinhou o calendário eleitoral preenchido em 2024 a nível mundial e destacou a possibilidade de Donald Trump poder vir a assumir o seu antigo lugar na Casa Branca.

Christine Lagarde não se absteve de comentar e defendeu que,
 quando se fala de Donald Trump, "a melhor defesa é o ataque" e ser forte no ataque significa que a União Europeia deve garantir, a nível interno, "um mercado forte e profundo, com um verdadeiro mercado único".

"Deveríamos, mais importante ainda, garantir que o dinheiro que é poupado na Europa ou o dinheiro que está associado às pensões seja efetivamente investido numa união do mercado de capitais que funcione de forma eficiente para mobilizar o investimento de que tanto necessitamos para a transição para uma economia mais verde", acrescentou.

Antes, o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, assumiu uma posição semelhante, apelando a uma maior preparação para a possibilidade de Trump vir a ser eleito Presidente dos Estado Unidos através da "promoção da competitividade europeia". 

"Fazer o nosso trabalho de casa é a melhor preparação para um eventual segundo mandato de Donald Trump, e isso inclui as nossas capacidades de nos defendermos, sermos um parceiro atrativo [...] depois não importa qual a administração, se formos atrativos, se não tivermos de pedir a outros porque nós próprios temos capacidades, é a melhor maneira de cooperar, e isto é totalmente válido para ambos os resultados possíveis das eleições nos Estados Unidos", defendeu o ministro alemão.



2023 foi ano de "normalização" no consumo, inflação e comércio


Christine Lagarde diz que 2023 foi o ano do "início da normalização" na economia global depois de um período "estranho, extraordinário e difícil de analisar em muitos aspetos". Impedida de "falar sobre as coisas em que passa 100% do seu tempo" por ter agendada uma reunião de política monetária na próxima quarta e quinta-feira, Lagarde escolheu o termo "normalização" para resumir as tendências económicas do último ano.

Quando olhamos para o consumo, diz, este "continua a ser uma força motriz do crescimento", apesar de o "vento de cauda estar a desaparecer gradualmente". O mercado de trabalho, sublinha, apesar de continuar "muito estranho e extremamente apertado" está um "pouco menos sufocante". "Alguns dos índices que utilizamos para identificar a relação, em particular, entre vagas e desemprego estão a mudar gradualmente. Portanto, o mercado de trabalho está menos apertado", frisou.

A líder do BCE destaca também a "abundância" das poupanças e também a diminuição do excesso de poupança no mundo, "nas economias avançadas em particular". 

"A segunda coisa que também está a começar a normalizar [...] é o comércio. O comércio diminuiu e foi fortemente afetado por esta questão dos bens vs. serviços ao longo dos últimos dois anos anteriores a 2023, mas está agora a começar a recuperar realmente. Em outubro, tivemos números do comércio global que, pela primeira vez em muitos meses, subiram, e o padrão do comércio está a mudar", acrescentou.

Por último, Lagarde sublinhou o tema que lhe é mais caro: a inflação. A Presidente do BCE destacou a forma como a "inflação está a descer". "Vimo-lo mais uma vez em novembro, tanto a inflação global como a inflação subjacente. Por isso, chamo a isto a normalização que observámos em 2023", sublinhou.
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