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JMJ: Quem são, como vivem e que hábitos têm os jovens portugueses?

Representam cerca de 10% da população portuguesa e são frequentemente apelidados de geração mais qualificada de sempre. Mas serão mesmo? E que salários auferem e que uso fazem da tecnologia? Os dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos dão umas pistas.

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Yves Herman/Reuters
31 de Julho de 2023 às 00:01
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São cada vez menos, mas mais qualificados. Vivem até mais tarde com os pais e apresentam cada vez mais dificuldades no acesso à habitação e emprego. Assim são os jovens portugueses, segundo um retrato feito da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) por ocasião das Jornadas Mundiais da Juventude, que decorrem de 1 a 6 de agosto em Portugal.

A iniciativa surge depois da FFMS ter feito um retrato da população com 65 e mais anos, no início de julho, e serve de ponto de partida para se perceber como são os jovens portugueses entre os 15 e os 24 anos, que representam cerca de 10% da população e que, em 2022, eram ao todo 1.086.544.

Primeiro, os dados reunidos pela FFMS revelam que o total de jovens portugueses tem vindo a diminuir acentuadamente. Em comparação com 1961, a percentagem de jovens diminuiu 6 pontos percentuais, "refletindo quer a redução das taxas de natalidade, quer o aumento da esperança média de vida, ao longo das décadas". Dos 1.086.544 jovens que residiam em Portugal no ano passado, 51% eram do sexo masculino e 49% do sexo feminino. 

Portugal é o décimo país da União Europeia (UE) com maior proporção de jovens nestas idades, ligeiramente abaixo da média europeia (11%). A Irlanda (13%), os Países Baixos (12%) e a Dinamarca (12%) aparecem nos lugares cimeiros, enquanto na República Checa e Bulgária (9% ambas) os jovens pesam menos no total da população. Ao todo, havia cerca de 47 milhões de jovens na UE no ano passado.



Olhando para os jovens portugueses, verifica-se que um em cada dez nasceu no estrangeiro. Segundo os Censos de 2021, cerca de 71 mil jovens a residir em Portugal (6% do total desta faixa etária) são estrangeiros: 40% são brasileiros, 8% angolanos e cabo-verdianos, respetivamente, e 5% são da Guiné-Bissau. E, desde 2019, entram no país mais jovens do que aqueles que saem para viver no estrangeiro.

Mais qualificados mas com menos acesso ao emprego
Em termos de escolaridade, um em cada 10 jovens entre os 20 e os 24 anos tem, no máximo, o 9.º ano de escolaridade. Já 6 em cada 10 concluíram o Ensino Secundário e quase 3 em cada 10 têm o Ensino Superior.

"Somando o Ensino Superior com o Secundário, 9 em cada 10 jovens têm, no mínimo, o Ensino Secundário, quando a média europeia é de 84%", indica a FFMS, acrescentando que "foi em 2020 que Portugal ultrapassou a média europeia relativa aos jovens que têm, pelo menos, o Ensino Secundário completo".



Há vinte anos, Portugal era o segundo país do euro com maior taxa de abandono escolar (45%), mas atualmente ocupa o oitavo lugar (6% em 2022), o que revela que "a queda dos números do abandono escolar também contribui para este cenário positivo na educação". Os rapazes continuam ainda assim a abandonar mais os estudos do que as raparigas (8% vs. 4%).

Apesar da melhoria das qualificações, as preocupações com o acesso à habitação e ao emprego continuam a afetar os jovens. Os dados reunidos pela FFMS revelam que seis em cada 10 empregados têm vínculos de trabalho precários, e Portugal é o sétimo país da UE com maior taxa de desemprego jovem, afetando "um em cada cinco jovens no mercado de trabalho".



Cerca de sete em cada 10 jovens entre os 16 e os 24 anos são inativos, ou seja, não empregados nem à procura de emprego, e três em cada 10 estão no mercado de trabalho, como empregados ou desempregados.

Isso faz com que a esmagadora maioria dos jovens (95%) vivia com os pais. Segundo a FFMS, esse valor "traduz uma mais difícil independência, sobretudo considerando que este valor era de 86% em 2004". A idade média de saída de casa dos pais era aos 30 anos, mais três anos do que a média europeia.

Comparando com a UE, Portugal é o quarto país, a seguir à Itália (97%), Croácia (96%) e Espanha (96%), em que mais jovens vivem com os pais. O valor fica ainda acima da média europeia (83%). 



Com melhores hábitos de saúde mas mais ligados à Internet
Os dados revelam ainda que quase um em cada quatro jovens (246 mil) estão em situação de pobreza ou exclusão social. O valor fica abaixo do verificado na UE (27%) e, segundo a FFMS, "a taxa de risco de pobreza ou exclusão social é sempre superior entre os jovens quando comparada à população em geral", tendo em conta os dados registados desde 2015. 

Questionados sobre o seu estado de saúde, 86% dos jovens avaliam-no como "bom ou muito bom". Porém, dois em cada 10 jovens têm excesso de peso ou são obesos (19%) e um em cada 3 não praticam exercício físico. Ainda assim, os dados revelam uma melhoria, dado que, em 2019, 40% dos jovens admitiam que não faziam qualquer exercício físico.

Os hábitos de saúde têm também melhorado entre os jovens. Quase metade dos jovens dizem não consumir álcool e 19% admitem beber diariamente. Quanto ao tabaco, 88% dos jovens também dizem não fumar e apenas 9% fumam diariamente. 

Em 2021, a FFMS dá conta de que morreram 312 jovens: 224 do sexo masculino e 88 do sexo feminino. "As principais causas de morte entre os homens são os acidentes de transporte (25%), o suicídio (12%) e o cancro (12%); entre as mulheres, são o cancro (25%) e os acidentes de transporte (11%)", indica.

Os dados revelam ainda que os jovens portugueses têm competências digitais acima da média europeia (86% vs. 71% da média europeia). Quase todos os jovens portugueses utilizam diariamente a internet (99,5%) e Portugal é o quinto país da UE onde os jovens mais usam a Internet para ir às redes sociais, e para ler notícias online. Por outro lado, os jovens portugueses caem para décimo lugar quando se trata de usar a Internet para participar em atividades cívicas ou políticas.

Sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, os Censos de 2021 revelam que sete em cada 10 jovens afirmam ser católicos e dois em 10 dizem não ter religião.
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