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Jacques Chirac cede hoje poderes a Nicolas Sarkozy

O conservador Nicolas Sarkozy assume hoje a Presidência da França numa cerimónia de transferência de poderes do seu predecessor, o neo-gaullista Jacques Chirac, que deixa o Eliseu após 12 anos no cargo e quatro décadas na política.

16 de Maio de 2007 às 09:15
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O conservador Nicolas Sarkozy assume hoje a Presidência da França numa cerimónia de transferência de poderes do seu predecessor, o neo-gaullista Jacques Chirac, que deixa o Eliseu após 12 anos no cargo e quatro décadas na política.

A cerimónia no Eliseu, que começa às 11h00 horas locais (10h00 em Lisboa), foi minuciosamente preparada pelas equipas do presidente cessante e do futuro chefe de Estado, segundo um ritual republicano em que se introduziu uma novidade. Trata-se da homenagem que Sarkozy, vigésimo terceiro presidente da França e sexto da Quinta República, renderá à tarde, no Bosque de Bolonha, perto de Neuilly, localidade onde foi presidente da Câmara, a 35 jovens resistentes mortos pela Gestapo em Agosto de 1944, pouco antes da libertação de Paris.

Depois, e para mostrar que a "França está de volta à Europa", como disse no dia da sua vitória sobre a socialista Ségolène Royal nas eleições de há dez dias, Sarkozy desloca-se a Berlim para debater com a chanceler e presidente de turno da UE, Angela Merkel, sobre o relançamento do processo institucional, paralisado desde o "não" francês e holandês à Constituição europeia em 2005.

Na terça-feira à noite, no seu adeus emitido pela rádio e televisão aos franceses, em que expressou o seu "orgulho pelo dever cumprido" e a sua "confiança no futuro da França", Chirac, 74 anos, desejou sorte a Sarkozy, 52 anos, e mostrou-se convencido de que este "terá empenho na condução do país nos caminhos do futuro".

A passagem de poderes, transmitida em directo pela televisão, começará com a chegada de Sarkozy ao Eliseu, onde cruzará o pátio de honra e passará revista à Guarda Republicana, antes de Chirac lhe dar as boas vindas na escadaria.

O programa prevê uma reunião no gabinete presidencial, no qual Chirac entregará ao seu sucessor os códigos secretos de activação das armas nucleares da França, uma das principais prerrogativas e responsabilidades do chefe de Estado.

Sarkozy acompanhará depois o seu antecessor e ex-mentor até à saída, que este último franqueará de carro. Depois de receber as insígnias da Grande Cruz da Legião de Honra num dos salões do Palácio, começara a cerimónia propriamente dita de investidura do presidente eleito.

No salão das recepções e perante o primeiro-ministro demissionário, o chiraquiano Dominique de Villepin, que terça-feira entregou a sua renúncia e do seu Governo a Chirac, e os presidentes das duas câmaras do Parlamento, o presidente do Conselho Constitucional, e também chiraquiano Jean-Louis Debré, proclamará solenemente Sarkozy como presidente da República. A tradição prevê que o novo chefe de Estado receba no acto o Colar de grão-mestre da Legião de Honra. Eleito sob a promessa de "mudança", Sarkozy pronunciará então, por volta do meio-dia, o seu primeiro discurso como presidente, uma alocução que deverá durar dez minutos, antes de saudar os presentes (altos cargos, o decano do corpo diplomático e os seu convidados pessoais, incluindo a sua família e personalidades mais chegadas).

Após a Marselhesa e uma salva de 21 tiros de canhão nos Inválidos, Sarkozy passará revista à Guarda Republicana.

Às 14.00 horas (13:00 em Lisboa), o novo presidente subirá pelos Campos Elísios num descapotável (um protótipo do modelo 607 de Peugeot), escoltado pela Guarda Republicana, até ao Arco do Triunfo para reavivar a chama na tumba do Soldado Desconhecido e depositar coroas de flores frente às estátuas de Georges Clémenceau e do general Charles de Gaulle. Após este ritual aparece a novidade: a homenagem de Sarkozy aos 35 jovens resistentes fuzilados pelos nazis durante a noite de 16 para 17 de Agosto de 1944.

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