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Um até sempre João Pinto e Castro

Economista, empresário, professor, blogger e colunista no Jornal de Negócios, João Pinto e Castro morreu esta madrugada em Lisboa. Perdemos quem pensava Portugal e a economia. E a blogosfera ficou também mais pobre

14 de Junho de 2013 às 17:09
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“Eu ainda gostaria de dizer alguma coisa relativamente ao que tem sido dito aqui”. É a última frase escrita por João Pinto e Castro no twitter entre conversas sobre Friedman, a austeridade e o Benfica. Ficamos sem saber o que queria dizer ainda João

 

“Memorando para a salvação do capitalismo” em sete passos foi o seu último artigo no Negócios que não partilhou como costumava fazer no seu blogue Provador de Venenos. O que escreve logo no primeiro parágrafo é a imagem das suas convicções, dos debates e dos escritos com que nos habitou na blogosfera. “Quem reconhece os méritos do capitalismo como máquina geradora de bem- estar deve simultaneamente aceitar que eles só ocorrem no quadro de uma sociedade organizada respeitadora da dignidade humana, sem esquecer que antes dos direitos dos produtores e dos consumidores estão os dos cidadãos”

 

Todos os dias sabíamos que encontrávamos o João no twitter com quem se ia conversando ao sabor de 140 caracteres sobre os dias que corriam, a política de austeridade que criticou desde o primeiro momento, o programa da troika, a economia, a política. Ou que podíamos ler as suas análise, ver os vídeos, fotografias ou as suas músicas nos blogues,  “bl-g- -xst-“, um dos mais conhecidos, o “Sangue, Suor e Lágrimas” e o “Provador de Venenos”, além da sua participação no Jugular.

 

A blogosfera foi o espaço onde muitos de nós o conhecemos, pelos seus escritos nasceu a curiosidade de o conhecer. Como se escreve no Jugular, quando depois o conhecíamos descobríamos que  "É um senhor, mesmo com ar de senhor e tudo".  Quando se lia João Pinto e Castro, a sua critica certeira mas jovial, o espaço que enchia na blogosfera, não se conseguia imaginá-lo com “ar de senhor”.

 

No Facebook, no Twitter, na blogosfera espalha-se o adeus a João Pinto e Castro. 

Ana Gomes no twitter  “Calou-se João Pinto e Castro, iluminado combatente contra velhas e novas opressões”. É apenas uma das vozes em muitas que diz adeus a João Pinto e Castro 

 

No mundo dos blogues  Irene Pimentel no Jugular Eras assim na minha memória

Maria João Marques em O Insurgente May he rest in peace

Ou no Aventar, “Algures neste blogue repousam umas trocas de mimos a tender para o vernáculo entre alguns de nós e o João Pinto e Castro, algumas minhas, é para isso que cá andamos. Divergências à parte tratava a língua portuguesa com mestria e tinha um sentido de humor notável”

 

No Ladrão de Bicicletas com a assinatura de João Rodrigues a escrever o que muitos de nós gostaria de ter escrito “Perdemos um dos raros economistas que qualificava o debate público nacional”.

 

Ia fazer 63 anos dia 8 de Agosto de 2013. Nasceu no Porto. É licenciado em Economia, doutorado em marketing. Professor, empresário, economista, pensador. Fez parte dos movimentos estudantis antes do 25 de Abril. Emanuel Santos conheceu-o na revista o Tempo e o Modo, dos movimentos católicos progressistas.

 

Já não vamos encontrar no serão, já não vamos retuitar ou comentar, contra-argumentar. Até sempre João Pinto e Castro. Nos seus escritos, nos seus argumentos e contra-argumentos, nos 140 caracteres ou nos 3.500 ou no milhares que os livros exigem.

 

 

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